Os governos do Canadá e dos EUA apoiam os esforços do Equador para combater a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (INN), melhorando a vigilância e a preservação dos ecossistemas da região.
No dia 13 de setembro de 2021, o Equador e o Canadá informaram, em Quito, sobre um acordo de cooperação para localizar e rastrear em tempo real e através de satélites “as embarcações escuras”, cujos transponders de localização são desligados para escapar ao monitoramento das autoridades.
A tecnologia canadense ajudará a “proteger a soberania nacional, os recursos marinhos e o ecossistema único das Ilhas Galápagos”, disse o chanceler equatoriano Mauricio Montalvo, no dia do acordo.
A pesca INN “destrói tanto a segurança regional como a nacional, abala a ordem baseada em regras marítimas, põe em perigo o acesso e a disponibilidade de alimentos e derruba as economias legítimas”, informa o site do Instituto Naval dos EUA, uma associação independente sem fins lucrativos. “Os efeitos mais perniciosos ocorrem nos Estados costeiros, onde faltam recursos para a vigilância das suas águas territoriais”, acrescenta.
O presidente da Câmara de Pesca Equatoriana, Bruno Leone, disse ao jornal equatoriano El Diario que “a pesca ilegal é a terceira maior prática ilegal, depois do tráfico de drogas e de armas.”
Essa atividade representa cerca de 30 por cento da pesca no âmbito mundial. Anualmente, são extraídas aproximadamente 26 milhões de toneladas de pesca ilegal dos oceanos, com lucros que chegam a US$ 23 bilhões, segundo a Chancelaria.
Trabalho conjunto
Para ajudar a prevenir, desestimular e eliminar a pesca INN, os Estados Unidos e o Equador trabalham no desenvolvimento de equipamentos com sensores e comunicação para melhorar os centros de comando da Marinha do Equador, informa El Diario. Além disso, os Estados Unidos enviam especialistas que trabalham com jornalistas e estudantes equatorianos em investigações sobre a pesca ilegal, acrescentou El Diario.
Funcionários norte-americanos também capacitaram os procuradores equatorianos para aplicar a lei e dissuadir a pesca INN, informou no dia 30 de agosto a plataforma do Departamento de Estado dos EUA Share America.
Entre outros apoios ao Equador, estão as operações de exploração aéreas e marítimas realizadas pela aeronave Orión P-3 dos EUA, para coletar informações das atividades ilícitas relacionadas à pesca ilegal e ao narcotráfico, informou o jornal equatoriano El Universo.
Presença da frota chinesa
No final de julho de 2021, centenas de barcos pesqueiros chineses se aproximaram da reserva marinha de Galápagos, informou a plataforma de jornalismo ambiental Mongabay Latam.
Essa frota pesqueira internacional se encontra a 138 milhas náuticas fora da zona econômica exclusiva insular, informou a Marinha do Equador no Twitter, no dia 17 de agosto.
Milko Schvartzman, especialista em estudos de frotas asiáticas na América Latina, estima que mais de 100 barcos chineses se uniram a uma extensa frota que já estava pescando na região, acrescentou o portal Mongabay Latam.
A China possui a maior frota pesqueira do mundo e é o país com os mais altos índices de pesca ilegal: ela descumpre e desrespeita regramentos, padrões sanitários, laborais e ambientais, segundo a ONG Fundação Ambiente e Recursos Naturais (FARN) da Argentina.
A frota chinesa mantém presença recorrente nas águas internacionais que circundam as zonas econômicas exclusivas da Argentina, Brasil, Chile, Equador e Peru, disse a FARN.
“A frota pesqueira financiada pelo governo chinês se concentra cada vez mais no hemisfério ocidental, porque já esgotaram as populações de pesca mais próximas de casa”, publicou no Twitter, no dia 24 de setembro, Jean Manes, encarregada de negócios da Embaixada dos EUA em El Salvador. “Devemos unir a região para evitar que isso ocorra aqui.”
O governo da China reconhece que suas embarcações pesqueiras de águas distantes chegam a 3.000 barcos, informa o Instituto Espanhol de Estudos Estratégicos em sua página na internet.