Parcerias, treinamento, programas de intercâmbio militar, integração de gênero e profissionalização de graduados fazem parte da missão da Força de Defesa da Guiana (GDF). A liderança profissional do General de Brigada Godfrey Bess, chefe do Estado-Maior da GDF, que assumiu o comando em 1º de julho de 2020 e se comprometeu a cumprir a missão da instituição, tornou esses esforços possíveis.
Diálogo teve a oportunidade de conversar com o Gen Bda Bess sobre a profissionalização da GDF, seus avanços e projeção.
Diálogo: Quais são suas preocupações em termos de segurança nacional?
General de Brigada Godfrey Bess, chefe do Estado-Mayor da Força de Defesa da Guiana: A Guiana está sendo usada como ponto de transbordo para o narcotráfico proveniente da Venezuela e do Brasil. Estamos expostos à pirataria. Essas ameaças transfronteiriças criam oportunidades para que atores malignos espalhem sua influência dentro do nosso território, devido à porosidade de nossas fronteiras. Há também ameaças não tradicionais, tais como inundações, devido à elevação do nível do mar e à mudança dos padrões climáticos.
Diálogo: O senhor acabou de mencionar que a Guiana é usada como um centro de transbordo de cocaína para a Europa e os Estados Unidos, proveniente às vezes da Colômbia para as fronteiras da Venezuela ou do Brasil. Como a GDF está lidando com esta ameaça à segurança?
Gen Bda Bess: Estamos abordando esta questão, trabalhando em colaboração com parceiros internacionais e regionais, bem como com interagências nacionais. Nossas relações com os países aliados e parceiros estão se fortalecendo à medida que trabalhamos, nos exercitamos e treinamos juntos. Temos sido bem sucedidos na interdição de algumas atividades ilegais. Além disso, nosso país planeja investir em mais capacidades, para que possamos policiar melhor nosso território.
Diálogo: A GDF organizou junto com o Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM) o primeiro Simpósio de Graduados da Selva, em junho de 2022. Qual foi o objetivo do simpósio, especialmente no nível dos graduados? Por que o senhor acredita que os compromissos a nível de graduados são importantes?

Gen Bda Bess: A capacitação dos meus graduados é uma das minhas prioridades. O objetivo era melhorar a interoperabilidade a esse nível. Além disso, para que nossos graduados sejam a espinha dorsal de nossas forças armadas, devem estar capacitados. Essas exposições os preparam melhor para a tarefa de apoiar os graduados. Sim, os graduados são importantes para funcionar em capacidades de liderança de nível superior. No entanto, tenho a firme convicção de que os graduados e seu desenvolvimento contribuem para o desenvolvimento positivo da força em geral. Enriquecer a vida dos graduados através da educação militar profissional e intercâmbios, juntamente com a orientação necessária, cria soldados equilibrados e com a capacidade de liderar sua unidade sob qualquer condição.
Diálogo: Que tipo de intercâmbios a GDF tem com a Guarda Nacional da Flórida, como parte do Programa de Parceria Estatal da Guarda Nacional dos EUA?
Gen Bda Bess: Recentemente, liderei uma visita de intercâmbio militar de quatro dias à sede da Guarda Nacional da Flórida, em Saint Augustine, Flórida. Temos uma colaboração muito ativa e positiva com eles. A Guarda Nacional da Flórida e a GDF têm compartilhado um relacionamento frutífero que resulta em oportunidades de capacitação em todos os níveis e em todo o amplo espectro das Forças de Defesa, que vão desde o treinamento das Forças Especiais até a formação de engenheiros especializados, juntamente com uma vasta quantidade de intercâmbios de especialistas no assunto. Continuamos compartilhando as melhores práticas em numerosas áreas. Devo dizer que, durante o período da pandemia da COVID-19, a Guarda Nacional da Flórida foi muito ativa, apesar dos problemas que tivemos ao redor do mundo, e nossos compromissos não se detiveram. Na realidade, eles aumentaram exponencialmente nos últimos dois anos. Eu posso ver que isso continuará em 2023, pois já assinei e concordei com cerca de 20 compromissos.
Diálogo: Como a GDF ajuda os esforços nacionais para combater a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada?
Gen Bda Bess: Esta é uma grande questão para nós. Não estamos muito preparados e não pudemos ser muito eficientes neste sentido. Esta é uma ameaça não tradicional para nós. A pesca é o sustento de muitos guianeses e contribui para o nosso desenvolvimento econômico. A GDF faz sua parte, utilizando nossos guarda-costas para patrulhar, enquanto operações conjuntas com agências estatais são conduzidas para assegurar nossos interesses nacionais e que nossos esforços sejam apoiados. Devo dizer, no entanto, que nossas patrulhas da Guarda Costeira têm limitações, pois nossas embarcações estão restritas a distâncias muito limitadas fora de nossas águas territoriais.
Diálogo: Que progressos a GDF tem feito na integração de gênero?
Gen Bda Bess: A GDF sempre lutou e continuará a lutar pela integração de gênero. O Corpo de Mulheres do Exército da GDF celebra este ano seu 55º aniversário de existência. No momento de sua criação, em 1967, o Corpo Feminino do Exército desempenhava funções administrativas. Entretanto, com o passar do tempo, seu papel mudou e nossas mulheres militares foram expostas ao treinamento de combate. Nossa postura em relação à integração de gênero mudou. Temos agora paraquedistas femininas, mulheres soldados de infantaria, mulheres que servem em nossas fronteiras e participam ativamente da manutenção de nossa integridade territorial. Recentemente, tivemos o primeiro grupo de mulheres que completaram nosso Curso Básico de Infantaria, mas o curso foi rebatizado como Curso Básico de Soldados de Infantaria. Para continuar com nossos esforços nesta área, realizamos a Conferência de Mulheres, Paz e Segurança do Caribe, em Georgetown, de 30 a 31 de agosto de 2022, em colaboração com o Programa Mulheres, Paz e Segurança do SOUTHCOM e da Guarda Nacional da Flórida.
Diálogo: Como o senhor acha que o novo influxo de rendimentos da indústria petrolífera emergente terá impacto na missão da sua organização?
Gen Bda Bess: Posso dizer com certeza que com o influxo de rendimentos da indústria petrolífera emergente, vamos ver melhorias e desenvolvimento em todos os setores de nossa sociedade, incluindo nossa força. Já existem trabalhos a este respeito. O setor de segurança está mais capacitado do que há dois anos.