A inclusão da mulher no Exército do Peru é uma tendência institucional crescente. A instituição militar abriu formalmente suas portas às mulheres em 1997, com a Lei 26628 proclamada em 1996, que lhes permitiu o acesso às escolas de formação de oficiais e graduados das Forças Armadas.
A Tenente-Coronel de Intendência Katherine Castillo Mormontoy é uma das diplomadas da primeira classe de mulheres e é agora a primeira mulher a ser membro do Comitê de Assessores da Secretaria do Comando Geral do Exército do Peru. Diálogo conversou com ela sobre sua vida militar e seu progresso na instituição militar.
Diálogo: A senhora é a primeira mulher do Exército do Peru que faz parte do Comitê de Assessores da Secretaria do Comando Geral do Exército. O que esta posição significa para a senhora?
Tenente-Coronel de Intendência Katherine Castillo Mormontoy, do Exército do Peru: Esta é a primeira vez que uma mulher é membro do Comitê de Assessores da Secretaria do Comando Geral e representa definitivamente um grande compromisso, pois o resultado dessa experiência provavelmente criará um precedente para que outras mulheres possam ocupar esses cargos e possamos demonstrar que temos as capacidades profissionais suficientes e necessárias para fazer um bom trabalho e desempenhar um papel adequado.

Diálogo: Qual é o seu papel no comitê?
Ten Cel Castillo: O comitê assessora o comando da instituição sobre questões operacionais internas e sobre questões externas, basicamente em gestões com outras atividades do Estado ou entidades privadas; estamos encarregados de realizar uma série de estudos e apresentamos recomendações para melhorar o bom funcionamento da instituição. Creio que surgimos como articuladores, porque muitas vezes as decisões do senhor comandante geral do Exército envolvem uma série de departamentos de nossa instituição, então estamos encarregados de integrar todos os seus esforços e resultados para que sua decisão seja finalmente implementada.
Diálogo: Quais são seus principais desafios nesta posição?
Ten Cel Castillo: Penso que, como mulher, inicialmente, é tentar desempenhar meu cargo da maneira mais profissional possível, pois seria uma grande satisfação para mim ver mulheres nomeadas para este comitê nos próximos anos. Da mesma forma, outro desafio para mim como membro do Comitê de Assessores é garantir que algumas de nossas recomendações tenham um impacto positivo sobre o funcionamento de nossa instituição.
Diálogo: Qual considera ser seu maior desafio como mulher nas fileiras do Exército do Peru?
Ten Cel Castillo: Minha graduação é a primeira classe de oficiais a se formar na Escola Militar de Chorrillos, há mais de 20 anos. Entrar na Escola Militar pela primeira vez foi o primeiro desafio que tivemos que enfrentar. Mas, se há uma coisa pela qual tenho que ser grata, é que o Exército do Peru abriu suas portas desde o início, nos deu as armas e ferramentas necessárias para que pudéssemos atuar da maneira mais apropriada possível. Hoje, com grande orgulho, posso dizer que no Exército do Peru existem atualmente comandantes femininas que estão servindo como chefes de unidade tão bem quanto os homens. Além disso, no momento, minha irmã, que foi promovida a comandante este ano, é a primeira comandante de unidade que trabalha em uma zona de fronteira em Caballococha, que é a fronteira entre a Colômbia, o Brasil e o Peru, e ela está fazendo isso de uma maneira muito profissional.
Diálogo: Qual é seu sonho ou seu objetivo a alcançar dentro das fileiras do Exército do Peru?
Ten Cel Castillo: Se falarmos de um objetivo pessoal, creio que, como qualquer outro militar, é o fato de continuar avançando em minha carreira militar, ter a oportunidade de assumir este tipo de cargo ou posição, onde se possa demonstrar sua capacidade profissional e ser capaz de assumir desafios, pois é realmente disso que se trata nossa profissão, ter uma missão, a maneira de enfrentá-la, analisá-la e dar o melhor de nós mesmas para que dessa maneira possa ter um impacto positivo, pois no final não só nos afeta, mas tem um impacto sobre a instituição e todos aqueles que fazemos parte dela.
Diálogo: Em 20 anos de serviço militar, como a senhora vê o avanço das mulheres, a questão de gênero, dentro das Forças Militares do Peru?
Ten Cel Castillo: Definitivamente, muito difundido, muito promovido. Na atualidade, não há limitações quanto à atribuição de cargos e responsabilidades. Atualmente, a Diretoria de Pessoal do Exército tem um departamento de gênero onde, através de uma série de políticas institucionais, procuram promover precisamente esta situação. Acredito que em 20 anos nos desenvolveremos muito mais neste campo do que estamos neste momento.
Diálogo: Como a senhora combina a vida militar com a vida pessoal?
Ten Cel Castillo: Creio que esse também tem sido um dos grandes desafios que tive que enfrentar como militar. Sou uma mulher casada, tenho 18 anos de matrimônio e tenho dois lindos filhos. Acho que a parte mais difícil é provavelmente carregada por eles, pois como militares eles nos transportam para diferentes lugares de nosso país. Entretanto, acho que quando há amor, respeito e ideais comuns, vemos uma maneira de fazer com que isso funcione. Meu marido serve atualmente como comandante de unidade no 515º Batalhão da Selva em Santa Teresa, Caballococha, no nordeste do país, e eu trabalho em Lima. No entanto, vemos a maneira de fazer nosso casamento funcionar, porque acredito que é exatamente esse o objetivo do equilíbrio entre a família e a profissão, sem ter que desistir de nenhuma das duas coisas que amamos, porque acredito que podemos fazer isso juntos.