A Rússia enviou “um grupo de agentes” à Ucrânia para fomentar um pretexto para invadir outra vez o país, disse em uma entrevista coletiva o secretário de Imprensa do Pentágono, John F. Kirby, no dia 14 de janeiro de 2022.
Kirby se apressou a dizer que o governo dos EUA ainda acredita que haja espaço para solucionar diplomaticamente o problema da invasão russa à fronteira da Ucrânia. “Ninguém quer ver outra invasão e incursão na Ucrânia”, disse. “Ainda… acreditamos que há tempo e espaço para a diplomacia.”
Além disso, se a Rússia invadir seu vizinho, os Estados Unidos “continuarão prestando assistência de segurança à Ucrânia, para ajudar o país a se defender melhor”, afirmou Kirby.
Ele disse que essas operações russas fazem parte do manual de estratégia do país que foi utilizado em 2014, quando a Rússia invadiu a Crimeia e mais tarde anexou ilegalmente a área. Kirby não pode dar muitos detalhes, mas declarou que os Estados Unidos “têm informações que indicam que a Rússia já está trabalhando ativamente para criar um pretexto para uma potencial invasão, para entrar na Ucrânia”.
Os agentes russos estão preposicionados na Ucrânia para realizar “o que denominamos uma falsa operação padrão – uma operação projetada para parecer um ataque contra… pessoas que falam russo na Ucrânia, uma vez mais, como pretexto para entrar no país”.
Os Estados Unidos também têm informações de que a Rússia está inventando provocações ucranianas na mídia estatal e social, como um tipo de pretexto para a invasão, disse ele. “Já vimos antes essas coisas vindas da Rússia”, acrescentou. “Quando não há uma crise real para atender às suas necessidades, eles criam uma. Assim sendo, estamos atentos.”
Houve também ataques cibernéticos contra os sites governamentais ucranianos. Kirby disse que ainda é muito cedo para atribuir tais ataques à Rússia, mas lembrou que esse tipo de atitude também está no manual de estratégia russo.
Kirby não deu mais detalhes sobre os próprios agentes, mas lembrou que a Rússia frequentemente “hibridiza” seu pessoal, retirando-os de suas comunidades de inteligência, de seus serviços de segurança ou das instituições militares.
Há forças norte-americanas na Ucrânia trabalhando para assessorar e ajudar as Forças Armadas ucranianas.
Kirby disse que os Estados Unidos acreditam que o presidente russo, Vladimir Putin, ainda não se decidiu quanto à invasão. Mas, caso haja uma incursão, a proteção da força norte-americana continuará sendo fundamental. “Adotaremos todas as decisões apropriadas e adequadas para garantir que nosso povo esteja seguro em qualquer eventualidade”, acrescentou Kirby.
Em Bruxelas, o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, disse também que há espaço para que a diplomacia funcione. Ele se reuniu com oficiais russos, como parte do Conselho OTAN-Rússia, na sede da aliança. “Tivemos um intercâmbio muito sério e direto sobre a situação na Ucrânia e ao seu redor, bem como as implicações para a segurança da Europa”, afirmou. “Existem diferenças significativas entre os aliados da OTAN e a Rússia sobre essas questões. Nossas diferenças não serão facilmente contornadas. No entanto, é um sinal positivo que todos os membros da OTAN e a Rússia se sentem à mesma mesa para discutir tópicos relevantes.”
Uma demanda da Rússia é que a Ucrânia não se torne membro da OTAN.
“A Ucrânia é uma nação soberana”, disse Stoltenberg. “A Ucrânia tem o direito de se defender. A Ucrânia não é uma ameaça para a Rússia. A Rússia tem a maior potência terrestre da Europa. O país é uma das duas maiores potências nucleares. Investiram pesado em novas e modernas capacidades nos últimos anos.”
A Rússia também disse que a Ucrânia ameaça seu país. O secretário-geral disse que a Rússia continua a ocupar ilegalmente a Crimeia e controla os separatistas no leste da Ucrânia. “A ideia geral de que […] a Ucrânia ameaça a Rússia é absolutamente para colocar tudo de cabeça para baixo”, declarou. “A Rússia é o agressor. Foi a Rússia que utilizou a força e continua a utilizá-la contra a Ucrânia.”
“Essa crise é criação da Rússia”, acrescentou. “Portanto, é importante que eles retrocedam.”