As capacidades militares únicas da Força-Tarefa Conjunta-Bravo (FTC-Bravo), uma força-tarefa sob o Comando Sul dos EUA, localizada na Base Aérea de Soto Cano, Honduras, estão com nova liderança. O Coronel do Exército dos EUA Keith McKinley assumiu o comando da FTC-Bravo em 10 de julho para dirigir seus cinco comandos de apoio, oito diretorias, uma equipe variada e muitos compromissos multinacionais.
O Cel McKinley traz com ele as lições aprendidas em experiências anteriores, como a do seu posto anterior de vice-chefe de equipe – G3 para o Exército dos EUA, em Camp Zama, Japão. Agora, seu foco principal é promover relacionamentos mais fortes entre as nações parceiras da América Central e a FTC-Bravo.
A força-tarefa consiste em um estado-maior e cinco comandos de apoio à missão: o 1o Batalhão, o 228º Regimento da Aviação, o 612o Esquadrão da Base Aérea, o Batalhão de Apoio Conjunto/Forças Armadas, as Forças de Segurança Conjuntas e um Elemento Médico. Ela atua em uma base aérea avançada preparada para C-5, com operação ininterrupta em qualquer clima, oferece assistência humanitária e ajuda em desastres, executa exercícios multilaterais com nações parceiras na América Central, sincroniza operações com redes de ameaça transnacionais e transregionais (T3N, por sua sigla em inglês) e prepara parceiros para promover a cooperação e a segurança regional.
Depois de dois meses na nova atribuição, a Diálogo conversou com o Cel McKinley sobre seus esforços militares, exercícios multilaterais, projetos de parceria e esforços regionais no combate às T3N.
Diálogo: Qual é o foco dos seus esforços militares como novo comandante da FTC-Bravo?
Coronel Keith McKinley: Primeiramente, estabelecer relacionamentos. O que estou aprendendo nesse curto período até agora é que os relacionamentos são fundamentais, não apenas com o Departamento de Defesa, mas também com interagências dos Estados Unidos e, o mais importante, com as nossas nações parceiras.
Diálogo: Quais são seus objetivos específicos no curto, médio e longo prazo?
Cel McKinley: A princípio, estabelecer fortes relacionamentos com as nossas nações parceiras e manter contato com elas. Por exemplo, eu me encontrei com o General-de-Exército Francisco Isaías Álvarez Urbina [chefe do Estado-Maior das Forças Armadas de Honduras] há algumas semanas e, em breve, estarei na Guatemala. Trata-se realmente de entender todos os principais líderes na América Central. Mais à frente, o objetivo é o de descobrir como a FTC-Bravo pode maximizar nossos recursos para ajudar esses parceiros a atingir seus objetivos na América Central.
Diálogo: Como a sua experiência anterior preparou o senhor para esta função? E quais lições o senhor trouxe para essa função, em particular, depois de atuar como vice-chefe de equipe para o Exército dos EUA no Japão?
Cel McKinley: É interessante, pois nos últimos três anos, minha experiência foi no Comando Pacífico dos EUA (USPACOM, por sua sigla em inglês) e, antes disso, nas guerras, com o Comando Central dos EUA (USCENTCOM, por sua sigla em inglês). Essa é a minha primeira atribuição no SOUTHCOM. Meu último trabalho no Japão e minha experiência no Colégio de Guerra Naval me ajudaram a entender e operar com um foco mais estratégico. Estamos organizados taticamente na FTC-Bravo – helicópteros, forças de segurança, equipe médica e bombeiros – e meus trabalhos anteriores me ensinaram como usar esses recursos táticos para alcançar efeitos estratégicos.
Aqui no campo de trabalho, preciso entender qual é o ponto de vista do comandante do SOUTHCOM, o Almirante-de-Esquadra da Marinha dos EUA Kurt W. Tidd, para a área de atuação e, depois, sincronizar meus recursos táticos para alcançar efeitos estratégicos. Acredito que é, realmente, o que aprendi na Força Terrestre de Autodefesa do Japão durante a minha última atribuição. Os japoneses têm uma força militar muito capacitada, com forte foco estratégico.
Diálogo: Qual é a sua maior preocupação em termos de segurança na América Central?
Cel McKinley: São as redes de ameaça operando na América Central. O que vemos com o passar dos anos são as redes se tornando mais poderosas. E não são apenas drogas. Existem cartéis, que são temíveis, mas também vemos áreas com tráfico humano, contrabando de armas, falsificação e outras áreas ilícitas por onde as redes de ameaças estão expandindo sua influência.
Diálogo: O que o senhor espera alcançar com os países na área de operações conjuntas da FTC-Bravo, quer seja por meio de exercícios, projetos-chave ou por qualquer outro tipo de envolvimento?
