O Brigadeiro Hugo Marenco, comandante do Comando Aéreo de Operações da Força Aérea do Uruguai (FAU), tem uma missão pontual: planejar e conduzir as operações aéreas de sua instituição. Nessa tarefa, o Brig Marenco busca consolidar uma força aérea que seja referência internacional. O alto grau de profissionalismo e capacitação de seu pessoal e a renovação de um equipamento tecnológico moderno e adequado são seus principais desafios.
O Brig Marenco conversou com a Diálogo durante a Conferência de Chefes das Forças Aéreas Sul-Americanas, que aconteceu na Base Aérea Davis-Monthan da Força Aérea dos EUA em Tucson, Arizona, entre 31 de outubro e 3 de novembro de 2017. Além de conversar sobre os desafios da FAU, o Brig Marenco destacou o papel das forças aéreas no atendimento a desastres naturais e a integração regional como ferramentas fundamentais de apoio humanitário.
Diálogo: Por que é importante para a FAU participar dessa conferência?
Brigadeiro Hugo Marenco, comandante do Comando Aéreo de Operações da FAU: É muito importante para ver as capacidades de outros países, interagir com eles, ver suas experiências e dificuldades e poder coordenar melhor nossas ações caso ocorra um desastre natural ou quando se necessite de um atendimento de ajuda humanitária. Esse é o principal interesse da FAU em participar desta conferência.
Diálogo: Qual é a sua avaliação sobre a participação das forças aéreas da América do Sul na conferência?
Brig Marenco: É um ambiente muito acolhedor, de muita camaradagem e com uma participação muito ativa. Temos muitas atividades que compartilhamos graças ao Sistema de Cooperação das Forças Aéreas Americanas (SICOFAA) e, unindo laços de amizade, podemos consolidar melhores coordenações entre as forças aéreas.
Diálogo: Qual é a importância da colaboração entre as forças aéreas para responder a desastres naturais regionais?
Brig Marenco: É uma realidade; a cada dia enfrentamos desastres naturais maiores e estarmos preparados, tanto como força aérea quanto como países, para poder continuar com as tarefas de ajuda humanitária, é muito importante para nós. É fundamental para todos os países da região que possamos levar ajuda e também recebê-la caso seja necessário. É importante poder utilizar ao máximo as capacidades do SICOFAA. Em nosso país, por exemplo, os problemas das cheias dos rios e riachos são muito frequentes, e é nisso que a Força Aérea trabalha em seu dia a dia.
Diálogo: Qual é a participação do Uruguai no SICOFAA?
Brig Marenco: A FAU participa do SICOFAA desde sua criação em 1965. Participamos de todos os comitês do sistema; temos sido anfitriões de alguns deles e esperamos continuar participando da mesma forma. O SICOFAA é uma ferramenta válida de cooperação para todos os tipos de situações de atendimento a desastres.
Diálogo: Quais são as capacidades da FAU?
Brig Marenco: A FAU é uma força aérea pequena, de um país pequeno, mas que tem a capacidade de poder juntar-se e interagir com o SICOFAA. Nossa Força Aérea ajudou na República do Equador em abril de 2016, em resposta ao terremoto que eles tiveram. Nossa aeronave C-130 operou aproximadamente durante 15 dias na cidade de Manta, no Equador, e levou ajuda humanitária entre as cidades de Guayaquil, Quito e Manta. As forças aéreas estão utilizando as capacidades que todo o SICOFAA oferece; podemos interagir com outros países e levar ajuda aos lugares que precisam dela.
Diálogo: Qual é a importância da participação da FAU e do Uruguai nesse tipo de cooperação regional entre as forças aéreas?
Brig Marenco: É muito importante pelas capacidades que fazem parte dela. Nenhum país tem todas as capacidades ou pode oferecer toda a ajuda necessária em caso de desastres naturais de grande magnitude.
Diálogo: Qual é o trabalho conjunto da FAU com as outras forças aéreas da região?
Brig Marenco: Temos uma estreita relação com todos os países da América e especialmente com os da América do Sul. Temos uma grande relação com nossos vizinhos mais próximos, como as forças aéreas da Argentina e do Brasil. Trabalhamos de forma muito coordenada e com objetivos comuns. Apoiamos nossos países vizinhos e parceiros com a ajuda que possa ser necessária.
Diálogo: Qual é o trabalho conjunto da FAU com as outras forças militares de seu país?
Brig Marenco: Trabalhamos de forma coordenada. Desde 2010, criou-se uma nova lei dentro do marco de defesa que consolidou os novos órgãos de comando conjuntos e a Força Aérea participa deles.
Diálogo: Qual é seu principal desafio?
Brig Marenco: Meu principal desafio neste cargo é manter as tripulações e o pessoal capacitado para que possam cumprir as missões que nosso país necessita. Quero que possamos apoiar os países vizinhos quando eles precisarem de nós. Nosso lema é a “Aviação Vanguarda da Pátria”, que significa que vamos adiante com os desafios que nosso país tem. Da mesma forma, estamos trabalhando na modernização de nossos equipamentos aéreos, que têm muitos anos de serviço. É difícil mantê-los, pois buscamos estar à altura das necessidades de nosso país.
Diálogo: Qual é a participação feminina na FAU?
Brig Marenco: Nossa Força Aérea tem sido uma das primeiras na América Latina a aceitar pessoal feminino em sua escola de formação de oficiais. As primeiras entradas na escola militar e aeronáutica aconteceram em 1997. A FAU tem aproximadamente 2.500 pessoas. Entre elas, cerca de 400 são oficiais e 2.100 são subalternos. Desse número, cerca de oito por cento pertence ao pessoal superior. Nas missões operacionais de paz sob o mandato das Nações Unidas que temos na República Democrática do Congo, 15 por cento são mulheres.
Diálogo: Qual é sua mensagem para as forças aéreas da região?
Brig Marenco: A FAU é uma força aérea parceira, é uma força aérea pequena, mas muito profissional, e estamos dispostos a ter pontes como temos feito habitualmente com outras forças da América Latina.