O ministro da Defesa do Peru Walter Martos Ruíz inaugurou as instalações do Comando Operacional de Ciberdefesa (COCID) do Comando Conjunto das Forças Armadas, em Lima, no final de janeiro de 2020. O objetivo é planejar e realizar operações no ciberespaço, para combater os atentados contra a segurança nacional.
“A unidade conta com tecnologia e infraestrutura de última geração para proteger o ciberespaço”, disse à Diálogo o Brigadeiro da Força Aérea do Peru Augusto Calderón Sandoval, comandante do COCID. “A guerra conduzida no quinto domínio é assimétrica e está sujeira a constantes ameaças que afetam a segurança digital, os sistemas de informação, as telecomunicações e os ativos críticos nacionais.”
Entre as capacidades diferenciadas do COCID estão a custódia de diversas plataformas tecnológicas e sistemas de informação diante de ataques, bem como sua recuperação em casos de falência total ou parcial, a detecção de ameaças e o impedimento do uso do ciberespaço pelo adversário, declarou à imprensa o Ministério da Defesa.
“Embora a integração do COCID e a aprovação da Lei de Ciberdefesa sejam recentes, a dimensão digital no âmbito militar peruano data de vários anos”, disse à Diálogo Jorge Serrano, professor do Centro de Altos Estudos Nacionais do Peru. “O comando operacional tem capacidades únicas para obter, processar, filtrar e interpretar grandes volumes de informação, convertê-la em inteligência útil e compartilhá-la com quem possa precisar dela para neutralizar qualquer tipo de ameaça.”
O Peru é o segundo país mais afetado pelos programas espiões na América Latina, ficando atrás apenas do México, garante a empresa eslovaca de segurança informática ESET. Os atentados mais frequentes são o roubo de dados e de senhas bancárias e a mineração de criptomoedas, acrescenta. Entre abril e setembro de 2019, as empresas peruanas sofreram mais de três bilhões de tentativas de ciberataques, garante o jornal peruano de economia Gestión.
“O COCID trabalha com o setor privado para proteger os ativos cruciais, como os serviços básicos [saúde, água e energia elétrica] para a população”, disse Serrano. De acordo com o relatório The Global Risks Report 2020 do Fórum Econômico Mundial, os ciberataques estão entre os 10 principais riscos globais que devem ser enfrentados em 2020.
“Uma das atividades mais importantes para a luta contra as ameaças na rede consiste em integrar esforços e capacitar permanentemente o pessoal em segurança digital, como as tecnologias de informação e comunicações”, destacou o Brig Calderón. “Os principais desafios do COCID são os de encontrar os pontos vulneráveis dos sistemas e proteger o acesso, o uso e os conteúdos no âmbito virtual.”