Nascido em Santander, Colômbia, o General de Brigada Hernando Garzón Rey é o subcomandante para a Interoperabilidade do Exército Sul dos EUA, localizado em Fort Sam Houston, em San Antonio, Texas. Essa base militar dos EUA é um dos principais quarteis do exercício multinacional PANAMAX 2022, no qual o Gen Bda Garzón também coordena a interoperabilidade entre todas as forças dos países participantes. Diálogo falou com o Gen Bda Garzón sobre a importância da interoperabilidade na vida real e no exercício PANAMAX 2022.
Diálogo: Qual é sua principal missão no Exército Sul dos EUA?
General de Brigada Hernando Garzón Rey, do Exército Nacional da Colômbia, subcomandante geral para a Interoperabilidade do Exército Sul dos EUA: Na verdade, eu tenho várias missões. Uma delas é fortalecer a interoperabilidade do Exército dos EUA com os exércitos latino-americanos, concentrando-se em três aspectos: humano, técnico e processual. Para este fim, existe um plano que procura incrementar os níveis de interoperabilidade, de acordo com a doutrina dos EUA. Eu também apoio o comandante do Exército Sul nas questões de assistência humanitária e ajuda em catástrofes e, como segundo no comando, as outras missões que ele me delegue como uma tarefa especial, como essa aqui no PANAMAX.
Diálogo: E qual é a sua missão no exercício PANAMAX 2022?
Gen Bda Garzón: O General [de Exército William L. Thigpen, comandante geral do Exército Sul dos EUA] determinou que para este exercício eu também o ajudasse a buscar a interoperabilidade. O foco está em “como”. Incrementamos esses níveis de interoperabilidade nos três aspectos já mencionados, sendo que o aspecto humano, neste caso, tem sido muito importante – a liderança de cada uma das nações parceiras. Os oficiais que vieram são da mais alta qualidade e desenvolveram um extraordinário trabalho de equipe. Você vê a motivação, você vê a participação.
Diálogo: Os diferentes idiomas são um obstáculo para chegar a uma interoperabilidade total?
Gen Bda Garzón: Eu diria que sim. O idioma é um obstáculo, embora isto tenha sido resolvido com uma equipe de tradutores que fizeram um excelente trabalho. Também tem sido uma questão de motivar todos os oficiais para que expressemos nossas ideias, independentemente de uma pessoa falar inglês e a outra falar espanhol.
Temos um meio para fazer isso e podemos comunicar-nos. Deixe-me dizer-lhe que desde o primeiro dia até hoje isso é perceptível. Vemos equipes mais compactas, mais conectadas e cada dia mais unidas e com um propósito comum neste exercício.
Diálogo: E quanto aos aspectos técnicos?
Gen Bda Garzón: Eu poderia dizer que não temos problemas, porque já usamos [na Colômbia] todo o equipamento dos EUA. Portanto, isso não está sendo avaliado para nós, pelo menos não para nós.
Diálogo: E a questão dos procedimentos?
Gen Bda Garzón: Esta também é uma questão interessante, porque quando há uma doutrina comum e processos militares de tomada de decisões muito semelhantes, cada país lhe dá um foco específico em certos pontos, de acordo com sua visão e sua força. No entanto, os grupos de trabalho que foram criados foram muito importantes para melhorar essa compreensão mútua e poder trabalhar em conjunto.
Diálogo: É muito diferente o que se faz todos os dias do que é realizado no PANAMAX 2022?
Gen Bda Garzón: Tem sido um laboratório importante, porque todas as nações estão aqui e isto é o que temos que conseguir. Acho que o PANAMAX é o mais importante e maior exercício de interoperabilidade das Américas. É uma forma de medir como estamos, pelo menos em termos de planejamento, porque aqui é um exercício de jogos de guerra, sem dúvida. A outra parte é analisar como estamos nos saindo em termos de interoperabilidade e no nível das capacidades próprias de cada exército, e como podemos fazer com que essas capacidades operem em conjunto e de forma coordenada dentro do mesmo teatro e entre os diferentes escalões de operações militares.
Diálogo: O que falta para se chegar a um plano de interoperabilidade ideal?
Gen Bda Garzón: Acho que é um plano em que estamos trabalhando, liderado pelo Exército dos EUA. Os países com os quais estamos trabalhando também estão muito ansiosos para contribuir, para ajudar e para melhorar a interoperabilidade. Mas, como tudo é um processo, há níveis de interoperabilidade e alguns países são mais avançados do que outros, mas todos estão trabalhando para atingir esse nível ótimo de interoperabilidade.