Belize, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Estados Unidos, Guatemala, Honduras, México, Panamá e República Dominicana fazem pacto para sincronizar seus serviços de inteligência e cooperar nas operações de segurança contra os desafios comuns, como o narcotráfico e o crime organizado.
O compromisso foi assinado na XII Conferência Regional de Inteligência Centro-Americana (CRIC), patrocinada pelo Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM) e organizada pelas Forças Armadas de Honduras, entre os dias 16 e 18 de julho de 2019, em Tegucigalpa. A CRIC é um fórum para desenvolver estratégias de segurança.
“O acordo nos permite criar um sistema ágil de informação classificada que servirá como base para o planejamento das operações estratégicas e táticas na região”, disse à Diálogo o General de Brigada do Exército Germán Antonio Alfaro Escalante, chefe de Informação Estratégica C-2 das Forças Armadas de Honduras. “Essa determinação fortalecerá a comunicação eficaz, para antever as operações do crime organizado transnacional na região.”
Para otimizar o trabalho das forças militares e dos mecanismos de segurança e justiça, os especialistas decidiram desenvolver plataformas de comunicações para identificar grupos, líderes criminosos e compartilhar informações essenciais em tempo real durante o ano inteiro. Eles também traçaram as principais linhas de ação para a segurança: a luta contra as organizações criminosas transnacionais (OCT); a unificação de doutrinas e esforços; as operações combinadas; a capacitação e o treinamento.
Dados do Banco Interamericano de Desenvolvimento mostram que as organizações criminosas ameaçam a segurança e a prosperidade dos países do hemisfério ocidental a um custo estimado de 3,5 por cento do Produto Interno Bruto da região. O relatório América Central 2030, da Universidade Internacional da Flórida e Global Americans, destaca que as OCT são uma ameaça que ultrapassa as fronteiras da região centro-americana. Cerca de 90 por cento da cocaína que entra no mercado dos Estados Unidos flui agora através da Guatemala e de Honduras.
“O narcotráfico aumenta em 80 por cento a criminalidade, a prática de extorsão e as gangues e quadrilhas”, disse na CRIC o General de Exército (R) Fredy Santiago Díaz Zelaya, ministro da Defesa de Honduras. “Só unidos poderemos desenvolver as estratégias para combater os grupos associados que tantos danos causam ao país e à região.”
“Diante dessas organizações poderosas e violentas, os governos devem reavaliar e reorganizar suas forças de segurança para enfrentar melhor os criminosos”, diz o Real Instituto Elcano e o Centro de Estudos Estratégicos do Exército do Peru no relatório A transformação das Forças Armadas da América Latina diante do crime organizado. “Há muito tempo, os EUA vêm desenvolvendo estratégias apropriadas para responder às OCT, e os grupos terroristas dependem cada vez mais dos grupos criminosos para obter financiamento e apoio logístico”, garante o relatório.
“O esforço realizado pelo SOUTHCOM tem um grande valor, pois é uma entidade coordenadora de alto nível que faz com que a doutrina conjunta seja operacional”, disse o Gen Bda Alfaro. “O cenário não é fácil. O trabalho combinado pode fazer frente ao monstro de mil cabeças que dissemina suas redes criminosas nas diferentes instituições”, garantiu o General de Brigada do Exército Rene Orlando Ponce Fonseca, chefe do Estado-Maior Conjunto de Honduras, durante a CRIC.
Os esforços de Honduras para reduzir a atuação dos grupos criminosos são importantes; os resultados são palpáveis ao serem analisadas as operações nos últimos anos contra pessoas envolvidas em atividades ilegais. Mas estas “ações ainda não são suficientes [em nível regional], porque as OCT ameaçam os setores políticos, econômicos, sociais e diplomáticos”, finalizou o Gen Bda Alfaro.