Durante um evento do Grupo de Escritores de Defesa em Washington, no dia 6 de outubro, o Almirante de Esquadra da Marinha dos EUA Craig S. Faller disse que percebeu que a Rússia, China, Irã e Cuba estão operando em diferentes capacidades na área de responsabilidade do Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM).
Rússia
A Rússia, disse o Alte Esq Faller, está ajudando a promover o regime de Nicolás Maduro na Venezuela com a venda de armas e assistência em segurança. Eles também operam em outros lugares, acrescentou.
“Estão tradicionalmente relacionados com países da região quanto à venda de armas, o que continua a acontecer especialmente na Venezuela [e] na Nicarágua”, declarou o Alte Esq Faller. “A Rússia enviou bombardeiros com capacidade nuclear, bem como o seu mais avançado navio de guerra, capaz de detonar mísseis nucleares em toda a região, tudo isso no ano passado. A Rússia já prestou assistência significativa à Venezuela.”
Centenas de russos – tanto militares como empreiteiros – estão na Venezuela “ajudando Maduro a manter seu reinado de terror na nação”, acrescentou o Alte Esq Faller. Na Nicarágua, a Rússia mantém um centro de treinamento de combate às drogas e ao terrorismo “com propósitos duplos duvidosos”, disse aos escritores de defesa.
As operações de informação russas são fortes na América do Sul também, com uma grande presença da mídia de língua espanhola. “É a maior operação da Rússia em outro idioma, fora da Rússia”, revelou. “Está recolhendo muitas informações naqueles espaços, para depois divulgar desinformação.”
O Alte Esq Faller lembrou que em uma ocasião estava em Washington, reunindo-se com parlamentares, e os veículos de propaganda russos informaram que ele estava na fronteira entre Colômbia e Venezuela planejando uma invasão à Venezuela.
China
A China tem verdadeiros interesses econômicos na região, disse o Alte Esq Faller, mas o país também está envolvido profundamente na área de informação, incluindo tecnologia de informação, âmbitos cibernéticos e espaciais.
“Suas vendas de armas cresceram”, disse. “Eles enviaram alguns recursos, o que cresceu de forma consistente nos últimos anos. Também estão incrementando o seu engajamento militar.”
O Alte Esq Faller comentou que os chineses fundaram escolas e centros de treinamento em espanhol e, além das vendas militares, forneceu equipamentos a diversas nações.
Há uma evidência significativa dos investimentos nos sistemas de armas chineses e russos na área de responsabilidade do SOUTHCOM, disse o Alte Esq Faller. “As vendas dos sistemas de armas russos envolvem bilhões e as da China estão crescendo. A China também está oferecendo gratuitamente uma grande quantidade de equipamento militar aos […] parceiros. Na medida em que isso prejudica as parcerias com os EUA e contribui para a instabilidade […], representa uma preocupação para a segurança dos EUA.”
Dezenas de projetos chineses de infraestrutura na América do Sul estão aumentando a instabilidade, disse o Alte Esq Faller, ressaltando que a China está trabalhando em 56 negociações portuárias na região. Algumas dessas negociações estão atadas a acordos de arrendamentos onerosos e alguns desses acordos deixaram as nações anfitriãs com pouco acesso e pouco controle sobre o que os chineses construíram.
Em uma nação parceira, declarou, uma estrada construída pelos chineses tem um contrato de arrendamento de 99 anos, onde a China tem direitos de propriedade territorial de ambos os lados. “São milhares de acres, e eles têm a capacidade para controlar os pedágios naquela estrada durante 99 anos”, disse o Alte Esq Faller. “Esse é o preço que se paga por deixar que os chineses cheguem e construam uma estrada. Estamos monitorando isso de perto com atenção; isso gerou um caráter de urgência que eu sinto em relação à segurança em geral.”
Cuba
Enquanto a Rússia tem centenas de pessoas na Venezuela, Cuba tem milhares, disse o Alte Esq Faller. Na realidade, disse aos escritores, 100 por cento da “guarda palaciana” venezuelana que protege Maduro é composta por cubanos.
Irã
Quanto à atividade terrorista, a influência e a presença iraniana são sentidas na América do Sul, declarou.
“Descobrimos planos terroristas”, revelou. “Sabemos que há uma presença significativa do Hezbolá libanês em toda a região, com conexões com membros do Hezbolá no Líbano e no Irã […]. A mão iraniana está aí. O Irã é o maior patrocinador estatal do terrorismo do mundo. E o longo braço da malignidade iraniana está vivo e presente no mundo inteiro, não apenas no Oriente Médio. Estamos constantemente vigiando isso, junto com os parceiros interagenciais.”
Chave para combater as ameaças
O Alte Esq Faller disse que o fortalecimento das parcerias dos EUA na área de responsabilidade do SOUTHCOM é essencial para combater as ameaças da Rússia, China, Irã e Cuba.
A melhor abordagem é trabalhar com essas nações parceiras, conhecer suas necessidades e determinar como essas necessidades apoiam a defesa do hemisfério e dos Estados Unidos, disse. “É nisso que nos concentramos”, acrescentou. “E as coisas são diferentes de um país a outro.”