Cel McKinley: O que espero alcançar é um nível mais alto de sincronização e integração da força conjunta em toda a América Central. Acredito que o SOUTHCOM fica fortalecido quando sincronizamos nossa capacidade e nossos recursos conjuntos. Por exemplo, aqui na Base Aérea Soto Cano, temos os fuzileiros navais dos EUA, com suas capacidades exclusivas e específicas. Também temos helicópteros do Exército, forças de segurança e logística. Temos até bombeiros da Força Aérea dos EUA. O efeito que pretendo alcançar na América Central é maximizar nossas capacidades exclusivas para atingir efeitos estratégicos.
Diálogo: De que maneira o fato da FTC-Bravo estar localizado na Base Aérea de Soto Cano, Honduras, como tem sido pelos últimos 33 anos (desde 1984), ajudou a fortalecer o relacionamento entre a força-tarefa e o governo e cidadãos hondurenhos?
Cel McKinley: O relacionamento é forte, baseado na confiança estabelecida ao longo dos anos. A última vez que estive em Honduras foi em 1991, quando estava na Guarda Nacional do Exército e minha unidade veio para o nosso treinamento anual. Fizemos exercícios de tiro com a unidade de elite do Exército de Honduras, os Tesons, nas áreas de treinamento em Zambrano. Lembro-me do excelente relacionamento entre os Estados Unidos e os hondurenhos. Honduras é um grande parceiro, e temos muitas experiências em comum.
Diálogo: A FTC-Bravo é composta por Estado-Maior, Forças de Segurança Conjuntas, Batalhão de Apoio Conjunto/Forças Armadas, Elemento Médico, 612º Esquadrão da Base Aérea, e o 1º Batalhão, 228º Regimento da Aviação. Como as unidades trabalham juntas para cumprir a missão?
Cel McKinley: Voltamos à questão das capacidades. Por exemplo, nossa unidade médica tem médicos muito bons, de alto nível, mas algumas das nossas missões médicas são em áreas remotas e, para chegar lá, precisamos de aviação, então nossos helicópteros levam esses médicos até lá. Quando aterrissam, precisam de segurança, então nossas forças de segurança conjunta protegem esses elementos. Para o reabastecimento, precisam de membros da nossa Força Aérea. Somos muito especiais; as unidades também são únicas, com diferentes culturas. Nenhum membro da FTC-Bravo pode atuar sozinho; mantemos uma abordagem de equipe em todas as nossas operações.
Diálogo: A FTC-Bravo tem relacionamentos próximos com os países do Triângulo do Norte [Guatemala, El Salvador e Honduras]. Como o senhor pode cooperar com eles na luta contra as redes de ameaças?
Cel McKinley: Trabalhamos próximos às equipes do país de cada Embaixada dos EUA. Por exemplo, facilitamos reuniões, trazendo a comunidade de interesse e conversamos com nossos equipes em cada país para descobrir o que estão vendo, quais são as preocupações e para quando suas principais operações estão programadas. Em seguida, trabalhamos colaborativamente para identificar os requisitos de apoio e encontrar soluções.
Diálogo: Como o senhor aproveita os esforços das nações parceiras do SOUTHCOM para parar as redes de ameaças transnacionais e transregionais?
Cel McKinley: Com base no que presenciei nesse pouco tempo no comando, os nossos parceiros estão trabalhando muito bem nessa área. No final do primeiro semestre, o General-de-Brigada dos EUA Clarence K.K. Chinn, comandante geral do Exército Sul dos EUA, convidou-me para participar da Conferência de Líderes Regionais. Eu era o comandante novato naquele momento, pois ainda trabalhava no Japão. Foi bom para mim observar e ver como nossos parceiros estavam trabalhando bem em conjunto. Um ponto que nos impressionou muito foi como a comunicação entre eles era boa. De fato, lembro-me de dois chefes do exército dizendo ao público que trabalham juntos e têm o telefone um do outro, para que possam discutir sobre a sincronização da fronteira.
Vejo muita colaboração, especialmente no setor norte. Vemos muita colaboração atualmente com Panamá e Colômbia, e vemos isso também entre outras nações na América Central. Acho que onde o SOUTHCOM pode realmente ajudar e onde nos concentramos é na forma como o Departamento de Defesa pode ajudar a facilitar esses relacionamentos e essas parcerias.
Diálogo: Qual é sua mensagem para a região como o novo comandante da FTC-Bravo?
Cel McKinley: Nossa mensagem para a região é que a FTC-Bravo é um parceiro confiável, com quem se pode contar na América Central. Estamos ansiosos para trabalhar colaborativamente com os nossos parceiros para tratar de ameaças atuais aos desafios de segurança nacional dos nossos países.