Honduras combate o narcotráfico e o crime transnacional marítimo com tecnologia de satélite de primeira geração, a partir do Centro de Informação Marítima (CIM) da Direção Geral da Marinha Mercante (DGMM), na Secretaria de Defesa Nacional (SEDENA). Esse centro de conexão tecnológica coleta, analisa e avalia milhares de dados provenientes do rastreamento de toda a atividade nos 226.955 quilômetros quadrados de águas territoriais. Sua vigilância abrange tanto o Oceano Atlântico como o Pacífico.
“Conhecemos em tempo real a localização de qualquer embarcação e apoiamos os corpos de inteligência policiais e militares para realizar interdições marítimas, quando detectamos atividades suspeitas”, explicou à Diálogo o Capitão de Mar e Guerra da Força Naval de Honduras José Meza Castillo, porta-voz da DGMM. “Nós também fornecemos detalhes para a identificação das embarcações, com dados biométricos da tripulação e registros de seus movimentos em alto mar. [Isso] permite identificar vínculos com as estruturas do tráfico de drogas, pessoas, armas, combustíveis e outros ilícitos.”
O CIM concentra suas capacidades de monitoramento, controle e vigilância marítima na identificação do modus operandi de estruturas criminosas transnacionais, principalmente em lanchas rápidas, iates de passeio, barcos pesqueiros, semissubmersíveis e, ultimamente, em contêineres de navios comerciais.
“Os narcotraficantes utilizam diversas modalidades para transportar drogas, [por exemplo], em embarcações de passeio ou através de contêineres nos navios de alta borda livre”, explicou à Diálogo Juan Carlos Rivera, diretor da DGMM. “Eles falsificam os selos dos contêineres para colocarem dentro dos mesmos malas com [até] 300 quilos de cocaína.”
Em sua maioria, os traficantes escolhem navios que se destinam aos Estados Unidos. “Esse método de ocultamento das drogas é posto em prática no país de origem da viagem ou no porto onde os contêineres são embarcados”, acrescentou Jeovanny Ochoa, assessor de segurança e defesa do CIM. “Em alguns casos, nem o remetente nem o destinatário sabem que o envio é utilizado para o narcotráfico ou o tráfico de ilícitos.”
Graças à informação do CIM, em 2019 foram interceptados três navios que transportavam contêineres com cocaína: um na Itália, onde confiscaram 650 kg do alcaloide, e dois na Bélgica, onde apreenderam 507 kg de cocaína.
“Em 2019, realizamos 1.882 intercâmbios de inteligência com parceiros estratégicos, entre eles a Administração para o Controle de Drogas e a Força-Tarefa Conjunta Interagencial Sul, ambas dos EUA”, disse Ochoa.
A Força Naval complementa esse trabalho de inteligência eletrônica com seu Navio Patrulheiro de Alto Mar FNH-21 General Trinidad Cabañas, equipado com sensores e sistemas de vigilância e observação eletro-ótica, radares de vigilância e artilharia, heliporto e duas aeronaves não tripuladas, acrescentou a SEDENA.
As autoridades da DGMM fortalecerão as capacidades operacionais do CIM em 2020 com tecnologia para a identificação e o monitoramento automático de navios a partir de outras embarcações, aeronaves ou estações terrestres, garantiu a Marinha.