A Voz da América conversou com Ariana Fajardo, promotora do distrito sul da Flórida, que revelou detalhes das acusações contra Nicolás Maduro, contra o presidente do Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela Maikel Moreno e sobre o dinheiro da corrupção venezuelana que entra no sistema bancário dos EUA.
No dia 26 de março, Fajardo participou do que denomina “uma histórica” entrevista coletiva, na qual, junto com o procurador-geral dos Estados Unidos William P. Barr, apresentou denúncias contra Nicolás Maduro e outros funcionários de alto escalão do governo ilegítimo da Venezuela, acusados de narcotráfico, terrorismo e tráfico de armas.
Fajardo explicou que três jurisdições nos EUA estão trabalhando em diversos casos relacionados ao governo ilegítimo da Venezuela: o distrito sul da Flórida, o distrito sul de Nova York e o distrito de Colúmbia.
No caso específico de Nicolás Maduro, ela declarou que as acusações são de narcotráfico e tráfico de armas. “Essas denúncias são relativas à conspiração que ele mantém como líder do Cartel dos Sóis e com o acordo que tem com as FARC [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia]”, informou Fajardo.
“Maduro é acusado de ser o líder do Cartel dos Sóis. Assim sendo, as pessoas que trabalham sob seu comando são as responsáveis pelas negociações com as FARC. Essas são as alegações”, acrescentou a promotora.
No entanto, Fajardo disse que a acusação apresenta duas situações específicas, uma em 2006 e outra em 2013, durante a gestão de Maduro como chanceler, na qual se evidenciaria a sua relação com o narcotráfico.
“Toneladas de cocaína provenientes da Venezuela, em 2006, foram para o México, onde as autoridades mexicanas as confiscaram, e a Venezuela precisou intervir nessa situação”, explicou a promotora.
“Em 2013, Nicolás Maduro supostamente estaria aqui nos EUA, para uma reunião nas Nações Unidas (…), e ele a cancelou na última hora porque, como havia ocorrido em 2006, desta vez a França tinha confiscado várias toneladas de drogas do Cartel dos Sóis”, disse.
Fajardo explicou que entre as acusações também constam indícios da permissão para que as FARC entrassem e operassem na Venezuela.
Entretanto, ela é enfática ao afirmar que “quando falamos das FARC, não estamos falando das FARC que fizeram acordo de paz e as FARC que fazem parte do governo colombiano (…). Estamos falando da fração que não quis a paz e que permaneceu nas montanhas”.
Fajardo disse ainda que o grupo não apenas recebeu espaço e dinheiro para traficar drogas, mas também recebeu armas e proteção.
Quanto ao magistrado Maikel Moreno, presidente do máximo tribunal de justiça do país, a promotora relata que “na solicitação de visto apresentada para entrar nos EUA, ele declarou que por seu trabalho como juiz na Venezuela recebia US$ 12.000 por ano. Quando começamos a investigar a situação aqui nos EUA, ele tinha depósitos de US$ 3 milhões em sua conta bancária (…), e essa é apenas uma conta”.
A promotora informou que, além desses casos, nos últimos 18 meses, desde que criou uma unidade especial na Promotoria para eles, “já acusamos uma dezena de venezuelanos e congelamos US$ 450 milhões nos bancos aqui dos EUA”.
Apesar de toda essa situação, a promotora não deixa de ressaltar que o ocorrido “é um fato histórico, honestamente. Veremos o que vai acontecer – nunca se sabe –, mas sempre é preciso ter esperanças de que a liberdade chegará à Venezuela em algum momento”.