A luta contra as cadeias do narcotráfico e seus líderes, bem como o desmantelamento das redes criminosas, têm sido a prioridade do ministro da Defesa da Colômbia, Diego Andrés Molano Aponte, desde que assumiu a pasta ministerial em fevereiro de 2021.
O ministro Molano conversou com Diálogo sobre diversas questões importantes para o setor de segurança e defesa, como a luta frontal contra o narcotráfico, a defesa da biodiversidade e as capacidades das Forças Militares e da Polícia Nacional em benefício dos cidadãos.
Diálogo: O Plano Esmeralda é a nova estratégia antinarcóticos da Colômbia. O que há de novo nessa estratégia para enfrentar o narcotráfico?

Ministro da Defesa da Colômbia, Diego Molano: A administração do presidente Iván Duque tem uma estratégia de luta contra o narcotráfico e contra os inimigos da Colômbia, como os dissidentes das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), o ELN (Exército de Libertação Nacional) e o Clã do Golfo, que com seus negócios de narcotráfico alimentam as estruturas criminosas e seus rendimentos, que afetam a estabilidade nacional. Não lhes daremos trégua e, para combater esses inimigos, temos ações muito importantes, como a campanha Militar e Policial Zeus, a campanha Naval Orion e agora o Plano Esmeralda, que são apoiados pelo Comando Sul dos Estados Unidos (SOUTHCOM). O Plano Esmeralda é uma estratégia que busca com a Polícia Nacional desenvolver ações especiais para atacar vários elos da cadeia do narcotráfico: narcotráfico cibernético, controle de insumos químicos, segurança e confiança para o comércio exterior, rendimentos criminais e controle judicial por via aérea. Isso com a criação de uma escola antidrogas que nos permita trazer as melhores experiências de trabalho para lutar contra o tráfico de drogas.
Diálogo: O senhor declarou que “os grupos armados organizados (GAOs) têm disputas sobre rendimentos criminais na Venezuela, com a conivência e o apoio das Forças Armadas Bolivarianas para tirá-los de lá e retirar os negócios criminosos e do narcotráfico que têm do outro lado”. Que ações realiza a Força Pública para deter os GAOs?
Ministro Molano: Todos os líderes do ELN estão na Venezuela e em Cuba, assim como importantes grupos de dissidentes das FARC, pois o regime de Nicolás Maduro protege esses grupos terroristas. Lá, eles disputam as linhas criminosas e essa disputa origina ações terroristas e violentas na Colômbia. Vimos isso em Arauca, no ataque ao presidente Duque no Norte de Santander, quando atacaram seu helicóptero, incluindo uma instalação militar como a Trigésima Brigada, onde estavam presentes consultores dos EUA. Desmantelamos algumas organizações e seus líderes, como Los Caparros, Los Pelusos e Los Puntilleros, e temos os casos do indivíduo conhecido como Otoniel, que foi capturado e estamos em processo de sua extradição para os Estados Unidos, e o do indivíduo conhecido como Fabián. Trabalhamos nas duas áreas de fronteira com o plano de Comando Conjunto Específico do Norte de Santander e o plano de intervenção em Arauca, que procuram impedir que esses grupos entrem na Colômbia para cometer atos criminosos, proteger a população civil e uma ofensiva para desmantelar as estruturas da dissidência das FARC e do ELN.

Diálogo: O Ministério da Defesa apresentou o relatório Contribuição para a verdade: contexto da Força Pública para a memória histórica. Qual é a importância dessa publicação e que resultados esperam obter?
Ministro Molano: Após o acordo de paz assinado em Havana [23 de junho de 2016], a Colômbia iniciou um processo de justiça transicional que tem umas instâncias, como a Jurisdição Especial para a Paz e a Comissão da Verdade, com o objetivo de esclarecer a verdade, garantir que haja um processo judicial e que não haja impunidade para aqueles que cometeram crimes contra a humanidade e violações dos direitos humanos. Esse relatório é histórico porque é a primeira vez que a Força Pública apresenta sua contribuição à verdade, mostrando que sempre agiu em estrita adesão à lei e aos direitos humanos e que foi vítima de um ataque sistemático com o objetivo de destruí-los, especialmente por aqueles que foram os líderes das FARC, que deixaram 403.532 vítimas, que foram submetidas a torturas, sequestros e minas antipessoais, entre outros. Por essa razão, o presidente Duque solicitou à Jurisdição Especial pela Paz que abrisse um macroprocesso contra os ex-membros das FARC, que cometeram crimes de guerra contra a Força Pública.
Diálogo: Quais são os resultados da Campanha Artemisa sobre a questão dos crimes ambientais e do desmatamento?
Ministro Molano: Pela primeira vez, o presidente Duque, em seu plano de desenvolvimento, estipulou que a água e as florestas são bens estratégicos da nação, que devem ser protegidos pela Força Pública. Na Colômbia, aproximadamente 200.000 hectares são desmatados por ano, devido à pecuária ilegal, ao tráfico de drogas ou ao uso extensivo e ilegal de madeira. Nosso objetivo é reduzir o desmatamento em 50 por cento até 2030. A campanha foi apresentada à OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) para mostrar que a Força Pública colombiana é pioneira nessa tarefa e busca proteger a Amazônia colombiana. A campanha conseguiu capturar e destruir infraestruturas que geram desmatamento. Por exemplo, conseguimos reduzir o desmatamento em 30 por cento nos departamentos de Meta, Caquetá e Guaviare no primeiro trimestre de 2021. De fato, dois dos membros mais perigosos dos dissidentes das FARC, conhecidos como Iván Mordisco e Gentil Duarte, foram acusados dos crimes de ecocídio, e inclusive elaboramos uma lista das 17 pessoas mais procuradas por este crime, 11 das quais já se entregaram à justiça.
Diálogo: Que inovações tecnológicas a indústria militar colombiana tem a oferecer?
Ministro Molano: A Marinha tem a Cotecmar, cuja principal inovação tecnológica em 2021 foi o desenvolvimento de 12 embarcações rasas, e está desenvolvendo a primeira embarcação oceanográfica. Temos a Corporação da Indústria Aeronáutica Colombiana, que apoia as capacidades da Força Aérea com inovações muito importantes, como as aeronaves remotas não tripuladas Coelum e Quimbaya, e temos o Indumil, que é nossa indústria militar que apóia as capacidades de armamento do Exército e que recentemente projetou a pistola Córdoba e o fuzil Santander.
Diálogo: Como o Ministério da Defesa está fortalecendo suas capacidades em operações de informação para combater a desinformação e as mensagens falsas que deslegitimam as ações da Força Pública?
Ministro Molano: Temos o Plano Democracia 2022 para garantir que as eleições do Congresso em março e as presidenciais em maio sejam livres e seguras para os colombianos. Um componente é o da cibersegurança e ciberdefesa, que é tratado internamente no Ministério da Defesa; temos um comando especial de cibersegurança e outro comando cibernético da Polícia. Com base nisso, procuramos fortalecer as capacidades tecnológicas, as competências do pessoal militar nesse campo e as capacidades para proteger-nos contra os ataques que possam ser feitos contra nós tanto por vírus ou por negação de serviço, quanto por campanhas de informação ou desinformação e, diante dessas ações, recebemos o apoio do SOUTHCOM.