O navio-hospital USNS Comfort da Marinha dos EUA não só muda a vida dos pacientes que recebe em suas salas de cirurgia, mas também transforma a vida de seus tripulantes.
Esse é o sentimento do Capitão-Tenente Abraham de Los Santos, especialista em medicina de emergência e gerenciamento de pacientes cruciais, e do 1º Tenente Nidio Perez, médico clínico geral, ambos da Marinha da República Dominicana, que se uniram à tripulação médica de nações parceiras a bordo do USNS Comfort, como parte da missão humanitária Promessa Contínua 2022, patrocinada pelo Comando Sul dos Estados Unidos.
O USNS Comfort também leva a bordo pessoal militar do Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Honduras e Holanda.
Eles viajaram de Santo Domingo em meados de outubro para a Base Naval Norfolk na Virgínia, Estados Unidos, onde se juntaram aos 1.000 membros da tripulação, composta por pessoal militar e civil dos EUA e membros de agências federais, parceiros internacionais e organizações não governamentais, para levar assistência médica e odontológica aos cidadãos da Guatemala, Honduras, Colômbia e República Dominicana, antes de sua última parada no Haiti.
De volta ao seu país, poucos dias depois de terminarem sua missão no USNS Comfort e cheios de experiência e novas amizades, os militares dominicanos conversaram com Diálogo sobre esta experiência única que marcou suas vidas.
Diálogo: Como foi sua experiência a bordo do USNS Comfort?
Capitão-Tenente Abraham de Los Santos, da Marinha da República Dominicana, especialista em medicina de emergência e gerenciamento de pacientes cruciais: Começamos na Base Naval de Norfolk; depois de dois meses, chegamos aqui na República Dominicana e estamos quase terminando a missão. Só posso dizer que durante todo o tempo que passei a bordo, a experiência foi única e formidável. O contato com todos os pacientes, vendo que as patologias são as mesmas em toda a região e, acima de tudo, poder ajudar, realmente ajudar, foi maravilhoso. E se a isso acrescentarmos a experiência de conhecer novas pessoas e novos países, é ainda mais espetacular e muito enriquecedora, como membro militar.
1º Tenente Nidio Pérez, da Marinha da República Dominicana, médico clínico geral: É muito interessante, porque atendemos muitos pacientes em diferentes países. As patologias mais frequentes dos pacientes foram, em grande parte, problemas de saúde relacionados à hipertensão e diabete. Além disso, conhecemos colegas militares de diferentes países que compartilharam conosco suas experiências. Esta experiência tem sido fenomenal.
Diálogo: Qual considera ser a maior contribuição que o USNS Comfort tem feito para sua experiência médico-militar?
CT de Los Santos: A experiência a bordo do navio me aportou muitíssimo, especialmente ao lidar com os pacientes, pois aprendi muito das outras nações parceiras.
1º Ten Pérez: Certamente foi o fato de poder salvar vidas, mas também poder compartilhar, intercambiar e aprender novos protocolos e procedimentos.
Diálogo: Como foram escolhidos por seu país para participar da missão humanitária?
CT de Los Santos: Fui informado em setembro que nosso comandante geral nos havia escolhido através da Diretoria Geral do Corpo Médico e Saúde Naval da Marinha, pois tínhamos o perfil para poder participar desta missão. O perfil era realmente o de ser médico e estar disposto a trabalhar. O inglês não foi uma barreira, pois muitas pessoas a bordo do USNS Comfort não falam inglês. Entretanto, há muitos militares, profissionais e voluntários que executam a função de tradutor, especialmente quando você está no atendimento de pacientes.
1º Ten Pérez: Foi muito satisfatório como profissional e como militar ser selecionado para esta missão humanitária; acho que a missão requer pessoal profissional, que esteja sempre capacitado e disposto a trabalhar 100 por cento.
Diálogo: Conte-me algo em particular que lhe chamou a atenção, devido à sua experiência a bordo do USNS Comfort.
CT de Los Santos: Em geral, fiquei impressionado com a forma como certos requisitos e protocolos médicos eram tratados no caso de apresentar-se alguma complicação de saúde de algum paciente. Lembro-me de quando estivemos em Honduras, onde tivemos, por exemplo, um paciente que apresentava uma coexistência de hipertensão arterial e diabetes mellitus; após ser avaliado, coordenamos com o pessoal de saúde pública para sua transferência; o paciente foi acompanhado até se recuperar.
1º Ten Pérez: No USNS Comfort, toda esta nova experiência realmente marca você em um sentido geral, pois você tem que se ater aos protocolos, horários, condições de navegação etc. Quanto aos pacientes, cada país teve seu próprio toque particular quando se trata da condição de pacientes com condições críticas. No meu caso, tive uma paciente em Honduras que, quando ela veio para uma consulta médica, me disse que tinha palpitações muito fortes. Fizemos um eletrocardiograma e descobrimos que ela poderia ter uma síndrome coronária aguda, que poderia causar-lhe um enfarte; neste caso, coordenamos com o centro médico local e a paciente foi transferida e, graças a Deus, tudo ficou bem.
Diálogo: Como resumiria sua experiência como membro da tripulação do USNS Comfort?
CT de Los Santos: Tudo o que posso dizer é que a Promessa Contínua deve continuar com sua promessa.
1º Ten Perez: A Promessa Contínua 2022 tem muito sucesso porque, em cada país onde o USNS Comfort realizou sua missão humanitária, houve muitíssimas pessoas que foram atendidas.