Desde meados de janeiro de 2021, as Forças Armadas do Chile têm um novo papel: a luta contra o tráfico de pessoas e o contrabando de migrantes, um problema regional que vem aumentando.
O presidente do Chile, Sebastián Piñera, assinou no dia 12 de janeiro um decreto que permite o apoio das Forças Armadas ao controle das fronteiras para combater a migração ilegal. Esse decreto amplia uma lei aprovada em agosto de 2019 (Decreto 265), que facilita o apoio dos militares às forças policiais na luta contra o narcotráfico e o crime organizado transnacional, através de seus recursos logísticos, de transporte e de tecnologia.
“Dada a natureza e a extensão das fronteiras no norte […], para que tal missão possa ser cumprida, é preciso haver uma maior colaboração das Forças Armadas”, disse Piñera.
Segundo o ministro da Defesa do Chile, Baldo Prokurica, “é indispensável contar com ferramentas para enfrentar o fenômeno da migração ilegal, já que todos os indicadores apontam que ela está crescendo”.
“As Forças Armadas têm tecnologia para advertir as forças de manutenção da ordem pública quando, em algum ponto da ampla e longa fronteira, há pessoas que pretendem entrar no país. Em segundo lugar, podem deter uma pessoa e colocá-la à disposição das polícias e, além disso, fornecer toda a inteligência que é proporcionada habitualmente, para que, em colaboração com as polícias, tenhamos um melhor resultado”, disse o ministro.
Já o ministro das Relações Exteriores do Chile, Andrés Allamand, anunciou no dia 23 de janeiro uma ofensiva diplomática, judicial e policial para deter o tráfico ilegal de migrantes no país, informou o portal do governo do Chile.
“Trata-se de um crime que afeta os direitos humanos. Aqueles que fazem parte desse processo de tráfico estão permanentemente em uma situação exposta e de difícil defesa”, disse Allamand.
A iniciativa inclui a colaboração com as promotorias da Bolívia, Colômbia, Equador e Peru para investigar e punir esses crimes, coordenar e cooperar com as polícias desses países e adotar acordos internacionais urgentes para combater esse flagelo.
De acordo com o jornal chileno El Mostrador, dados da Brigada de Investigação do Tráfico de Pessoas da Polícia de Investigações do Chile (PDI) mostram que entre 2017 e 2019 as vítimas desse tipo de crime aumentaram 1.300 por cento, sendo a exploração sexual e de trabalho as causas mais comuns. No transcurso de 2020, a PDI registrou 13.656 entradas clandestinas no país, o mais alto número desde 2018, informou o jornal chileno Semana.
Segundo um comunicado do Ministério da Defesa, desde a implementação do Decreto 265 até meados de janeiro de 2021, foram realizadas 1.800 operações militares nas fronteiras, com 17.000 membros destacados. As operações, diz o comunicado, foram de caráter tecnológico, com recursos humanos e optrônicos, para facilitar a detecção diurna e noturna de atividades ilegais.