Entrevista com o Subtenente Adjunto de Comando do Exército dos Estados Unidos Alexander Aguilastratt, suboficial sênior da Força-Tarefa Conjunta Bravo (JTF-Bravo, em inglês), realizada no dia 10 de janeiro de 2020.
Como o senhor descreveria a situação atual da JTF-Bravo?
Subtenente Adjunto de Comando do Exército dos EUA Alexander Aguilastratt, Força-Tarefa Conjunta Bravo: Eu a descreveria em uma palavra: relevante. A JTF-Bravo tem estado presente durante muito tempo, mas em um determinado momento ficamos estagnados no “que costumava ser”. Como qualquer graduado, criamos as nossas próprias iniciativas de graduados seniores para apoiar o objetivo do comandante. É sumamente importante cuidar da nossa área de operações conjuntas, mas também nos expandimos para a América do Sul em áreas que são importantes para o comando combatente, como o desenvolvimento dos graduados.
Qual é a importância de uma perspectiva histórica e cultural para os membros da JTF-Bravo e como isso afeta seu modelo para tomadas de decisões?
S Ten Aguilastratt: A perspectiva histórica tem muito a ver com a conscientização cultural. Precisamos adaptar a conscientização cultural às necessidades dos nossos militares. Não se trata apenas da capacidade de linguagem, mas também vou roubar a narrativa do nosso comandante de combate, que diz que todos somos americanos – compartilhamos valores, vivemos no mesmo continente. Temos uma vantagem que nossos adversários não têm. Eles são invasores aqui e estão tentando injetar um conjunto de valores que não compartilhamos, que não se adequam aos valores desse hemisfério. Tomamos em consideração nossa individualidade – nossas forças e as forças das nossas nações parceiras – e sabemos agora o que é importante para elas e importante para nós, e trabalhamos nisso. Nós celebramos nossas metas comuns e nossos objetivos comuns, assim como nossos valores, e também celebramos nossas diferenças – e isso está bem.
Como o senhor se comunica com os graduados juniores sobre os impactos estratégicos?
S Ten Aguilastratt: Por mensagens. Uma forma de conectá-los é com o desenvolvimento do corpo de graduados. Vou lhe contar a respeito de um dos meus momentos de maior orgulho. Fomos convidados para a Conferência Sul-Americana de Defesa no ano passado e fui convidado a falar para os presidentes sul-americanos e seus graduados seniores; na realidade, eu só fiz exibir o grande trabalho que nossos graduados homens e mulheres fazem aqui: como um segundo-sargento ou um primeiro-sargento é responsável pela única pista adequada ao C-5 no hemisfério; como nossos chefes de tripulação [1º Batalhão do 228º Regimento de Aviação] e nossos primeiros-sargentos e nossos terceiros-sargentos mantêm nossos helicópteros voando sobre um terreno muito semelhante à região [do Comando Indo-Pacífico]; como o nosso batalhão [das Forças do Exército] mantém tudo funcionando, desde a proteção da força até a manutenção geral, com três componentes.
Isso funciona no nível de graduados e todos os membros têm voz. Para nós, isso é o dia a dia, mas quando saímos do escopo de nossas próprias forças armadas e ouvimos os comentários das nações parceiras, vemos como nosso corpo de graduados é especial.
Um outro grande momento foi quando fomos convidados pelo [Exército Sul dos EUA] – e ficamos extremamente gratos por isso – para aumentar a sua equipe no planejamento da Vanguarda Sul no Chile. Poderíamos ter enviado planejadores e isso teria sido bom, mas decidimos enviar dois subtenentes. Esses rapazes e sua experiência em combate e nos centros nacionais de treinamentos deram forma àquele exercício. Nossos homólogos chilenos fizeram o máximo possível para levar todos os seus graduados para a base para ouvir o que tínhamos a dizer.
Acredito que essa seja a abordagem correta para o desenvolvimento dos graduados no hemisfério, para ensinar ao corpo de oficiais como os nossos graduados são importantes. Uma das frases essenciais foi a do Subtenente Adjunto de Comando Zickefoose, que chamou a atenção sobre o porquê o corpo de graduados é importante na América Latina. O que ele disse foi: “Uma nação do século XXI que queira vencer guerras não pode prescindir de um corpo de graduados”. A mensagem constante para nossos homens e mulheres sobre quão importantes eles são e aquilo que estão fazendo – que eles são o último bastião tático protegendo a pátria – aumenta o orgulho, levanta a moral, aumenta a disciplina, o que é extremamente importante, e cria o sentido de objetivo que qualquer profissional, seja soldado, marinheiro, piloto ou fuzileiro naval, precisa ter para funcionar.
Qual é a importância de desenvolver líderes, e como isso ajuda a formar nossa equipe?
S Ten Aguilastratt: O comandante me habilitou para desenvolver nossos graduados. Nós precisamos mantê-los responsáveis por estarem no ponto de atrito – o ponto crítico. Na JTF-Bravo temos agora os graduados trabalhando nas operações diárias e planejando nos níveis operacional e estratégico. Por exemplo, nosso sistema de gerenciamento de conhecimentos não existia há aproximadamente 60 dias. Agora, uma suboficial da Força Aérea está encarregada disto. Por iniciativa própria, ela assumiu essa função, e agora temos uma página de gerenciamento de conhecimentos – algo que perpetuará o objetivo do comandante.
Nossos chefes de tripulação voam em missões que são inerentemente perigosas, desde o planejamento até a execução, a recuperação e as ações posteriores. O [1º Batalhão do 228º Regimento de Aviação] não é uma unidade de aviação comum – ele não tem um elemento de recuperação, então eles precisam fazer tudo por si mesmos. Quando precisaram fazer um pouso preventivo no meio da selva na Costa Rica, eles se recuperaram sozinhos. Eles operam em terrenos árduos, em água, em missões inerentemente perigosas. Nossos médicos são reservistas, mas sua importância para a prontidão do Exército é muitas vezes subestimada. Eles estão em uma região do mundo onde podem realizar cirurgias em exercícios médicos regularmente. Ou seja, eles veem ferimentos à bala, veem queimaduras de todos os tipos e realizam cirurgias, tudo no campo e sob condições difíceis.
Isso se tornará cada vez mais importante onde tivermos que efetuar combates, onde as capacidades cirúrgicas e médicas devem estar extremamente perto da linha de frente das tropas para salvar vidas. Esses rapazes estão treinando e desenvolvendo sua capacidade de prontidão para a força conjunta. Quando chegamos ao ponto de atrito, colocamos em prática as lições aprendidas e as executamos novamente, cada vez melhor e melhor e melhor. Erros são aceitáveis – aprendemos com nossos erros e seguimos adiante. Desenvolvemos nossos líderes e não aceitamos padrões, mas aprendemos à medida que avançamos, e nos desenvolvemos seguindo adiante. Assim, estou muito feliz com nosso povo – extremamente feliz e extremamente orgulhoso.