Após dois anos da pandemia da COVID-19, as Forças Armadas do Chile estão aprofundando suas relações presenciais com seus homólogos dos Estados Unidos, com várias iniciativas de treinamento e cooperação.
Membros do Corpo de Fuzileiros Navais (CIM) da Marinha do Chile e das Forças do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, Sul (MARFORSOUTH) se reuniram no Chile para intercambiar doutrinas e experiências em operações anfíbias.
“Os [militares dos EUA] queriam entender como usamos nossas capacidades, com vistas a implementar sua estratégia Force Design 2030”, disse à Diálogo o Capitão Carlos Zañartu, segundo comandante do Batalhão de Logística do CIM, em 20 de julho. “Os Estados Unidos estão interessados em saber como os corpos de fuzileiros navais mais leves do que os deles, como os nossos, estão operando.”
A reunião foi realizada no Forte Aguayo, em Valparaiso, Chile, onde eles revisaram a organização, a resposta a crises, o equipamento, o destacamento de forças dos navios à terra e o comando e controle, entre outros tópicos, em 27 de junho de 2022.
Os fuzileiros navais dos dois países mantêm uma estreita relação. Na verdade, no final de abril, o MARFORSOUTH a ressaltou como uma parceria “para sempre”, em sua conta no Twitter. Durante 2022, o CIM realizará mais dois encontros com o MARFORSOUTH, um sobre treinamento em clima frio e outro sobre coordenação de incêndios, ambos a serem realizados em agosto, no Chile.
“Esses encontros têm como objetivo manter a estabilidade e a segurança regionais e fortalecer a cooperação, o intercâmbio e o treinamento de forças navais e anfíbias”, disse à Diálogo o Capitão de Corveta Patricio Arriagada, coordenador de Relações Internacionais do CIM.
“O Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Chile é forjado junto com o [MARFORSOUTH]. Desde a década de 1960, enviamos nosso pessoal para treinar nos Estados Unidos e, desde então, temos um relacionamento muito próximo, não apenas em operações de guerra, mas também em operações de catástrofe e de ajuda humanitária”, acrescentou o CC Arriagada.
Em 23 de março de 2020, o Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA anunciou uma iniciativa de desenho de forças planejada para os próximos 10 anos, chamada Force Design 2030. Essa iniciativa tem como objetivo redesenhar a força para a guerra naval expedicionária e alinhar-se com a Estratégia de Defesa Nacional, focalizando, em particular, em competir estrategicamente com a China e a Rússia.
Capacitação em sistemas e procedimentos
Em outra atividade, membros da Brigada de Aviação do Exército do Chile (BAVE) viajaram para os Estados Unidos para receber treinamento em sistemas e procedimentos para o helicóptero MD-530F, um dos meios de reconhecimento mais utilizados pela BAVE, em tarefas de ajuda humanitária e ataque
“Todas as aeronaves estão sendo constantemente atualizadas. É necessário saber como a fábrica ajusta os procedimentos com os MD-530F em diferentes países do mundo; quais estão obsoletos e quais estão ganhando relevância”, disse à Diálogo o Capitão Felipe Trincado, instrutor de voo da BAVE e piloto de manutenção do MD-530F, em 18 de julho. “Essas visitas nos permitem revalidar nossas técnicas e procedimentos através do contato com a fábrica, além dos manuais, com uma visão geral […] ao vivo.”
“A capacitação nos permitiu atualizar técnicas e procedimentos de manutenção, além de aprender como as aeronaves se comportam em condições árticas ou na selva, já que essas são situações que não experimentamos nos voos que fazemos normalmente”, explicou o Cap Trincado no site do Exército do Chile. O treinamento ocorreu de 30 de abril a 22 de junho, em Mesa, Arizona.
O MD-530F é um helicóptero monomotor multipropósito, de cinco lâminas, para quatro passageiros e um piloto. “É uma aeronave ágil, de baixo custo operativo e de manutenção. É muito resistente, suporta muitos golpes em ambientes operacionais muito exigentes e em áreas muito confinadas”, declarou o Cap Trincado.
“Nossos pilotos mais jovens se formam e são treinados com esse helicóptero. É por isso que é essencial que nenhum detalhe seja negligenciado em termos de manutenção, pois isso pode significar um desastre”, acrescentou o Cabo Alexis Briones, responsável por Comunicações da BAVE. “Para os mecânicos, é importante ver, sentir e tocar as peças, em vez de serem descritas. Conseguimos uma evolução operacional da aeronave graças a essa capacitação, porque foi in situ”, concluiu o Cap Trincado.