Um ventilador pulmonar que pode salvar a vida de pacientes infectados com a COVID-19 está sendo desenvolvido pela Marinha do Brasil (MB), em parceria com a Universidade de São Paulo (USP).
O projeto técnico e a produção do protótipo dos respiradores foram concebidos e aperfeiçoados pelos engenheiros integrantes do Projeto de Desenvolvimento da Planta Nuclear Embarcada do primeiro submarino brasileiro com propulsão nuclear.
Já foram concluídas as fases de fabricação de dez protótipos e do modelo que se consolidou como o primeiro dos respiradores. “No momento, a USP, com o apoio da MB, empreende esforços para adquirir os últimos componentes críticos e insumos, bem como submeter o equipamento a testes e avaliações das autoridades competentes”, informou a MB através de sua assessoria.
Uma vez obtida a homologação, a fabricação em escala vai acontecer nas instalações do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), organização militar que fica dentro do campus universitário da USP. Esse é o mesmo local que abriga o programa nuclear da MB. A estimativa inicial é que o CTMSP tenha capacidade para produzir entre 25 e 50 ventiladores pulmonares por dia.
O respirador emergencial, batizado com o nome de Inspire, utiliza exclusivamente tecnologias brasileiras e tem um custo de cerca de R$ 2.000,00 (US$ 402,00), bem abaixo do valor dos respiradores comercializados no Brasil. Além disso, tem a vantagem de que cada unidade pode ser produzida em até duas horas.
“Ter a oportunidade de participar desse projeto é motivo de orgulho para todos nós, porque a missão da Marinha é proteger os brasileiros”, afirmou o Vice-Almirante da MB Noriaki Wada, diretor do CTMSP. “A USP e a Marinha completam 64 anos de uma longa e produtiva parceria. Essa data é ainda mais especial neste momento crítico que estamos vivendo”, ressaltou o oficial.
A parceria entre a MB e a Escola Politécnica da USP durante o período de pandemia inclui também a produção, por parte da universidade, de protetores faciais utilizados como equipamentos de proteção individual. O trabalho da MB é o de fazer esses protetores chegarem aos profissionais de saúde. Até o momento, a MB já concluiu a distribuição gratuita de 3.000 protetores faciais a hospitais públicos.
Outras inovações
Está em desenvolvimento pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), universidade ligada à Força Aérea Brasileira (FAB), uma outra tecnologia voltada para o combate da pandemia. Trata-se de um equipamento que permite a identificação do novo coronavírus no ar. O aparelho é dotado de um filtro capaz de atuar em uma área de até 50 metros quadrados. As amostras de ar coletadas ali são analisadas por um laboratório, que pode apontar a presença do vírus e outros microrganismos. Esse projeto se baseia em uma tecnologia já existente, usada para monitorar nuvens radiológicas e detectar se há radiação.
Enquanto desenvolve o novo equipamento, o ITA concretizou o projeto do lavatório portátil. A estrutura montada sobre rodinhas comporta um tanque com água, quatro pias e sabão líquido. A água é liberada por meio de um pedal, e o sabão por meio de uma alavanca a ser acionada pelo cotovelo.
O lavatório foi criado para ser disponibilizado emergencialmente em locais de difícil acesso à higienização das mãos, mas o objetivo é desdobrá-lo em outras inovações. “Como continuação do projeto, pretende-se estudar tecnologias para criar um sistema de reuso da água, de forma a aumentar a capacidade do lavatório”, explicou a 1º Tenente da FAB Dafne de Brito Cruz, instrutora do Departamento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental do ITA.