O Capitão de Corveta do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA (USMC, em inglês) Felipe A. Bayona é o oficial de intercâmbio do USMC junto ao Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) do Brasil.
O oficial norte-americano chegou ao Brasil em agosto de 2020 e deve permanecer atuando com os militares brasileiros até julho de 2023. Oficial de Engenharia de Combate, o CC Bayona já conduziu operações no Japão, leste da Ásia, Afeganistão, Iraque e alguns países da América Latina, antes de ser designado para a missão no Brasil. Ele contou à Diálogo como está sendo a experiência em solo brasileiro.

Diálogo: Como o senhor avalia a missão até o momento?
Capitão de Corveta do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA Felipe A. Bayona: Muito gratificante, tanto profissionalmente quanto pessoalmente. As restrições da COVID-19 me impediram de alcançar alguns dos objetivos que me propus nos primeiros seis meses no Brasil, mas estou feliz com o que pude realizar até o momento. Espero que no futuro eu compartilhe mais experiências junto ao CFN, como entrar a bordo de um navio da Marinha do Brasil e realizar um desembarque anfíbio, ou participar de operações ribeirinhas ao lado de um batalhão ribeirinho em Manaus ou no Pantanal, ou ainda participar de um exercício de armas combinadas.
Diálogo: Ao mesmo tempo que o senhor está atuando no Brasil, um oficial brasileiro serve a um propósito semelhante na Base do Corpo de Fuzileiros Navais de Camp Lejeune, na Carolina do Norte. Qual a importância dessa integração entre as forças dos dois países?
CC Bayona: Os Estados Unidos e o Brasil têm uma longa história de compartilhamento de crenças e valores semelhantes. Os frequentes exercícios e programas de intercâmbio de pessoal de nossas forças nos ajudam a manter viva essa visão combinada. Os fuzileiros navais (FN) de todo o mundo compartilham um vínculo especial. Isso é demonstrado pela estreita relação que o USMC mantém com os FN regionais, como os FN da Colômbia, do Chile, do Peru, da Argentina e do Brasil.

Diálogo: Quais as atividades que o senhor vem desempenhando junto aos fuzileiros navais?
CC Bayona: Nos primeiros cinco meses após minha chegada, eu era como uma esponja, acumulando o máximo de conhecimentos possível sobre o CFN. Isso me permitiu começar a contextualizar as diferenças mínimas de doutrina entre nossas forças. Também tive a oportunidade de participar de algumas avaliações de prontidão da unidade e de ir a campo com diferentes batalhões. Como a maioria dos FN, ir a campo e compartilhar diferentes maneiras de conduzir operações têm sido minha parte favorita de trabalhar no Brasil. Atualmente, eu divido minha semana entre trabalhar na Força de Fuzileiros de Esquadra e no Centro de Desenvolvimento de Doutrina do CFN. Como qualquer fuzileiro naval, a primeira coisa que faço é conduzir o treinamento físico. O resto do dia assisto a diferentes reuniões ou troco ideias com outros oficiais ou sargentos.
Diálogo: De que maneira a experiência de atuar junto a uma força armada de outro país pode agregar valor à sua trajetória profissional?
CC Bayona: Um exemplo prático do benefício desta missão foi quando tive a oportunidade, pela primeira vez em minha carreira, de realmente experimentar algo que estudei no curso de oficial de engenharia de combate: consegui reduzir um depósito de munições ao lado do Batalhão de Engenharia de Combate Brasileiro. Esta é uma oportunidade muito rara nos Estados Unidos. Acho que agora estou mais aberto a outras soluções do que se não tivesse experimentado a oportunidade que tive de trabalhar com outras forças, como acontece agora junto ao CFN do Brasil.