As Forças Armadas brasileiras e órgãos de segurança pública apreenderam R$ 201,4 milhões (cerca de US$ 40 milhões) em ilícitos, durante ações de combate a crimes transfronteiriços e ambientais nos estados do Pará, Amapá e Maranhão, na Amazônia brasileira. A operação Ágata Norte, realizada de 1 a 9 de junho de 2022, fortaleceu a vigilância na região das fronteiras terrestre e marítima até o limite da Zona Econômica Exclusiva.
Os crimes combatidos foram narcotráfico e crime organizado; contrabando e descaminho; pesca ilegal; garimpo e exploração de recursos minerais ilegais; e exploração e transporte de madeira ilegal. Segundo informações do Comando Conjunto da operação Ágata Norte, responsável pela ação, foram apreendidos 2.850 kg de pescado; 218 m³ de madeira; 7.600 caixas de cigarro; 77 embarcações; 20 veículos; 5 motosserras; 1.200 litros de combustível; e armas e munições.
“Foram capturadas 202.000 toneladas de minérios (manganês, cobre e cassiterita), na Vila do Conde, em Barcarena, Pará, maior apreensão de minério já realizada no Brasil”, destacou à Diálogo o Comando Conjunto.
Este ano, o Comando Conjunto da operação Ágata Norte, formado pela Marinha do Brasil (MB), Exército Brasileiro (EB) e Força Aérea Brasileira (FAB), foi chefiado pelo Vice-Almirante Edgar Luiz Siqueira Barbosa, da MB, comandante do 4º Distrito Naval. As atividades mobilizaram 3.119 pessoas, entre militares e civis dos órgãos de segurança pública e ambientais, bem como 50 meios navais, 47 terrestres e seis aéreos.
Ainda de acordo com o Comando Conjunto, as ações executadas durante os dias de operações foram planejadas há meses e executadas simultaneamente em pontos estratégicos, utilizando dados de monitoramento sob a área marítima, fluvial, terrestre e aérea. “Foram empregados equipamentos de última geração, disponibilizados pelo Comando de Defesa Cibernética, do EB, e aeronaves do Comando de Operações Aeroespaciais, unidade da FAB, para o patrulhamento marítimo.”
A Ágata Norte faz parte do Programa de Proteção Integrada de Fronteiras, coordenado pelo Ministério da Defesa. O objetivo é aumentar a presença do Estado em locais de baixa densidade populacional, por meio de ações conjuntas, a fim de somar esforços de forma estratégica, contribuindo para a segurança da região.
O ministro da Defesa, General de Exército Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, visitou, no dia 2 de junho, a área da operação e destacou a importância das ações realizadas. “Esse trabalho visa preservar a nossa soberania, cuidar das nossas riquezas e, assim, cumprir com as missões constitucionais”, disse. “É muito gratificante poder conferir o trabalho das Forças Armadas brasileiras em defesa da Amazônia”, complementou o ministro.
Crucial para o globo
A contenção da criminalidade na região amazônica vai além da segurança nacional, pois a floresta é considerada um dos principais atores na determinação do clima global, diz a Amazon Aid Foundation, que se concentra em educar as pessoas sobre a importância da Amazônia e encontrar maneiras de protegê-la.
Como tal, em meados de 2021, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) uniram forças para combater os crimes na Amazônia que incluem a vida selvagem, a silvicultura, os crimes minerais e os crimes no setor pesqueiro, indicou o UNODC em uma declaração. O projeto de quatro anos em andamento apoia os governos regionais e comunidades indígenas do Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Suriname com um orçamento de 9,8 milhões de dólares.
“Esta parceria demonstra o compromisso tanto da USAID quanto do UNODC de enfrentar os muitos desafios complexos colocados pelos sindicatos do crime que há tanto tempo traficam e saqueiam os abundantes, mas em declínio, recursos naturais da América do Sul”, disse Jorge Rios, chefe do Programa Global do UNODC de Combate ao Crime de Vida Selvagem e Florestas e Chefe da Unidade de Meios de Vida Sustentáveis.