Nenhuma nação pode permitir-se ignorar a metade de sua população.
Essa é a premissa da resolução 1325 do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre o Programa Mulheres, Paz e Segurança. É bom lembrar disso no Dia Internacional da Mulher.
Em 2017, o Congresso dos EUA aprovou a Lei das Mulheres, Paz e Segurança, que pedia que os Estados Unidos “fossem um líder mundial para promover a significativa participação das mulheres na prevenção, gestão e resolução de conflitos”.
Essa premissa está no coração da Estratégia sobre Mulheres, Paz e Segurança dos EUA. “Os governos que não tratam as mulheres igualmente não permitem que suas sociedades alcancem seu máximo potencial, [enquanto] as sociedades que empoderam as mulheres para que participem totalmente da vida cívica e econômica são mais prósperas”, diz a estratégia.
Embora Mulheres, Paz e Segurança seja um esforço integral do governo, o Departamento de Defesa (DOD, em inglês) dos EUA tem um importante papel. O DOD mantém um programa abrangente para Mulheres, Paz e Segurança, mas é nos comandos combatentes onde o programa é criado para atender às necessidades dos EUA e das nações parceiras.
O Comando Sul dos EUA tem promovido energicamente o programa e já está avançando nessa parte relativamente nova da estratégia.
A Tenente-Coronel da Força Aérea dos EUA Duilia Mora Turner é a chefe do programa Mulheres, Paz e Segurança no comando, que abrange a América Central, a América do Sul e a maioria das nações do Mar do Caribe. O Almirante de Esquadra da Marinha dos EUA Craig S. Faller, comandante do SOUTHCOM, foi um dos primeiros a propor o programa e o atribuiu à embaixadora Jean E. Manes, sua vice-comandante civil.
O comando hemisférico parece ter sido feito para o programa: a maioria das nações são democracias e todas têm disposições que defendem a igualdade de direitos. A maior parte das forças armadas da região têm integrantes mulheres.
A Ten Cel Turner disse que o comando vê o programa como uma capacidade. “Nenhum comandante no mundo, especialmente aqui nos Estados Unidos, quer tomar uma decisão baseando-se em apenas 50 por cento da informação”, declarou ela em uma entrevista. “Assim sendo, quando consideramos que estatisticamente cerca de 50 por cento da população mundial é de mulheres, é primordial que incluamos essa perspectiva em tudo aquilo que fazemos.”
Essa perspectiva deve fazer parte das decisões nos países e no comando. De orçamentos a recursos, exercícios, operações e inteligência, os comandantes devem “enxergar através das lentes do gênero” para garantir que o SOUTHCOM não seja apanhado de surpresa por não ter levado em consideração as perspectivas de gênero, disse ela.

Até certo ponto, trata-se de uma mudança na cultura militar. “Uma das premissas na qual queremos expandir o programa no SOUTHCOM é que Mulheres, Paz e Segurança não seja uma coisa que nós fazemos, e sim o modo como pensamos”, disse a Ten Cel Turner.
O programa não é um evento ou uma atividade única, mas algo que “cada membro de equipe, cada componente, cada gabinete de cooperação de segurança e nossos parceiros” devem levar em conta quando trabalhamos juntos.
O programa não é um evento ou uma atividade única, mas algo que “cada membro de equipe, cada componente, cada gabinete de cooperação de segurança e nossos parceiros”, Tenente-Coronel da Força Aérea dos EUA Duilia Mora Turner é a chefe do programa Mulheres, Paz e Segurança do SOUTHCOM.
A maneira como as Forças Armadas dos EUA lidam com as mulheres em suas fileiras é parte disso. “Queremos ser um modelo de função para nossos parceiros, mostrar que somos uma força diversificada e inclusiva”, afirmou a Ten Cel Turner. “É com orgulho que dizemos, ao abordarmos a segurança dos EUA, que não há trabalhos que tenham limitações para as mulheres.”
Isso é importante, pois dados mostram que quando as nações têm menores lacunas de gênero, há menos corrupção e mais confiança nos governos”, disse a Ten Cel Turner.
A oficial enfatiza que o programa não se adequa a todos os parceiros. Algumas nações na área do SOUTHCOM estão mais à frente do que outras. Ela diz que o que funciona na Colômbia – um país que exporta segurança – é diferente do que funciona em Honduras, e que um programa elaborado para Trinidad e Tobago pode não ser aceito no Equador.
O SOUTHCOM adapta o programa para capitalizar as diversas funções que as mulheres desempenham para evitar e resolver conflitos, combater o terrorismo e o extremismo violento, além de promover a paz pós-conflitos e a estabilidade do hemisfério.
“Acho realmente que o SOUTHCOM tem a capacidade de ser o padrão de excelência no que diz respeito a Mulheres, Paz e Segurança, não como uma empreitada do SOUTHCOM, mas porque as nações de toda a região entendem os benefícios”, declarou a Ten Cel Turner.