Há uma informação de inteligência que garante que uma embarcação transportará uma grande quantidade de cianeto de hidrogênio para a Isla Roja e que a substância venenosa e inflamável está em frascos com etiquetas falsas. Existe o risco de que o composto possa ser utilizado em atividades terroristas. Depois de uma operação conjunta, especialistas militares e civis da Argentina, Chile, Colômbia, Estados Unidos, Panamá e Paraguai conseguiram deter a embarcação com a matéria-prima, que poderia constituir um grande desafio para a segurança da América do Sul.
Esse exercício simulado baseado em um mapa imaginário foi o cenário do Exercício Teórico Multilateral de Contraproliferação 2019, no âmbito da Iniciativa de Segurança contra a Proliferação (PSI, em inglês). A operação regional localizava seis países identificados por nomes de cores na Isla Roja e foi projetada e organizada através de um trabalho combinado do Ministério da Defesa da Argentina com o Departamento de Defesa dos EUA, em Buenos Aires, de 11 a 13 de junho. O Brasil participou como observador.
A PSI inclui mais de 100 países para evitar o tráfico de armas de destruição em massa (WMD, em inglês), seus componentes e materiais relacionados. Com essa iniciativa, os Estados membros estabelecem a cooperação e desenvolvem ferramentas legais, diplomáticas, econômicas, terrestres e marítimas para combater os fluxos de WMD que ameaçam a segurança da comunidade internacional. A Argentina entrou na organização em 2005.
Durante o exercício, os representantes dos países convidados trabalharam na mesa de interdição marítima, exportação ilícita e de trânsito de matéria-prima para armas químicas, para combater sua proliferação, disse à Diálogo Hugo Armellino, diretor nacional do Gabinete da Controladoria de Materiais Sensíveis do Ministério da Defesa da Argentina.
“Os casos apresentados pelos Estados Unidos foram motivo de análise e uma oportunidade para compartilhar com outros países da região as experiências para se realizar uma interdição, desde a análise da origem da informação até a legislação e as autorizações que a ação requer”, disse à Diálogo o General de Brigada (R) do Exército Argentino Guilermo Sevilla, coordenador do exercício PSI 2019.
“Existem materiais de uso duplo que, ao ficarem sob o controle de agentes não oficiais, grupos terroristas ou do crime organizado, constituem um sério risco para a sobrevivência da humanidade”, comentou o Gen Bda Sevilla. “As organizações terroristas utilizam as WMD em pequena escala para alcançar seus objetivos. Podem existir grupos criminosos que pratiquem extorsão contra um Estado, organização ou indivíduo com a ameaça da sua utilização, caso não aceitem suas condições”, acrescentou.

A capacidade para interceptar carregamentos abrange um amplo leque de convênios, tratados e acordos multilaterais e bilaterais, bem como resoluções da ONU. “Essa é uma tarefa para cada país membro da PSI com controles produtivos, comerciais e financeiros, para impedir, ou pelo menos dificultar, a atuação dessas organizações”, disse o Gen Bda Sevilla.
Além de conhecer a magnitude da ameaça das WMD, a inovação dos grupos terroristas, a proliferação financeira, o funcionamento das forças armadas diante de um caso de carregamentos perigosos e de trabalhar com ferramentas concretas, os especialistas militares e civis decidiram otimizar os exercícios. Cada país permitiu que suas embarcações ou aeronaves fossem vistoriadas se houvesse a presunção de transporte de armas de destruição em massa.
Além disso, existe o compromisso para fortalecer o intercâmbio de dados sensíveis e o controle de suas exportações. “Em todos os casos é necessário que haja uma legislação para amparar as forças armadas e as de segurança, que devem atuar de acordo com o direito para cumprir sua função de interceptação, seja ela em um cenário terrestre, marítimo, fluvial ou aéreo”, concluiu o Gen Bda Sevilla.