A Costa Rica está enfrentando uma onda de violência sem precedentes, devido a disputas entre quadrilhas de narcotraficantes que usam seu território para transitar, armazenar, produzir e vender drogas, informa a Voz de América.
Para coibir a criminalidade desses grupos, o Ministério da Segurança Pública (MSP) lançou a Política Nacional de Segurança Pública 2023-2030, um instrumento destinado a criar uma nova frente de ações estratégicas.
“A Política é a ferramenta com a qual travaremos a batalha contra o narcotráfico e o crime organizado”, disse à Diálogo, em 2 de janeiro, Mario Zamora Cordero, ministro da Segurança Pública da Costa Rica. “Trata-se de uma frente comum com regulamentos estatais que combatem a criminalidade no terreno, mas que simultaneamente incorporam as medidas preventivas urgentes e necessárias que o país exige.”
A Política propõe um “modelo proativo de gestão policial por nódulos de demanda”, que permite a geração de evidências que direcionam o trabalho policial diário de forma focada, a fim de antecipar crimes. Soma-se a isso o fortalecimento do serviço de dados DATAPOL, que foi desenvolvido com a Embaixada dos EUA na Costa Rica, com georreferenciamento e geolocalização de fatores de risco e incidência delitiva, para uma análise abrangente do território.
Quanto à Polícia de Controle de Drogas (PCD), o objetivo é reforçar o trabalho de inteligência policial e de cooperação internacional, para uma melhor compreensão dos fenômenos criminais. Isso gera maior dinamismo nas funções investigativas e também permite uma maior presença em lugares onde tradicionalmente não havia ou não tem havido um impacto representativo na luta contra o crime organizado.
O Organismo de Investigação Judicial (OIJ) estima que mais de 1.000 pessoas na Costa Rica estejam envolvidas em atividades ligadas ao crime organizado, enquanto o MSP estima que existam 340 organizações criminosas, de acordo com o meio de comunicação costarriquenho Radio Monumental.
“É um cenário de gangues armadas que são verdadeiras empresas de venda de drogas em nosso país, que defendem esses mercados por meio de pistoleiros que todos os dias matam membros de gangues rivais, para controlar esses mercados”, acrescentou Zamora. “Esses grupos criminosos estão tentando estabelecer territórios independentes, onde pretendem exercer a governança por meio do terror e do crime.”
O OIJ alertou sobre cinco situações que confirmam a formação de um mega cartel: compram drogas diretamente na América do Sul e sem intermediários; financiam-se por meio de negócios que parecem ser legais; realizam assassinatos sangrentos; têm contatos no exterior para exportar as drogas; e têm uma cultura expansionista, de acordo com a mídia costarriquenha CRHoy.
Um dos fugitivos que reúne essas características é Alejandro Arias Monge, vulgo Diablo, que, com a ajuda de homens de fachada, adquiriu bens, propriedades e empresas para legitimar o dinheiro de atividades ilícitas, explicou a mídia digital costa-riquenha Teletica.
O OIJ e o Ministério Público estão investigando parte de suas transações comerciais e mantêm vários de seus assassinos na prisão. Além disso, foi capturado em dezembro o número dois de sua organização criminosa, o qual acredita-se que seja responsável por parte da logística criminosa, segundo a mídia costa-riquenha El Observador.
Outro acontecimento importante foi o desmantelamento, em novembro, de uma organização dedicada à produção e ao tráfico de fentanil, em uma operação liderada pela PCD e apoiada pela Administração para o Controle de Drogas (DEA) dos EUA, que deixou quatro detidos, suprimentos e 1.100 doses apreendidas prontas para a venda, explicou a cadeia France 24.
A quadrilha vendia a droga no varejo para pessoas com alto poder aquisitivo, combinada com outras substâncias, sem informá-las sobre o que estavam realmente consumindo. “É muito provável que essas drogas tenham vindo do México”, disse Carlo Díaz, procurador-geral da Costa Rica.
De acordo com os números do OIJ relatados por El Observador, a Costa Rica registrou 870 homicídios entre 1º de janeiro e 15 de dezembro de 2023; 705 mortes ocorreram com armas de fogo e 591 estão relacionadas ao acerto de contas do crime organizado.
O relatório Estado da Nação 2023, do Conselho Nacional de Reitores da Costa Rica, confirmou que “as vítimas e os perpetradores se caracterizam por serem jovens que, desde cedo, vivem sem ter acesso a oportunidades educacionais e empregos de qualidade e sem satisfazer suas necessidades básicas, como moradia digna, pois vivem em ambientes comunitários inseguros; essa é uma situação que os torna alvos fáceis para o recrutamento pelo crime organizado e pelo narcotráfico”.
Para os costarriquenhos, a insegurança era o principal problema em 2023. Enquanto isso, de acordo com Forbes Centroamérica, o presidente Rodrigo Chávez considerou que algumas das principais questões para resolver o problema da criminalidade são a prisão e o encarceramento de indivíduos envolvidos em assassinatos contratados e a guerra de gangues.