A empresa Bosai Minerals Group Co. Ltd., fundada em 1994, com base na província de Chongqing, China, tem diversos negócios, incluindo a distribuição de carvão, bem como outros minerais e minérios. Essa corporação chinesa também está envolvida em uma grande polêmica na Guiana com moradores da cidade mineira de Matthews Ridge, Região Um (região administrativa de Barima-Waini), uma área de 20.339 quilômetros quadrados que a Venezuela reivindica como parte de um território que denomina Guayana Esequiba.
A Guyanese Manganese Inc. (GMI), uma subsidiária do Grupo Bosai Minerals, está sendo pressionada para solucionar questões relativas à enorme enchente causada pela chuva torrencial no dia 16 de setembro, aparentemente depois do rompimento de um reservatório pertencente à companhia chinesa. A enchente também causou a contaminação do reservatório local de água potável em Matthews Ridge, de acordo com o site guianense The World News.
Uma comunidade isolada
Segundo o mesmo artigo, a GMI avaliou a situação e supostamente restringiu o acesso dos moradores às áreas afetadas, impedindo-os de registrar o incidente com fotos e vídeos. O reservatório rompido varreu cerca de 6 metros da via pública, isolando a comunidade e inundando diversas fazendas e casas que estavam em seu caminho, de acordo com o governo guianense.
Uma semana após o incidente, o presidente da Região Um da Guiana, Brentnol Ashley, disse que um sistema danificado de drenagem pertencente à GMI teria sido a provável causa principal da rápida enchente em Matthews Ridge. “O reservatório tem três tubulações subterrâneas que são usadas para drenar a água, mas parece que esses encanamentos estavam comprometidos e deteriorados, o que causou a inundação”, disse ele. Ashley contou também ao jornal guianense Stabroek News que tudo indicava que a companhia não havia trocado as tubulações de drenagem instaladas há muitos anos, lembrando que a integridade dos canos foi abalada pelo volume de água do reservatório. “Eles precisarão dar algum tipo de indenização para ajudar a comunidade e decidir como resolverão os problemas das famílias afetadas”, acrescentou Ashley.
Um longo histórico de problemas
A comunidade de Matthews Ridge tem um longo histórico com a mineração de manganês que remonta à década de 1960, mas foi somente depois de 2016, quando a empresa chinesa GMI obteve os direitos de operar na Guiana, que os problemas entre a companhia e a comunidade local assumiram proporções dramáticas.
A Guiana tem uma quantidade substancial de depósitos de manganês e estima-se que aproximadamente 26 milhões de toneladas do mineral se concentrem somente na área de Matthews Ridge. Em 2016, a GMI comprou quatro licenças de prospecção da Reunion Manganese Inc., uma empresa canadense, abrangendo uma área total de aproximadamente 18.500 hectares, informou The World News, acrescentando que nos preços vigentes no mercado mundial, esses depósitos valeriam aproximadamente US$ 117 milhões.
Em agosto de 2021, os moradores de Matthews Ridge foram às ruas protestar contra a GMI, alegando que a companhia havia prometido abrir entre 300 e 500 empregos para os moradores locais, o que nunca aconteceu, de acordo com os locais. Os residentes dessa aldeia de menos de 1.000 habitantes dizem que a GMI contratou menos de 100 trabalhadores locais para operar na mina, mas trouxe mais de 200 estrangeiros de nacionalidade chinesa para trabalhar no local, segundo The World News.
Durante muitos anos, as companhias chinesas tiveram projetos de infraestrutura na Guiana, incluindo a construção de estradas e pontes, entre outras iniciativas. As empresas chinesas exploram principalmente os setores de extração guianenses. De acordo com o jornal local Kaieteur News, companhias chinesas como a Bosai foram acusadas no passado de práticas extrativistas que impactaram o meio-ambiente e afetaram os direitos socioeconômicos e de desenvolvimento das comunidades locais.