A integração de gênero nas forças armadas e de segurança, nas áreas de educação, recrutamento e desenvolvimento, foi um dos tópicos discutidos no seminário Mulheres, Paz e Segurança (WPS), organizado pelo Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM) e pelo Centro Conjunto de Operações de Paz do Chile (CECOPAC), em Santiago, Chile, de 27 a 29 de abril.
“Este seminário é de grande importância para intercambiar, discutir e gerar ideias que ajudem a incrementar e promover a importante participação das mulheres no desenvolvimento, gestão e emprego de forças conjuntas, bem como para expandir a inclusão, retenção e promoção do gênero dentro das forças armadas”, disse o Coronel Moisés de Pablo López, do Exército do Chile, diretor do CECOPAC, em seu discurso de abertura para os mais de 50 participantes da Argentina, Bolívia, Chile, Estados Unidos e Paraguai.

Uma das participantes, a vice-ministra da Defesa do Paraguai, Gladys Ruiz de Pecci, disse que o seminário permite “promover o empoderamento das mulheres de forma que as instituições militares entendam o papel que elas desempenham dentro de suas forças armadas”. Para isso, ela enfatizou o trabalho de comunicação institucional para gerar novos mecanismos de ação, que permitam transmitir à liderança militar a importância da presença das mulheres em todos os aspectos da instituição militar. “A comunicação institucional deve ser fortalecida de tal forma, que tanto homens como mulheres possam trabalhar e treinar juntos, para que a instituição como um todo e as mulheres possam sair fortalecidas.”
WPS em ação
O programa WPS é parte de um esforço global para apoiar as contribuições das mulheres nos setores de defesa e segurança. O programa segue as diretrizes da Resolução 1325 do Conselho das Nações Unidas de 2000 para a participação plena e igualitária das mulheres na resolução de conflitos, consolidação e manutenção da paz, resposta humanitária e resolução pós-conflito.
O WPS é fundamental para a missão do SOUTHCOM. A Tenente-Coronel Duilia Turner, da Força Aérea dos EUA, diretora do Programa WPS do SOUTHCOM, e Jennifer Typrowicz, Conselheira de Gênero do WPS no SOUTHCOM, explicaram a importância do programa para a transformação das forças armadas da região e encorajaram os participantes a serem multiplicadores do tema em seus países.
O evento acadêmico foi conduzido pela Dra. Fabiana Perera, do Centro de Estudos Hemisféricos de Defesa William J. Perry, e a coordenação regional foi feita pelo Coronel Gregory Green, da Força Aérea dos EUA, chefe do Escritório de Cooperação em Segurança da Embaixada dos EUA no Chile, que indicou que o objetivo do seminário era “melhorar o entendimento e compartilhar as melhores práticas entre as forças armadas e as forças de segurança da região, através de princípios de integração de gênero”.

Vozes regionais
Trabalhos em grupo, discussões, apresentações individuais e recomendações sobre como romper as barreiras institucionais, para incluir as mulheres, fizeram parte da metodologia utilizada durante os três dias do seminário.
A Tenente-Coronel Luz Ivonne Perdomo, do Exército da Argentina, do Departamento de Gênero, disse que é essencial que as mulheres de distintas forças e países compartilhem suas experiências, avanços e retrocessos em questões de gênero no âmbito da defesa. “Um dos maiores avanços é que, graças à implementação das políticas de gênero, aumentamos o número de mulheres nas forças armadas”, declarou. Entretanto, acrescentou que o grande desafio “é a progressão das mulheres na carreira militar para alcançar os cargos mais altos na tomada de decisões”.
Para a Capitã Maricarmen Mediavilla Castro, de Carabineros de Chile, chefe do Departamento de Igualdade de Oportunidades, o seminário permite abrir os olhos para as diferentes realidades que experimentam os países no desenvolvimento das carreiras profissionais. “Nos Carabineros, as mulheres estão incorporadas desde 1962 e hoje em dia somos elegíveis para todos os cargos estratégicos e operacionais; as mulheres integram todas as especialidades e estamos em cargos como comissários, chefes de postos de controle, prefeitos e generais.”
Liderança de gênero

O terceiro dia do seminário foi encerrado com a presença de altos dignitários militares, policiais e civis.
A ministra da Defesa do Chile, Maya Fernández Allende, destacou a importância da agenda WPS e a valiosa contribuição das 299 mulheres chilenas das Forças Armadas que participaram das operações de paz. “Em nível nacional, a integração progressiva das mulheres nas forças armadas e sua incorporação nas operações de cooperação internacional fazem parte da política de defesa alinhada com os objetivos da política externa, que posiciona o Chile como um promotor da paz.”
A agenda foi encerrada pela General de Exército Laura J. Richardson, do Exército dos EUA, comandante do SOUTHCOM, que disse que “ao nos reunirmos hoje, estamos enviando uma forte mensagem de que Mulheres, Paz e Segurança não é apenas um programa ‘bom de se ter’, ou um ‘acréscimo’ à nossa atividade militar habitual. Mulheres, Paz e Segurança é um princípio fundamental para que nossas forças armadas estejam mais preparadas, sejam mais resistentes e mais eficazes para manter nossos cidadãos seguros”.
“Quando nossas nações abrem a reserva de talentos para os outros 50 por cento de nossa população, tornamos nossas organizações mais competitivas, mais eficientes e mais bem-sucedidas. Não há dúvida de que nos países onde as mulheres têm mais liberdades, os países são mais prósperos”, concluiu a Gen Ex Richardson.