A Marinha do Brasil e de mais 32 países dos continentes americano, africano e europeu participaram do 12º Obangame Express, o maior exercício marítimo multinacional na África Ocidental e Central, conduzido, de 23 de janeiro a 3 de fevereiro, pelas Forças Navais dos EUA na África (NAVAF) e patrocinado pelo Comando Africano dos EUA. O treinamento, com várias ações no mar e na terra em todo o Golfo da Guiné e no Oceano Atlântico Sul, teve como sede Lagos, capital da Nigéria, que mantém a maior marinha na região e é fundamental para a segurança e estabilidade na África.

O Obangame Express 2023 proporcionou uma oportunidade aos países participantes de coordenar de ações contra crimes como pirataria, tráfico de drogas, roubo armado, terrorismo no mar, sequestro de pessoas e pesca ilegal, em águas críticas para a prosperidade da África. O exercício visa ainda aprimorar a cooperação regional, as práticas de compartilhamento de informações e o conhecimento tático das nações participantes, além de englobar a promoção de ações sociais e de apoio à política externa.
Entre as ações, houve trocas de técnicas de embarque, operações de busca e salvamento, resposta a acidentes médicos, comunicação por rádio e técnicas de gerenciamento de informações, simulações de abordagem a embarcações envolvidas em ilícitos e treinamento com armas portáteis sobre alvos fixos e rebocados.
A Marinha do Brasil, que participou com o Navio-Patrulha Oceânico “Araguari”, comandado pelo Capitão de Fragata Marcio Jorge dos Santos, afirmou, em um comunicado, que a operação demonstrava, uma vez mais, o engajamento decidido do país com a agenda de paz e segurança internacional e com a segurança marítima no Atlântico Sul. “O Brasil consolida sua cooperação militar e em assuntos de segurança marítima com Angola e com os demais países da região. O Brasil reafirma também sua vocação atlântica, seu compromisso com a Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS) e com a segurança no Golfo da Guiné”, diz o comunicado.
Já a Marinha dos EUA explicou em nota publicada em sua página na internet que o Obangame é um dos três exercícios regionais facilitados pela NAVAF e oferece oportunidades de colaboração para as forças americanas e africanas e parceiros internacionais para abordar preocupações marítimas transnacionais compartilhadas.
“O exercício Obangame Express 23 oferece uma excelente oportunidade para fortalecer a cooperação regional e compartilhar táticas, técnicas e procedimentos para deter os desafios de segurança marítima transnacional”, disse o Contra-Almirante Chase Patrick, diretor da Sede Marítima da NAVAF, em um comunicado. “Juntos, estamos criando um ambiente marítimo mais seguro, protegido e economicamente próspero para as nações costeiras da África e a comunidade global”, completou o C Alte Patrick.

Além do Brasil, participaram do treinamento Alemanha, Angola, Bélgica, Benin, Cabo Verde, Camarões, Canadá, Costa do Marfim, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, França, Gabão, Gâmbia, Gana, Guiné-Bissau, Holanda, Itália, Libéria, Marrocos, Namíbia, Nigéria, Polônia, Portugal, República Democrática do Congo, São Tomé e Príncipe, Senegal, Serra Leoa e Togo, além da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental e Comunidade Econômica dos Estados da África Central.
A área do Golfo da Guiné, onde ocorreram os exercícios, é vasta, estendendo-se do Senegal a Angola e cobrindo aproximadamente 6.000 km de costa, sendo uma das zonas marítimas críticas do mundo. Tudo, desde petróleo e gás até mercadorias da África Central e Austral, flui por esta região, juntamente com os cerca de 1.500 navios de pesca, navios-tanque e cargueiros que pontilham suas águas diariamente. As águas são um dos ativos econômicos mais importantes da África Ocidental e, portanto, um dos mais explorados por atores ilícitos.
“A atividade marítima ilícita ameaça os esforços de desenvolvimento regional, enfraquece a segurança do Estado e rouba de nossos parceiros africanos os preciosos recursos dos quais dependem para o crescimento econômico e a governança eficaz”, disse o Almirante de Esquadra Stuart B. Munsch, comandante das Forças Navais dos EUA na Europa e na África. “O exercício Obangame Express é uma oportunidade importante para melhorar nossas capacidades coletivas, construir confiança entre nossas nações e promover a estabilidade em uma parte vitalmente importante do mundo.”
O ministro da Defesa de São Tomé e Príncipe, Jorge Amado, disse que o exercício serviria para incrementar e dinamizar a cooperação entre os países participantes. “Vai criar maior comunicação entre os países e paz na região”, afirmou.