Diálogo conversou com o Coronel do Exército dos EUA John Dee Suggs, comandante do Instituto do Hemisfério Ocidental para a Cooperação em Segurança (WHINSEC), durante sua visita à sede do Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM), em Doral, Flórida.
Diálogo: A missão do WHINSEC é ser o primeiro instituto de treinamento educacional do hemisfério ocidental em segurança e defesa. Como fazem para alcançar esse objetivo?
Coronel do Exército dos EUA John Dee Suggs, comandante do WHINSEC: Nossa função como escola é educar e treinar. Nosso dever com a nossa profissão, o povo norte-americano e o povo latino-americano é formar líderes éticos. Fazemos isso como uma escola do Exército dos EUA, sob o Comando de Treinamento e Doutrina do Exército dos EUA, mas, como estamos educando oficiais e graduados da América Latina, os frutos de nosso trabalho são percebidos pelo SOUTHCOM e pelo Comando Norte dos EUA (NORTHCOM, em inglês), nos exercícios que realizam com nossos parceiros do hemisfério.
Diálogo: Qual é a importância do WHINSEC para as nações parceiras do hemisfério ocidental?
Cel Suggs: O WHINSEC não tem importância como um instituto “independente”. Em primeiro lugar, o WHINSEC é uma parte das Forças Armadas dos EUA, instituições que vêm treinando líderes éticos há mais de 200 anos. É o conhecimento coletivo de milhares de profissionais éticos que nos torna relevantes nos esforços para criar líderes éticos. Eu estaria errado se não destacasse que quase a metade dos nossos instrutores vêm das forças de segurança dos nossos parceiros regionais. Somos extremamente mais relevantes quando incluímos sua história e suas experiências. Nós não somos os Estados Unidos tentando dar aulas ou ensinar ao mundo. Somos uma equipe educativa internacional que trabalha por, com e através das forças de segurança das nossas nações parceiras.
Diálogo: Como o WHINSEC atualiza seu currículo para atender às novas demandas de cooperação para a segurança das nações parceiras da região?
Cel Suggs: O WHINSEC reúne o SOUTHCOM, o NORTHCOM, o Departamento de Estado dos EUA (DOS, em inglês) e as agências civis de manutenção da ordem pública. Anualmente, buscamos analisar e avaliar com esses agentes o valor e a conveniência de nossos cursos. Eles são então certificados em eficácia acadêmica pelo Comando de Treinamento e Doutrina do Exército dos EUA e depois por uma junta nomeada pelo Congresso, para garantir que estamos atendendo às diretrizes desta instituição quanto aos direitos humanos e valores democráticos.
Diálogo: Com quais tipos de mudanças educacionais está trabalhando a instituição?
Cel Suggs: O NORTHCOM e o SOUTHCOM nos pedem que façamos ajustes em alguns dos nossos treinamentos táticos. Um exemplo disso seria que não nos focássemos apenas na desminização durante o treinamento dos engenheiros, mas também na recuperação das estruturas danificadas para as operações de assistência humanitária e ajuda em desastres. Esse é um processo constante e leva em consideração as necessidades e os desejos dos nossos parceiros no hemisfério.
Diálogo: Como o WHINSEC promove a integração de gênero?
Cel Suggs: Fizemos um excelente trabalho ao promovermos a integração de gênero em nossos cursos táticos e médicos. Vemos a integração das mulheres em nossas salas de aulas, especialmente das forças policiais. No entanto, mais de 50 por cento da população é feminina. Enquanto não atingirmos 50 por cento da participação de alunas em nossos cursos, não teremos feito o suficiente.
As forças de segurança são historicamente dominadas pelos homens, mas isso precisa mudar. Ignorar 50 por cento da população não é apenas estar desinformado, mas é também o uso impróprio e deplorável dos recursos humanos. Trabalhamos muito com o NORTHCOM para patrocinar eventos que promovam a conscientização sobre esse assunto. Nossa Conferência de Mulheres, Paz e Segurança, realizada anualmente, foi transmitida ao vivo na nossa página do WHINSEC no Facebook [5 de fevereiro de 2020, https://facebook.com/WHINSEC]; tentarei conseguir alguns recursos adicionais do SOUTHCOM e do DOS no próximo ano [2021] para realizar o evento em um ambiente universitário.
Diálogo: Quais são os benefícios da interação dos alunos militares dos EUA com seus homólogos das nações parceiras?
Cel Suggs: As forças de segurança dos EUA lucram tanto quanto nossos parceiros com essa interação. Os EUA não têm o monopólio em matéria de inteligência, coragem, profissionalismo ou ideias. Como disse o Almirante de Esquadra da Marinha dos EUA Craig S. Faller, comandante do SOUTHCOM (e eu o estou parafraseando), nós influenciamos essas pessoas em todos os domínios: terra, mar, ar, espaço, cibernética e, o que é mais importante, compartilhamos os mesmos valores. Nossa função no WHINSEC é tornar o hemisfério um lugar melhor, um líder ético de cada vez. Nossas interações com nossos parceiros não apenas os tornam melhores. Elas também nos tornam líderes melhores e mais éticos.