As forças de segurança peruanas realizaram a Operação Patriota, que resultou na neutralização de 15 terroristas do Sendero Luminoso (SL), na apreensão de armas e no desmantelamento do seu sistema de comunicações, informou à imprensa o General de Exército Manuel Gómez de la Torre, do Exército do Peru, chefe do Comando Conjunto das Forças Armadas.
A operação na região de Vizcatán, no Vale dos rios Apurímac, Ene e Mantaro (VRAEM), na segunda quinzena de agosto, envolveu mais de 150 militares e policiais que entraram em territórios ocupados por uma facção liderada pelo terrorista Víctor Quispe Palomino, conhecido como José, que foi ferido durante os confrontos e está entre os criminosos mais procurados pela Administração para o Controle de Drogas dos EUA (DEA).
“Sem dúvida, a Operação Patriota enfraqueceu e desmantelou a estrutura do SL no VRAEM. Isto fica evidenciado pelo desespero que eles emitiram através das comunicações por rádio durante [o destacamento] e após a retirada das Forças Armadas da área de operações”, disse à Diálogo o Almirante de Esquadra (R) Mario Sánchez Debernardi, da Marinha de Guerra do Peru, conselheiro independente de defesa e segurança, em 12 de setembro. “Suas comunicações, que normalmente são criptografadas, foram transmitidas em linguagem simples; eles estavam preocupados com a localização e a saúde do vulgo José.

Durante a operação, foram encontrados e apreendidos armamentos longos e curtos, minas antipessoais, munições, explosivos, granadas e foguetes, assim como laptops, discos rígidos, arquivos USB e uma grande quantidade de documentação, incluindo seu material de comunicação; “isto é importante porque nos permitiu desmantelar completamente seu sistema de comando, controle e comunicação”, acrescentou o Gen Ex Gómez de la Torre.
O Almirante de Esquadra (R) Francisco Calisto Giampietri, da Marinha de Guerra do Peru, que liderou o Comando de Inteligência e Operações Especiais Conjuntas (CIOEC), disse à Diálogo que a precisão alcançada pelas forças da lei e da ordem obedece a um trabalho paciente de monitoramento e inteligência, pois eles tinham que desviar de um território localizado em uma zona de selva com vegetação densa e difícil de entrar, por causa das áreas minadas e dos dispositivos explosivos camuflados.
“Para entrar nesse tipo de território dominado pelo narcoterrorismo, há uma sucessão de eventos, detalhes e rotinas, de conhecer a magnitude das forças inimigas, o planejamento a partir dos espaços terrestres e aéreos”, acrescentou o Alte Esq Giampietri.
O Gen Ex Gómez explicou que tudo que foi apreendido foi entregue ao Ministério Público e aos departamentos especializados da Polícia peruana. Ele acrescentou que, para a Operação Patriota, eles contavam com informações de inteligência que começaram a trabalhar em novembro de 2021, tais como a análise do terreno onde o inimigo estava escondido e as condições meteorológicas da área.
O General de Exército Óscar Arriola Delgado, da Polícia Nacional do Peru, chefe da Direção Nacional contra o Terrorismo, explicou à imprensa que entre os arquivos encontrados há fotografias e códigos de segurança. “Há relatórios de campanha, a lista de pessoas financiadoras, informações valiosas para o processo de inteligência que nos permitirão desmantelar esta organização”, declarou.
Falando com Diálogo em 8 de setembro, o especialista peruano em temas de defesa e segurança, Pedro Yaranga, disse que mais importante do que a apreensão do material militar é a questão dos documentos encontrados e as informações encontradas no lugar, pois isso permitirá saber detalhes de sua estrutura e movimentos.
“Isto vai levar algum tempo para ser analisado, mas os grupos especializados serão capazes de decifrar as informações apreendidas e depois enriquecer suas análises para as operações posteriores”, disse Yaranga, ressaltando que o sucesso da operação se deveu ao bom treinamento dos agentes das Forças Armadas e da Polícia Nacional.
De acordo com um comunicado do Comando Conjunto das Forças Armadas, dois militares perderam a vida, enquanto outros quatro que ficaram feridos estão sendo tratados em hospitais do Exército e da Marinha de Guerra.
Em 26 de agosto, os feridos receberam a visita do Ministro da Defesa peruano, Richard Tineo, que expressou seu apoio por sua participação na Operação Patriota. “Estes oficiais são um exemplo. Eles colocaram sua integridade física em jogo para defender nossa democracia e a segurança do nosso país”, disse Tineo à imprensa.