A Colômbia lançou, em julho de 2021, o Plano de Aceleração de Ação Unificada, para fortalecer a coordenação interinstitucional e reforçar a presença do Estado em algumas zonas do território nacional, com o objetivo de levar investimento social, obras de baixa complexidade, ferramentas para melhorar a convivência nesses territórios e segurança. Diálogo conversou com a vice-ministra da Defesa para Políticas e Assuntos Internacionais da Colômbia, Sandra Álzate Cifuentes, sobre esse plano e suas implicações para o país.
Diálogo: Em que consiste o Plano de Aceleração de Ação Unificada?
Vice-ministra da Defesa para Políticas e Assuntos Internacionais da Colômbia, Sandra Álzate Cifuentes: É um plano que construímos a partir do Ministério da Defesa Nacional, como uma iniciativa para articular toda a ação civil e militar, junto com as principais entidades sociais a nível nacional. Para mim, é um sonho feito realidade. É uma coordenação interinstitucional para reforçar a presença do Estado nas regiões mais vulneráveis do país. Por um lado, permite uma coordenação no interior do setor da Defesa com a ação integral e a prevenção policial, da qual participam o Exército Nacional, a Força Aérea, a Marinha Nacional e a Polícia Nacional, aos quais se soma a articulação da intervenção e do investimento social de instituições tão relevantes como a Defesa Civil Colombiana, o Departamento para a Prosperidade Social, o Instituto Colombiano de Bem-Estar Familiar (ICBF), o Serviço Nacional de Aprendizado (SENA) e a Unidade para Atenção e Reparação Integral às Vítimas, entre outras. Todas essas instituições se uniram a esse esforço para levar uma presença prática, real e imediata de possibilidade de acesso por parte das populações muito afetadas pelo conflito, tanto nas zonas rurais como nas zonas urbanas de nosso país, com o objetivo de recuperar a confiança das comunidades em suas instituições, legitimar a presença do Estado, avançar no fortalecimento da governança dos territórios e estreitar os laços entre as comunidades e a força pública para o desenvolvimento e o bem-estar das comunidades com as quais trabalhamos.
Diálogo: Como as Forças Militares da Colômbia, a Polícia Nacional e outros organismos do Estado coordenam a execução do plano?
Vice-ministra Álzate: Temos o respaldo total das instituições participantes. Temos contatos permanentes em cada uma das instituições envolvidas, os quais operam lado a lado com uma equipe de trabalho no interior do escritório que eu lidero, que é responsável por realizar as coordenações logísticas que cada jornada interinstitucional requer no âmbito territorial, bem como dar continuidade aos compromissos que surgem a partir dessas visitas.

Pretendemos realizar 33 jornadas em 22 municípios de 13 estados do país. Nesses locais prioritários, estamos trabalhando desde o dia 5 de agosto deste ano e projetamos intervenções até o mês de junho de 2022; a partir daí surgirão novas prioridades. Esse plano se mostrou tão impactante que, a partir das jornadas realizadas, os sindicatos de produção estão nos procurando para se juntarem a esse processo, porque eles também querem fazer um aporte, uma contribuição para proporcionar sua oferta e seu apoio, com ações específicas de desenvolvimento econômico e social para as comunidades participantes.
Diálogo: O plano realiza jornadas interinstitucionais. Que resultados teve a primeira jornada realizada em Sardinata, em Norte de Santander, no dia 6 de agosto de 2021?
Vice-ministra Álzate: Sardinata é um município localizado na região de Catatumbo, uma das regiões mais complexas em termos de ordem pública, devido à presença de diversos agentes ilegais nessa área. Na jornada, contamos com a presença do prefeito do município, o Dr. Hermides Moncada, que se uniu à Secretaria de Governo do estado de Norte de Santander. Conseguimos a presença de mais de 812 pessoas em uma área urbana com uma população estimada em 9.264 habitantes. O município nunca havia recebido uma jornada dessa magnitude e natureza, pois foram realizados eventos lúdicos, atividades culturais e recreativas, atividades esportivas, mercados rurais, orquestras musicais, além de ações para o fortalecimento de prevenção, convivência e segurança cidadã, entre outros.
Por exemplo, a Defesa Civil atendeu 487 pessoas com assistência pré-hospitalar, capacitações em prevenção, capacitação em primeiros socorros, atividades de ascensão vertical e distribuição de ajuda humanitária. O Grupo de Atenção Humanitária ao Desmobilizado contribuiu com atividades de prevenção e sensibilização, para evitar o recrutamento forçado de meninos, meninas e adolescentes, ação muito relevante para evitar que os jovens caiam nas redes das organizações criminosas presentes na região. O Corpo de Bombeiros realizou palestras sobre a profissão de bombeiro, apresentou a rota do veículo de bombeiros e atividades lúdicas e de prevenção. O ICBF distribuiu alimentos de alto valor nutritivo, realizou acompanhamento psicossocial e nutricional para 11 famílias e, ao mesmo tempo, fez triagem nutricional acompanhada de diagnóstico nutricional. O SENA deu informações sobre seus programas de formação profissional integral.
Diálogo: Qual é seu maior desafio ao liderar esse plano?
Vice-ministra Álzate: O maior desafio será o foco do plano. A preparação realizada nos permitiu predefinir territórios realmente complexos. A apenas uma semana do início das jornadas interinstitucionais, recebi solicitações de pelo menos três regiões que querem que levemos esse tipo de iniciativas e intervenções a seu território. Ter que dizer “não” será muito complexo e, por isso, queremos incrementar nossa rede de parceiros para termos capacidade de atender a todas as demandas que receberemos.
Diálogo: Na sua opinião, qual será sua maior contribuição para as Forças Militares da Colômbia?
Vice-ministra Álzate: Como mulher, eu me sinto orgulhosa de fazer parte desse setor, considerado muito masculino, e evidenciar que cada vez há mais mulheres liderando a força pública, as quais puderam assumir funções e responsabilidades, tanto nas Forças Militares quanto na Polícia Nacional, o que imprime um selo, uma garantia de uma visão mais integral na adoção da política nacional. Tem sido uma preocupação do presidente Iván Duque Márquez e de nosso ministro Diego Molano, por exemplo, que tenhamos o Gabinete de Gênero nas diversas forças e, nesse momento, estamos justamente na formação da equipe que realizará esse processo a partir do Ministério. As mulheres somos chamadas para contribuir com nosso grão de areia, com nossa visão, às políticas de defesa e segurança nacional, bem como à sua implementação.
Por outro lado, creio que se trabalharmos com convicção e orgulho pátrio, compreendendo os desafios que temos, juntos poderemos mudar a realidade do país, porque somos capazes de trabalhar com aliados tão importantes como o Comando Sul e o governo dos Estados Unidos, que têm sido nossos principais parceiros na região durante muitos anos.