Militares da Argentina e do Chile que compõem a Força de Paz Combinada Cruz do Sul (FPC), projetada para ser posta à disposição da Organização das Nações Unidas (ONU), demonstraram suas capacidades na eventualidade de participar de uma operação de manutenção da paz mandatada pela ONU, informou o Ministério da Defesa da Argentina.
“Do lado da Argentina, participaram 434 militares com o destacamento de vários meios, incluindo veículos blindados, caminhões e veículos especiais; tendas e containers para constituir uma base operacional com capacidade para abrigar 100 pessoas”, disse à Diálogo o Coronel José Colombo, do Exército da Argentina, chefe de Comunicação Institucional e Imprensa do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, em 13 de novembro.
A missão do exercício, que ocorreu entre 17 e 19 de outubro em Pigüé, província argentina de Buenos Aires, teve como objetivo efetuar treinamento operacional de oficiais, graduados e tropas dos diferentes elementos da Força Combinada.

As tropas foram destacadas em cenários onde encontraram problemas típicos que ocorrem durante o desenvolvimento de operações militares de paz, e os grupos são avaliados dependendo de como resolvem as dificuldades. Neste caso, a situação hipotética tratou da ocupação de uma base de nível de subunidade, com seções destacadas realizando atividades como operação de posto de comando, pontos de controle, patrulhas e a formação de um componente de destacamento rápido.
Por exemplo, um ponto de controle operado por capacetes azuis da FPC foi simulado para monitorar uma rota e detectar anomalias. Neste caso, um veículo tentou atravessar o ponto de controle com armas não declaradas e foi apreendido.
Esta situação foi seguida por fatores complexos, tais como a presença de mulheres solicitando asilo e a evacuação aérea de um ferido, para o qual receberam o apoio de um helicóptero Bell UH-1H.
Em uma das atividades, foi implementada uma operação de comboio em movimento e, paralelamente, foi simulada a ação de indivíduos hostis que ameaçavam as forças da ONU e foi iniciada uma operação de helicóptero de inserção de tropas.
Posteriormente, uma reserva de tropas escoltou um comboio que transportava suprimentos alimentares para fornecer assistência humanitária à população afetada nas proximidades de uma zona de conflito.
“A FPC é a segunda Força Combinada do mundo; o outro caso é o da França e Alemanha”, observou o Cel Colombo. Está distribuída em dois batalhões, um de cada país, uma companhia de comando e serviço, um componente aéreo (um esquadrão de helicópteros argentinos e chilenos), um componente naval e uma unidade de apoio logístico combinado.
Caso a ONU ordene a FPC a participar de uma missão de manutenção da paz, ela tem até 90 dias para destacar-se em sua totalidade até o destino. “Esta força surgiu em 2005 como uma iniciativa para fortalecer e cimentar medidas de confiança mútua entre a Argentina e o Chile”, explicou o Cel Colombo.
O final do exercício consistiu no destacamento de uma patrulha de exploração à qual foi designada como missão executar um reconhecimento com um limite de tempo, utilizando veículos de combate. No momento da partida da patrulha, uma mina terrestre foi ativada, causando ferimentos a um de seus membros, motivo pelo qual a área foi protegida e foi efetuada a extração aérea do militar ferido.
A Argentina e o Chile participaram historicamente de operações de paz, como a Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti, e o pessoal das Forças Armadas do Chile integra atualmente o contingente argentino destacado na Força da ONU para a Manutenção da Paz no Chipre.
“Desde a formação da FCP, tem havido um trabalho contínuo de elaboração de documentos, doutrina específica e treinamento em diferentes procedimentos e formas de trabalho, o que faz com que hoje tenhamos um elemento dessas características, apto para ser usado em qualquer lugar do mundo, caso a ONU o determine”, concluiu o Cel Colombo.