Países autoritários como a China, o Irã e a Rússia encontraram uma porta de entrada através das ditaduras na América Latina, para ganhar influência na região, de acordo com o relatório América Latina necessita despertar, publicado pelo think tank norte-americano The Heritage Foundation.
“Essas nações se aproveitam da corrupção em Cuba, Nicarágua e Venezuela para ganhar influência, manipular processos eleitorais, infiltrar-se no aparato governamental e assumir o controle de setores empresariais estratégicos”, diz a fundação. “Os regimes socialistas combinam corrupção com autoritarismo.”
“O consórcio ditatorial nas Américas é liderado por Cuba e integrado por Venezuela, Nicarágua e Bolívia”, disse à Diálogo, em 16 de setembro, Carlos Sánchez Berzaín, diretor da ONG Instituto Interamericano para a Democracia, com sede nos EUA. “A ditadura de Cuba cumprirá 65 anos, a da Venezuela, 24 anos, a da Bolívia, desde 2006, e o retorno do sandinismo, em 2007.”
A ambição de Teerã, Pequim e Moscou na América Latina é criar um único território na região, controlado por essa aliança para conseguir expansão, informa na internet o jornal PanamPost.
“As ditaduras são narcoestados que concentram o poder e gerenciam a dominação por meio do terrorismo de Estado, por meio do poder judiciário ou da força de grupos governamentais, para gerar medo na população e, por meio desse medo, promover comportamentos que, de outra forma, não seriam possíveis”, acrescentou Sánchez.
Venezuela
Essas potências mantêm uma presença firme na Venezuela, exercendo sua influência nas esferas política, geoestratégica, ideológica e militar. Essa incursão, de acordo com um relatório emitido pela Universidade Militar de Nova Granada, na Colômbia, tem um efeito desestabilizador na região.
O relatório também aponta que as aspirações da Rússia em território venezuelano, para aumentar sua influência no Caribe, são de conhecimento público. Enquanto isso, a China está se concentrando em estabelecer relações comerciais, uma estratégia que Pequim geralmente emprega para consolidar sua presença geopolítica em diferentes partes do mundo.
O cenário iraniano é ainda mais complexo, pois sua presença está intimamente ligada ao fundamentalismo islâmico e às atividades terroristas para seus próprios interesses, aproveitando a fronteira venezuelana, que é muito fraca, informa Universidad Militar.
Uma rede transregional está sendo criada de Teerã a Caracas, por meio de rotas aéreas e marítimas que facilitam o tráfico ilegal de drogas, dinheiro e armas, em apoio ao grupo terrorista iraniano Hezbollah e a grupos armados na região latino-americana, diz Heritage.
“As ditaduras latino-americanas carecem de apoio popular e estão perdendo a credibilidade em suas respectivas revoluções e processos de mudança”, declarou Sánchez. “Sua sobrevivência depende, em grande parte, de seu envolvimento em atividades do crime organizado, o que leva a conspirações frequentes.”
O Irã também está cooperando com o regime venezuelano para fabricar drones de guerra, disfarçando-os sob acordos comerciais, observou o diário colombiano El Tiempo. “Isso marca o estabelecimento do primeiro programa de drones armados na América Latina. A Venezuela quer exportá-los.”
Nicarágua
A Nicarágua também está buscando consolidar seu relacionamento com Pequim, Moscou e Teerã. No entanto, essas relações estão levando o país a um cenário perigoso, porque os países mencionados querem transformar a América Latina em um território a partir do qual possam ameaçar os Estados Unidos, indica na internet a plataforma nicaraguense Despacho 505.
Rússia, China, Cuba e Irã não trazem nenhum benefício para a economia nicaraguense, afirma na internet 100% Noticias. Os créditos que Manágua recebe da Rússia são apenas para armas e tanques de guerra. As lutas com os Estados Unidos não lhe trarão salvação econômica com os regimes que afirmam ter linhas de vida econômicas.
“Apesar de sua tentativa de forjar uma aliança global de ditaduras, essa estratégia não está produzindo resultados positivos, pois as ditaduras fora do seu continente também não têm os recursos necessários para atender às demandas das ditaduras do castro chavismo”, disse Sánchez.
A ditadura nicaraguense e seus aliados buscam manipular a informação em sua totalidade, para silenciar a dissidência. Os sandinistas têm alianças com as ferramentas de desinformação do Kremlin, Russia Today e Sputnik, informa na internet o jornal independente Nicaragua Investiga. A Venezuela, por meio de Telesur, capacita os propagandistas dos Ortega-Murillo.
Cuba
Em junho, Havana e China assinaram um acordo confidencial segundo o qual Pequim estabelecerá uma nova base de espionagem eletrônica em solo cubano, para interceptar várias formas de comunicação na região. Em troca dessa colaboração, o regime chinês fornecerá uma soma significativa de bilhões de dólares à ditadura cubana, informa Nicaragua Investiga.
Mas os planos da China na América Latina vão além da espionagem de Havana. Desde o início do século, o Exército de Libertação Popular da China fez mais de 200 visitas de líderes seniores à América Latina e ao Caribe e opera 11 bases de rastreamento por satélite em toda a região, observa Heritage. Ele também controla 251 docas em 43 portos em todo o mundo.
Esses países autoritários fazem acordos envolvendo créditos de corrupção chineses, penetração militar e cultural iraniana, penetração militar russa, desenvolvimento nuclear e questões energéticas com Moscou, a fim de formar um bloco internacional em aliança com Cuba, Nicarágua, Venezuela e Bolívia contra o Ocidente e ganhar influência na região, observou Sánchez.
Democracias
As relações com a China, o Irã e a Rússia indicam riscos para as democracias e as economias: elas minam a transparência e a prestação de contas. Aumentam a subserviência econômica, a corrupção e a falta de regulamentação ambiental. Enfraquecem as vozes críticas em relação às violações dos direitos humanos e favorecem a desinformação e a propaganda para ditaduras e regimes autoritários, diz na internet Fundación Libertad, da Argentina.
Portanto, “há uma preocupação significativa com relação à coexistência de governos democráticos e ditaduras na região. Alguns não reconhecem abertamente que a única maneira de garantir a liberdade e a democracia é acabar com as ditaduras, começando pela de Cuba”, acrescentou Sánchez.