Conduzir operações militares para salvaguardar as fronteiras do norte do Peru como comandante geral do Comando Operacional do Norte; liderar as unidades de combate ao terrorismo e ao tráfico ilícito de drogas no centro-oeste, no coração do vale dos rios Apurímac, Ene e Mantaro (VRAEM); e comandar a II Brigada de Infantaria são algumas das experiências do chefe do Comando Conjunto das Forças Armadas do Peru (CCFFAA), General de Exército Manuel Jesús Martín Gómez de la Torre Araníbar.
O Gen Ex Gómez de la Torre, que tem mais de 35 anos de serviço militar profissional, conversou com Diálogo sobre a missão de desmantelar o Partido Comunista do Peru Marxista-Leninista-Maoísta (PCP-MLM) e quebrar sua aliança com o narcotráfico, entre outros temas.
Diálogo: Como o Comando Especial VRAEM (CEVRAEM) está se preparando para neutralizar as ações criminosas na “zona dura” e proporcionar segurança a seus habitantes?
General de Exército Manuel Gómez de la Torre Araníbar, chefe do Comando Conjunto das Forças Armadas do Peru: No CEVRAEM, contamos com forças conjuntas do Exército, da Marinha, da Força Aérea e, de forma integrada, com a Polícia Nacional e nosso componente de Forças Especiais; da mesma forma, nas últimas operações, temos coordenado muito estreitamente com o Ministério Público, já que as operações que realizamos respeitam os direitos humanos e o direito internacional humanitário de forma irrestrita. O pessoal do CEVRAEM tem muito boa capacitação, treinamento e equipamento para a condução de suas operações, já que este comando operacional especial tem a missão específica de cumprir a tarefa de desmantelar o comitê central e todos os elementos terroristas do PCP-MLM que ainda existem nessa região. Temos também o Comando de Inteligência e Operações Especiais Conjuntas (CIOEC), que realiza operações de apoio ao CEVRAEM, o que nos permitiu trabalhar com diferentes comandos simultaneamente, com uma excelente coordenação e excelentes resultados.
Diálogo: Precisamente, o senhor fala dos excelentes resultados. Que conquistas obtiveram até agora em 2022?
Gen Ex Gómez de la Torre: O CEVRAEM foi criado em março de 2008 e, ao longo do tempo, as unidades que participaram da luta contra o terrorismo e outras atividades ilícitas, como o narcotráfico neste setor, conseguiram neutralizar um bom número dos principais líderes e membros do terrorismo. Em 2022, os resultados são evidentes nas operações nos níveis de grupo de combate, patrulha e força-tarefa. Por exemplo, a Operação Patriota contra o comitê central do PCP-MLM, em 11 de agosto de 2022, resultou em uma importante captura de armas, equipamentos de comunicação, suprimentos, medicamentos, explosivos etc.
Diálogo: Essa luta contra o narcotráfico e organizações criminosas é apoiada por um trabalho conjunto com os Estados Unidos?
Gen Ex Gómez de la Torre: Sempre tivemos um excelente relacionamento com os Estados Unidos e atualmente temos um oficial de ligação no Comando Sul. Trabalhamos com o grupo de apoio militar que está na Embaixada dos EUA em Lima, com o qual temos uma coordenação permanente para uma série de exigências e necessidades, como, por exemplo, o apoio com ferramentas de inteligência, capacitação, treinamento, intercâmbios e ações que finalmente nos permitiram ter o sucesso que esperamos no campo de batalha, quando se trata de conduzir operações.
Diálogo: Na mesma linha de cooperação, contam com novas alianças entre as Forças Armadas de seu país e a Guarda Nacional da Virgínia Ocidental?
Gen Ex Gómez de la Torre: Precisamente, em agosto de 2022, recebi a visita do General de Brigada William E. Crane dos EUA, general auxiliar da Guarda Nacional da Virgínia Ocidental, com o objetivo de criar a base para futuros acordos de cooperação, para fortalecer as capacidades militares dentro do Programa de Parceria Estatal. Entre os tópicos discutidos, compartilhamos experiências em gestão de risco de desastres naturais, exercícios multinacionais e operações de ajuda humanitária, entre outras. Por exemplo, quanto ao tema dos desastres naturais, estamos tentando fortalecer certos pontos de capacitação, como a preparação do nosso pessoal que participa nas operações de paz das Nações Unidas.
Diálogo: E, para terminar, que novidades tem em relação aos direitos humanos e ao Direito Internacional Humanitário?
Gen Ex Gómez de la Torre: Eu me lembro que, como 1º ou 2º tenente, eu carregava um pequeno vade-mécum de direitos humanos no bolso do meu uniforme. Sempre nos preocupamos com o respeito aos outros; assim como a disciplina é fundamental dentro da instituição, o respeito entre nós e para com a população é igualmente básico. Os direitos humanos estão no currículo dos diferentes níveis de educação das Forças Armadas; o Ministério da Defesa tem o Centro de Direito Internacional Humanitário e Direitos Humanos das Forças Armadas do Peru, que tem prestígio internacional e oferece cursos para o pessoal militar e civil. Hoje é essencial contar com assessores jurídicos operacionais, que são os assessores jurídicos de carreira, que seguem cursos de direito operacional e que fazem parte dos Estados-Maiores, inclusive participando da tomada de decisões, para que as operações sejam sempre enquadradas sob os parâmetros de proteção de direitos.