O satélite FASat-Charlie da Força Aérea do Chile (FACh) conseguiu dobrar sua projeção de vida útil ao completar 10 anos de operação. Posto em órbita no dia 16 de dezembro de 2011, o satélite chileno, construído pela empresa Airbus Defence and Space, levou o Chile à vanguarda da presença espacial na América Latina e se tornou um marco no desenvolvimento espacial do país e uma ferramenta primordial para seu progresso.
Desde seu lançamento em Kouru, Guiana Francesa, o satélite já completou 54.014 vezes a órbita da Terra, capturando até esta data 252.844 imagens para o registro de uma superfície de mais de 1,5 milhão de quilômetros quadrados, informou a FACh em um comunicado, no dia 16 de dezembro de 2021. A instituição aérea atribuiu a longevidade do satélite a seu manejo e monitoramento eficientes, que incluíram superar dificuldades que ameaçavam sua trajetória, como meteoritos ou dejetos de lixo espacial.
“Isso é fruto da experiência e de podermos contar com uma equipe de nível muito alto e muito competente quando se trata de operações espaciais”, disse o Brigadeiro da Força Aérea Luis Felipe Sáez, diretor Espacial da FACh.
Pesquisas e estudos de climatologia, silvicultura, vinhedos, retrocesso de glaciares, vegetação, comportamento vulcânico e até mesmo aumento da densidade e crescimento demográfico urbanístico são algumas das contribuições obtidas a partir das imagens capturadas. A isso se soma a possibilidade de treinar integrantes de outras forças aéreas da região no âmbito espacial, o que, por exemplo, permitiu à instituição participar de exercícios internacionais em apoio à segurança global ou assegurar o uso pacífico do espaço, o que tem se refletido em apoio diante de situações de emergência, tanto nacionais quanto estrangeiras.
“Apoiamos com imagens e estudos, inclusive em âmbitos tão distintos como acidentes, terremotos, incêndios e avalanches”, acrescentou o Brig Sáez.
Por exemplo, em fevereiro de 2021, o FASat-Charlie, junto às tripulações treinadas do Grupo de Operações Espaciais e do Serviço Aerofotogramétrico da FACh, participaram do exercício multinacional PANAMAX, organizado pelo Comando Sul dos EUA para garantir a segurança do Canal do Panamá, que desta vez foi realizado à distância.
A cooperação com os países da região em matéria espacial aumentou nos últimos anos. Por exemplo, também em fevereiro de 2021, a FACh e a Real Força Aérea do Canadá realizaram um encontro para revisar as capacidades, projetos e áreas de colaboração conjunta, informou o site Infoespacial. Em 2019, a FACh e a Força Aérea dos EUA assinaram uma declaração conjunta para explorar novas formas de cooperação em treinamento, educação e intercâmbio de informação em áreas espaciais, informou o portal de notícias militares Infodefensa.
De acordo com a FACh, evidenciou-se que a continuidade do FASat-Charlie no espaço permitiu ao Chile manter uma capacidade autônoma na questão espacial. Também servirá para consolidar as bases do que será o novo Sistema Nacional Satelital, um projeto que incluirá o lançamento de 10 satélites (oito deles fabricados no Chile) e terá três estações terrestres para a recepção de dados e informações.
“Esse é o efeito do FASat-Charlie. Sem ele e sem os anos de experiência nessa questão, hoje não estaríamos em condições de implementar o Sistema Nacional Satelital”, disse o Brig Sáez, acrescentando que “ele nos permitiu consolidar o país no espaço e avançar até a criação de uma nova institucionalidade e governança em termos espaciais”.