A Colômbia está empenhada em fortalecer sua capacidade espacial para o benefício da população. Estas foram as palavras do Brigadeiro Luis René Nieto Rojas, da Força Aérea Colombiana (FAC), comandante de Operações Aéreas e Espaciais, aos participantes da Conferência Espacial das Américas, realizada no quartel-general do Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM), em Miami, Flórida, em 30 e 31 de janeiro de 2023.
O Brig Nieto conversou com Diálogo sobre os avanços da FAC no setor aeroespacial.
Diálogo: Qual é a importância da participação da Colômbia na Conferência Espacial das Américas?
Brigadeiro Luis René Nieto Rojas, da Força Aérea Colombiana, comandante de Operações Aéreas e Espaciais: É importante que a Colômbia esteja presente nesta conferência, porque compartilhamos com o SOUTHCOM e o Comando Espacial dos EUA as intenções de fortalecer nossas capacidades espaciais. Esta conferência nos dá uma oportunidade única de poder compartilhar experiências, conhecer e alinharmo-nos com os novos projetos que estão sendo realizados nesta área, os quais são importantes de conhecer, pois podem enriquecer o programa espacial da Colômbia, no qual estamos trabalhando há mais de 15 anos.
Diálogo: A conferência reuniu 11 países do Hemisfério Ocidental. Como o senhor vê a integração desses países no setor espacial?
Brig Nieto: Os países participantes têm muitas inquietudes para encontrar as formas mais apropriadas para continuar a construir nossos programas espaciais; por isso, a conferência é vital precisamente para compartilhar essas experiências e buscar a melhor maneira de fortalecer nossas capacidades e continuar com os programas que temos.
Diálogo: Que progressos fez a Colômbia em matéria espacial?
Brig Nieto: Estamos prestes a lançar nosso segundo satélite, o FACSAT-2 Chiribiquete, no mês de abril. Em 2022, inauguramos o Centro de Operações Espaciais (SpOC) da FAC, localizado na Escola Militar de Aviação, na cidade de Cali. O SpOC possibilita a análise de informações geoespaciais para a observação da Terra e outras aplicações e integra o processamento de dados e análise de Big Data, o qual é um ativo estratégico para o país. Ao mesmo tempo, o SpOC reforça a parte operacional de todo o conceito espacial da FAC, permitindo o uso dessas capacidades para o benefício e bem-estar dos colombianos em áreas como gestão ambiental, gestão de riscos, recursos minerais e energéticos, saúde, informações básicas, planejamento urbano regional, sistemas produtivos, efeitos da mudança climática no país e aplicações de segurança e defesa.
Diálogo: Qual é o maior desafio da Colômbia em matéria espacial?
Brig Nieto: O principal desafio é poder continuar com o programa espacial FACSAT, para que a indústria espacial na Colômbia possa se desenvolver, incluindo a fabricação e integração de satélites no país, onde a capacidade científica das universidades se integre com a indústria e toda a experiência e conhecimentos adquiridos pela FAC em matéria espacial até o momento. A vontade política existe, mas precisamos concretizar leis e políticas de Estado que nos permitam consolidar a longo prazo nossa posição na corrida espacial na qual nos encontramos, com a árdua tarefa de constante estudo, pesquisa, inovação, planejamento e incursão tecnológica, para dominar no ar, no espaço e no ciberespaço, e para que o país se torne uma referência regional em projetos espaciais com um impacto positivo e benefício mútuo para todos na região.
Diálogo: Qual é o seu maior desafio à frente do Comando?
Brig Nieto: Meu desafio mais importante é a gestão e operação dos ativos espaciais, levando-os ao nível operacional multi-domínio. O outro desafio é o duplo uso das capacidades espaciais, a partir dos diferentes produtos. Estamos trabalhando com a convicção de persistir precisamente neste objetivo, com o apoio da área da educação com as universidades, empresas privadas e o Estado representados na FAC. Este desafio será realmente um fator de sucesso para o que queremos alcançar.
Diálogo: Qual seria sua mensagem para os países participantes desta conferência com relação ao tema?
Brig Nieto: Temos que unir-nos e trabalhar em equipe. Definitivamente, temos que dar esse passo, mas devemos estruturar projetos e programas bem fundamentados, com clareza, com fases que devemos seguir e com o apoio da experiência de países como os Estados Unidos e outros na região, que já deram esses primeiros passos.