Em um histórico evento virtual, cinco nações das Américas se reuniram para discutir coordenação, cooperação e colaboração em oportunidades de pesquisas e desenvolvimento espacial.
A Conferência Espacial das Américas – que teve o patrocínio conjunto do Comando Espacial dos EUA (USSPACECOM, em inglês), do Comando Sul dos EUA (USSOUTHCOM, em inglês) e da Força Espacial dos EUA – foi um evento de dois dias realizado em 4 e 5 de novembro, alinhado com a estratégia do Departamento de Defesa dos EUA para cooperação de segurança multinacional e parceria estratégica.
Especialistas em defesa espacial dos Estados Unidos, Brasil, Chile, Colômbia e Peru participaram da conferência e, embora cada país tenha estratégias diferentes, há pontos naturais de convergência, disse o Tenente-Coronel da Força Aérea dos EUA Galen Ojala, diretor das Forças Espaciais do USSOUTHCOM nas Forças Aéreas do Sul.
“Esses pontos de convergência são oportunidades que temos para solucionar juntos os desafios”, acrescentou o Ten Cel Ojala.
As nações participantes coordenam seus esforços em acordos bilaterais regulares, mas a conferência foi um meio para identificar os desafios e as oportunidades em um fórum multilateral, disse o Tenente-Coronel do Exército dos EUA Peter Atkinson, chefe de Compromissos Internacionais do USSPACECOM.
“O espaço é um domínio fundamental para a segurança e o desenvolvimento de nossas nações e uma variável relevante para a colaboração multilateral entre as forças aéreas do continente americano”, disse o Brigadeiro da Força Aérea do Chile Francisco Torres, diretor de Operações.
O Contra-Almirante da Marinha dos EUA Mike Bernacchi, diretor de Estratégias, Planos e Políticas do USSPACECOM, considerou a conferência e os diálogos subsequentes uma oportunidade para “cultivar e fortalecer as grandes parcerias que mantemos com cada um de vocês”.
“Nossos compromissos espaciais são apenas o início para determinarmos quão forte poderá ser nossa colaboração futura”, disse o C Alte Bernacchi aos participantes, no dia 4 de novembro. “Ao permitir o diálogo sobre os tópicos da consciência situacional espacial, cooperação e planejamento, bem como das parcerias com a indústria espacial comercial e civil, esses e os futuros diálogos fortalecerão nossos respectivos programas espaciais e apoiarão o uso seguro e pacífico do espaço em todo o mundo.”
Ao reconhecer a extrema importância do espaço como um domínio novo e disputado, “onde não há linhas laterais”, esse é um dos períodos mais transformadores da história militar dos EUA, disse o C Alte Bernacchi. Os Estados Unidos contam com seus aliados e parceiros nas operações diárias, no planejamento e no desenvolvimento de estratégias para atingir os objetivos comuns.
“O lixo espacial, de qualquer tipo, não permanece em um só lugar. Ele atravessa o tráfego espacial de todas as nações”, disse o C Alte Bernacchi. “A única forma de combater isso verdadeiramente é dissuadir, impedir e estabelecer normas de comportamento responsável, como fizemos nos domínios marítimo, aéreo e terrestre.”
A cooperação e a coordenação são atributos que definem a segurança espacial e o sucesso compartilhado nesse domínio. As apresentações de pesquisas e desenvolvimento durante essa conferência foram mais um exemplo de onde os participantes podem criar parcerias, disse o Major-Brigadeiro da Força Espacial dos EUA William Liquori, subchefe de Operações Espaciais para Estratégia, Planejamento, Programas, Requisitos e Análise.
Durante uma das sessões, o Maj Brig Liquori enfatizou o interesse que as nações participantes compartilham para o avanço espacial.
“A melhor parte dessa conferência é poder ouvir suas opiniões hoje e reconhecer o caminho que temos à frente para continuarmos a trabalhar juntos, enquanto nos aventuramos nessa nova fronteira”, disse o Maj Brig Liquori. “Como nações soberanas, todos nós temos nossas próprias metas, nossos próprios objetivos. Mas temos também interesses compartilhados para garantir o acesso e o uso pacífico do domínio espacial.”
Cada vez mais pessoas em todo o mundo compreendem a importância do espaço em sua vida cotidiana – incluindo comunicações, navegação e previsão do tempo – e seria devastador para muitos perder essas capacidades, disse o Tenente-Coronel da Força Espacial dos EUA Bobby Schmitt, chefe do Elemento de Planejamento Integrado Espacial do USSOUTHCOM.
O Brigadeiro da Força Aérea do Peru Javier Martín Tuesta Márquez, líder da Agência Espacial do Peru, destacou os interesses comuns dos participantes em tópicos como a consciência situacional espacial, o clima espacial e o uso de imagens de satélite para atender a diversas necessidades, especialmente aquelas relacionadas à assistência humanitária em caso de desastres.
“As Américas viram um incremento da atividade espacial”, disse o Ten Cel Ojala. “Diversos ministérios civis e de defesa operam ativamente e buscam capacidades adicionais na indústria e no mundo acadêmico para o bem de seu povo e da segurança regional. Em um único sobrevoo da Terra, seus satélites apoiam o planejamento urbano, as estimativas de culturas durante a COVID-19, a aplicação da lei, o monitoramento do meio-ambiente e a segurança territorial.”
A Conferência Espacial das Américas girou em torno da busca incansável pelo desenvolvimento das capacidades espaciais e pela consolidação das alianças na América Latina, disse o Brigadeiro da Força Aérea da Colômbia Eliot Gerardo Benavides González, chefe do Comando de Recursos Humanos.
Essas questões são extremamente importantes “para que os cinco países envolvidos melhorem significativamente o acesso e a exploração do domínio espacial, visando o crescimento e o bem-estar de nossos povos”, acrescentou o Brig Benavides, “com um sólido compromisso com a pesquisa, a inovação, o desenvolvimento de nanossatélites, a inteligência artificial, a propulsão e diversas áreas de pesquisas em todo o espaço”.
Os debates durante a primeira Conferência Espacial das Américas foram comandados pelo Dr. Thomas Cooley, chefe cientista da Direção de Veículos Espaciais do Laboratório de Pesquisas da Força Aérea dos EUA. Cooley é um técnico civil de nível oficial superior.
“Esse evento foi extremamente útil para equalizar as diferentes visões das forças aéreas dos países aliados quanto aos tópicos importantes a serem desenvolvidos”, disse o Brigadeiro da Força Aérea Brasileira José Vagner Vital, vice-presidente executivo da Comissão de Sistemas Espaciais do Brasil. “Os interesses comuns foram identificados e as oportunidades de ações conjuntas foram enfatizadas. Sem sombra de dúvida, esse evento trouxe a perspectiva de um futuro promissor para as atividades multilaterais no espaço sideral para os países do continente americano.”