Trabalhar em conjunto e compartilhar informações em tempo real com seus pares regionais é uma prioridade institucional da Marinha da Defesa Nacional da Guatemala. Seu comandante, o Vice-Almirante Juan Randolfo Pardo Aguilar, ‘está no jogo’ com as marinhas da região para combater as ameaças do narcotráfico e as organizações criminosas transnacionais.
O V Alte Pardo participou da XVIII Conferência Naval Interamericana (CNI), realizada em Cartagena, Colômbia, entre os dias 23 e 26 de julho de 2018. O oficial conversou com Diálogo sobre a sua participação na CNI, as operações combinadas regionais e os êxitos obtidos na luta contra o narcotráfico, entre outros temas.
Diálogo: Qual a importância da participação da Guatemala na CNI?
Vice-Almirante Juan Randolfo Pardo Aguilar, comandante da Marinha da Defesa Nacional da Guatemala: Isto é importante para a Guatemala porque trabalhamos junto com as forças navais da região e enfrentamos as ameaças transnacionais. Na medida em que nossas marinhas operem juntas e nossas unidades se comuniquem, podemos interagir e enfrentar as ameaças de maneira conjunta, para que os resultados sejam melhores.
Diálogo: O tema principal da CNI é a responsabilidade das marinhas da região frente ao narcotráfico e os delitos relacionados. Por que é importante que as forças navais dos países operem em conjunto e o que está sendo feito para combater esses flagelos?
V Alte Pardo: Nossos esforços serão melhores se atuarmos em conjunto. Temos operações muito importantes na região. Compartilhamos os êxitos com o México, porque temos um intercâmbio de informações e operações coincidentes. Mantemos ótimas relações com os Estados Unidos e compartilhamos informações através da JIATF S [Força-Tarefa Conjunta Interagencial Sul], onde temos um oficial de ligação. Estamos, sim, operando e interagindo com as outras marinhas.
Diálogo: Qual a contribuição da Marinha da Guatemala para o esforço regional contra o narcotráfico?
V Alte Pardo: Contribuímos com as nossas capacidades e o nosso esforço ao participarmos das atividades realizadas. Isso significa ‘estar no jogo’ e operar com todos para atingirmos resultados positivos, como demonstramos nas últimas operações.
Diálogo: Como as Forças Armadas do seu país interoperam entre si e com as outras agências da Guatemala para combater esses flagelos?
V Alte Pardo: Nosso Exército constitucional na Guatemala é único e indivisível, formado pelas forças de ar, mar e terra. As três forças operam lado a lado. Não há uma força que opere individualmente; trabalhamos juntos e foi isso que nos permitiu atingir os resultados no território nacional. As nossas unidades especiais da Marinha da Defesa Nacional também operam em outros espaços e cooperam com a Brigada de Fuzileiros Navais e seus comandos navais. Também operamos com as Forças de Terra quando é necessário. Tudo isso nos permitiu obter importantes resultados. Por exemplo, trabalhamos diretamente com a Força Aérea Guatemalteca, que proporciona plataformas aéreas para fazer reconhecimentos, e dessa forma otimizamos a utilização dos recursos.
Diálogo: Qual é o projeto mais importante que está sendo realizado pela Marinha?
V Alte Pardo: Estamos focados em buscar o apoio financeiro – nacional ou de cooperação internacional – para melhorar as capacidades com a modernização das embarcações. Adquirimos uma embarcação que chegará no terceiro trimestre de 2020, um navio Metal Shark Defiant 85, com 87 pés de comprimento. Estamos há mais de 50 anos utilizando embarcações muito desgastadas e agora teremos finalmente um navio novo. Além disso, buscamos um financiamento para adquirir da Colômbia um navio de desembarque anfíbio, a fim de manter as nossas unidades no mar por mais tempo e fazer percursos mais longos. Assim poderemos efetuar o patrulhamento por 15 ou 20 dias e com embarcações interceptoras a bordo, para reagir aos diferentes sinais de alerta que possam se apresentar. Trabalhamos ainda na criação da Segunda Brigada de Fuzileiros Navais no litoral do Pacífico. A sede dessa brigada fica atualmente em Izabal e há um batalhão destacado no Pacífico e no Caribe.
Diálogo: As operações combinadas das forças navais da Guatemala e do México já desferiram duros golpes contra o narcotráfico. A que se atribui esse sucesso conjunto?
V Alte Pardo: A confiança entre as forças navais fortaleceu as ações bem-sucedidas. Se eu confio nas forças armadas, compartilharei as informações oportunas sem importar a quem se atribui o sucesso, pois o mais importante é o resultado. A confiança que criamos entre as duas marinhas, o companheirismo e os resultados palpáveis fortalecem as operações.
Diálogo: Qual é a importância da comunicação em tempo real para que as operações da Marinha tenham êxito na luta contra esses crimes?
V Alte Pardo: As ameaças transnacionais não ‘navegam’; elas ‘correm’ e o tempo real é vital. De nada adianta dar ou receber uma informação defasada, porque o valor que ela poderia ter tido duas horas atrás já estará perdido nesse momento. Por isso a comunicação da informação em tempo real é vital para o sucesso.
Diálogo: A Guatemala faz parte dos países do Triângulo Norte. Como as forças navais dessa região se integram para combater as ameaças?
V Alte Pardo: Nós coordenamos ações com a Força Naval de El Salvador, entre as quais se destacam as operações coincidentes que realizamos também com Honduras e o México, embora não pertença ao Triângulo Norte.
Diálogo: Que tipo de trabalho conjunto a Marinha da Guatemala realiza com os Estados Unidos?
V Alte Pardo: Fazemos um trabalho combinado com os Estados Unidos. Por exemplo, o nosso oficial de ligação na JIATF Sul nos fornece informações oportunas que a JIATF Sul gera para fortalecer as operações. Também contamos com o apoio americano com o pessoal para treinamento do Comando de Força Especial Naval e do Corpo de Fuzileiros Navais.
Diálogo: Qual é a sua mensagem para os comandantes das forças navais da região?
V Alte Pardo: A CNI nos mostra que temos ameaças comuns, que são transnacionais, e na medida em que conseguirmos a unificação, a comunicação e a confiança, alcançaremos resultados melhores. Precisamos integrar no âmbito regional as marinhas da América Central, da América do Sul e da América do Norte, pois assim os resultados se multiplicarão. A CNI permite o crescimento das nossas marinhas.