A Marinha de Guerra do Peru desenvolveu o primeiro respirador artificial feito exclusivamente no país para responder à crise do coronavírus.
O respirador recebeu o nome de Samay, que significa “respira” em quéchua, e foi construído por uma equipe de engenheiros da Marinha, universidades e empresas privadas peruanas, sob a liderança das Forças Armadas. Cerca de 10 unidades do ventilador pulmonar já foram fabricadas e postas à disposição do Centro Médico Naval da Marinha em meados de abril.
“Essa é uma grande contribuição da Marinha de Guerra do Peru para os cidadãos nesses tempos tão difíceis e uma demonstração de como a criatividade, a capacitação e o profissionalismo dos membros da Marinha peruana podem levar-nos a concretizar essas ações tão importantes”, disse o Almirante de Esquadra Fernando Cerdán Ruiz, comandante geral da Marinha de Guerra do Peru.
No dia 19 de março, apenas três dias após o anúncio do presidente peruano Martín Vizcarra declarando o estado de emergência no país devido à pandemia, a equipe de engenheiros, liderada pelo Capitão de Mar e Guerra Jorge Dorrego Arias, subdiretor de Pesquisa Científica e Desenvolvimento Tecnológico da Marinha, entrou em ação no Centro Médico Naval. Duas semanas depois, após longas horas de trabalho, o protótipo foi apresentado.
“Foram utilizados componentes industriais que podem ser usados constantemente”, explicou o engenheiro Nicolay Vinces Ramos, coordenador de Engenharia Mecatrônica da Universidade Peruana de Ciências Aplicadas, sobre a unidade cuja fabricação custa cerca de US$ 5.000,00.
“O aparelho cumpre os requisitos mínimos necessários estabelecidos pela junta médica, para garantir e dar uma oportunidade de vida aos que dele precisarem”, explicou o CMG Dorrego Arias.
Diante da grande demanda mundial de respiradores artificiais para os pacientes infectados pela COVID-19 e do preço elevado das unidades, o projeto da Marinha é essencial para salvar vidas. Segundo a revista médica internacional The Lancet, a COVID-19 afeta o sistema respiratório e pode causar a síndrome de dificuldade respiratória aguda, que requer a utilização de um ventilador pulmonar.
O Centro de Pesquisa em Engenharia Médica da Pontifícia Universidade Católica do Peru informou em seu website que o país contaria com 300 respiradores de alto padrão, cujo preço pode chegar a US$ 50.000,00. Em um anúncio divulgado na televisão no dia 4 de abril, o presidente Vizcarra considerou o projeto da Marinha um grande passo na estratégia do governo, visto que a entrega dos respiradores mecânicos no mercado internacional leva de três a seis meses.
“Nós o queremos agora […]. Se tivermos essas 10 unidades em 10 dias, talvez dentro de um mês possamos fazer as primeiras 100 unidades. Nós forneceremos os recursos necessários”, disse Vizcarra sobre os respiradores que serão entregues ao Ministério da Saúde para sua distribuição.