Os países do Hemisfério Ocidental estão empenhados em fortalecer a parceria espacial para beneficiar a região. Esta foi a mensagem geral dos líderes espaciais militares, governamentais e civis que participaram da Conferência Espacial das Américas, realizada no quartel-general do Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM), em Miami, Flórida, em 30 e 31 de janeiro de 2023.
O Comando Norte dos EUA (NORTHCOM), o Comando Espacial dos EUA (SPACECOM) e o SOUTHCOM foram os anfitriões do evento.
O Contra-Almirante Thomas G. Allan Jr, da Guarda Costeira dos EUA, diretor de Operações, J3, do SOUTHCOM; o Contra-Almirante Scott Robertson, da Marinha dos EUA, diretor de Planos, Política e Estratégia, J5, do NORTHCOM; e o General de Brigada Paul Tedman, do Exército do Reino Unido, subdiretor de Política e Parcerias Estratégicas, do SPACECOM, lideraram o evento.
“As mulheres e os homens do SOUTHCOM estão orgulhosos de nossa parceria com todos os que participam da Conferência Espacial das Américas. Continuamos encontrando novas maneiras de compartilhar nossas experiências em relação ao espaço, com o objetivo de ajudar a todos a construir e preservar o acesso a este incrível patrimônio para as gerações atuais e futuras”, disse o C Alte Allan, durante seu discurso de abertura. “As informações coletadas a partir das capacidades espaciais contribuem para a paz e a segurança internacionais. Por isso, o acesso ao espaço e sua utilização é um interesse vital para todas as nossas nações. O uso responsável do espaço é de vital importância, quer se trate de uma nação com potência espacial ou não. É a parceria entre as nações que nos permite a todos construir pacificamente nossas economias e assegurar nossos países.”

Sob o tema “Expansão das Parcerias Regionais através da Colaboração Espacial”, especialistas em defesa espacial da Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Equador, Estados Unidos, México, Paraguai, Peru e Uruguai abordaram o conhecimento da situação espacial, a cooperação, o planejamento, as parcerias com a indústria espacial comercial e civil e a colaboração regional em matéria de segurança e defesa espacial.
“As capacidades baseadas no espaço são vitais para o modo de vida global de bilhões em todo o mundo, e os atores malignos que exibem comportamento irresponsável continuam a colocar essas capacidades em risco”, disse o Gen Bda Tedman. “É por esta razão que devemos trabalhar juntos para defender comportamentos responsáveis no espaço por todos”.
Cooperação espacial
Os Estados Unidos são um dos principais defensores do uso responsável e sustentável do espaço, apoiando as nações parceiras para proteger suas capacidades espaciais contra as ameaças.
John D. Hill, subsecretário adjunto de Defesa do Espaço e Defesa de Mísseis, do Departamento de Defesa dos EUA (DoD), falou sobre a importância do conhecimento da situação espacial e do apoio a operações espaciais seguras e sustentáveis, para o benefício de todos os usuários do espaço. “Compartilhar informações sobre a situação do espaço é muito importante. Não se trata de relações políticas militares, mas de interesses compartilhados em matéria de segurança e sustentabilidade das atividades espaciais.”
Durante sua apresentação, mencionou que algumas nações estão desenvolvendo satélites e mísseis antissatélite que poderiam ameaçar o espaço exterior; portanto, um ataque aos sistemas espaciais poderia ter um impacto significativo nas operações militares, causando grandes quantidades de detritos espaciais. “O conhecimento do domínio espacial é fundamental para nossa capacidade de proteger os sistemas espaciais de atos não intencionais e precisamos assegurar que nossas missões espaciais continuem a operar, mesmo quando estejam ameaçadas.”
Hill convidou os participantes a trabalharem juntos na defesa e segurança espacial, acrescentando que a política espacial, as estruturas legais e a segurança cibernética são alguns dos fatores-chave para o crescimento das parcerias internacionais. “O DoD está trabalhando com a comunidade internacional para estabelecer normas de comportamento responsável para as atividades no espaço exterior […]. Continuaremos a trabalhar com os operadores espaciais e nossos parceiros de segurança em todo o mundo, para avançar na segurança, estabilidade e proteção.”
Desafios e oportunidades espaciais

A conferência ajudou os países parceiros a identificar desafios e oportunidades no domínio espacial.
“Esta conferência é muito importante para o Equador, porque queremos estabelecer laços de cooperação, especialmente com aliados como os Estados Unidos, no campo aeroespacial. Devemos identificar ameaças comuns e possíveis cooperações”, disse o Tenente-Coronel Henry Rivera Puga, da Força Aérea Equatoriana, diretor de Desenvolvimento Aeroespacial.
O Brigadeiro Rodrigo Alvim de Oliveira, da Força Aérea Brasileira, chefe do Centro de Operações Espaciais, reafirmou a importância do evento. “Esta conferência nos permite fortalecer o relacionamento entre o Brasil, a Força Espacial dos EUA [USSF], o SPACECOM, o SOUTHCOM e outros países vizinhos da América Latina.”
Ameaças espaciais, política espacial dos EUA, apoio da USSF aos comandos combatentes e engajamentos espaciais na América Latina fizeram parte da agenda.
Para o Brigadeiro Oscar Santa Cruz, da Força Aérea Paraguaia, comandante do Comando de Regiões Aéreas, a cooperação entre as nações do Hemisfério Ocidental é extremamente importante, especialmente com os Estados Unidos.
“Esta é a primeira conferência desta magnitude de que estamos participando; por isso, é muito importante para o Paraguai. Estar aqui nos permite compreender, a partir da perspectiva militar, a posição dos Estados Unidos e da região com respeito à questão espacial e, ao mesmo tempo, podemos compartilhar nossa posição como aliado”, disse o Brig Santa Cruz. “Esta conferência poderia significar a criação do que poderia ser um comando espacial para a Força Aérea Paraguaia.”
No final do evento de dois dias, os participantes concordaram que a colaboração e o intercâmbio de informações são fundamentais para combater as ameaças à segurança na região, incluindo o domínio espacial.
O Brigadeiro Luis René Nieto Rojas, da Força Aérea Colombiana, comandante do Comando de Operações Aéreas e Espaciais, disse: “Devemos prosseguir com estas conferências para poder continuar compartilhando experiências e analisando como estamos nos saindo em nosso próprio desenvolvimento espacial.”
“Todos nós compartilhamos ameaças comuns, seja relativo a clima, terrorismo criminoso, ações ilegais geradas nacionalmente, como a pesca ilegal, e certamente aquelas de nações agressivas; mas, o fato de estarmos todos enfrentando as ameaças multidimensionais aqui, deve ajudar a unir-nos. O domínio espacial pode nos ajudar a identificar essas ameaças, mitigá-las e talvez até ajudar a resolver muitos desses problemas”, disse o C Alte Robertson.
“No final das contas, o comportamento espacial responsável é construído sobre um entendimento comum do que cada país está fazendo no espaço, onde nossos sistemas estão funcionando, e sobre um sistema de valores que prioriza o acesso para todos”, lembrou o C Alte Allan às nações parceiras, depois de agradecer-lhes por participarem do evento. “Temos que ser capazes de confiar uns nos outros. Estou ansioso para ver o que podemos realizar juntos.”