Diálogo entrevistou o General de Brigada Steven Ortega, comandante da Força de Defesa de Belize, durante a Conferência de Segurança Centro-Americana 2021, na Cidade do Panamá, nos dias 22 e 23 de junho.
Diálogo: Quais são as principais preocupações de Belize quanto à segurança?
General de Brigada Steven Ortega, comandante da Força de Defesa de Belize: O crime transnacional é uma preocupação, pois descobrimos que há vários jatos suspeitos do narcotráfico pousando em Belize, e isso se deve a que nossos vizinhos, Honduras e Guatemala, estão aumentando seus esforços para impedir esses pousos; assim sendo, os narcotraficantes buscam um ponto mais fraco para suas atividades ilícitas. Atualmente, nós somos esse ponto fraco, mas estamos tentando combater o problema. Outra grande preocupação é a situação econômica por causa da pandemia. A economia de nosso país se baseia em grande parte no turismo e, devido ao fechamento da indústria turística por um ano, nossa economia basicamente desmoronou. Além disso, os efeitos da mudança climática também preocupam, como vimos no ano passado; tivemos enchentes severas em consequência dos furacões.
Diálogo: Qual a extensão da cooperação com o México e a Guatemala em relação às ameaças à segurança internacional?
Gen Bda Ortega: Nosso relacionamento com o México é muito bom. Atualmente, oferecemos ao México direitos de sobrevoo, para que possam localizar os voos ilegais e tentar identificar onde eles poderiam pousar, para que estejamos em uma melhor posição de resposta. Realizamos patrulhas combinadas ao longo da fronteira com os mexicanos e está funcionando de maneira excelente; ambos fornecemos patrulhas ao longo de nossa fronteira norte, no rio e até mesmo no mar, com a Guarda Costeira. O México também continua nos apoiando no treinamento e temos uma excelente comunicação com eles anualmente. Realizamos uma reunião operacional e de inteligência com eles, na qual compartilhamos inteligência de alto nível. Mensalmente, ou sempre que for necessário, mantemos comunicações diretas com eles […].
Estamos melhorando nossos esforços com a Guatemala. Por exemplo, em junho [de 2021] nosso primeiro ministro Johnny Briceño visitou o presidente da Guatemala, Alejandro Giammattei, para discutir a colaboração em termos de combate ao crime transnacional e principalmente aos estupefacientes, que estão desembarcando em nossas fronteiras. Isso é algo em que estou trabalhando com as Forças Armadas da Guatemala para vermos como podemos melhor colaborar e aperfeiçoar para uma luta comum.
Diálogo: Os Estados Unidos recentemente doaram equipamentos marítimos e táticos à Guarda Costeira de Belize para melhorar as capacidades operacionais noturnas. Qual é a importância dessa doação?
Gen Bda Ortega: Essa doação ajudará enormemente a Guarda Costeira em seus esforços para combater o crime e patrulhar as águas, porque à noite é quando acontecem os movimentos dos narcotraficantes e outras atividades ilícitas. Com essa doação, os agentes estarão melhor equipados e terão capacidade e aptidão para sair à noite e maximizar nossos esforços. Os equipamentos também nos ajudarão em termos de assistência humanitária e resposta a desastres.
Diálogo: Como a Força de Defesa de Belize trabalha com a Força-Tarefa Conjunta Interagencial Sul (JIATF-Sul), para combater as organizações criminosas transnacionais?
Gen Bda Ortega: Desde o ano passado [2020], temos um oficial de ligação na JIATF-Sul, e agora temos uma representação em tempo integral ali, que poderá aprimorar ainda mais nossa capacidade de compartilhar informações […]. Então, isso melhorou definitivamente nossa capacidade e aptidão ali.
Diálogo: Como a Força de Defesa de Belize promove a integração de gênero?
Gen Bda Ortega: Nós sempre valorizamos a integração de gênero como algo importante na instituição. Atualmente, apenas 10 por cento da força é formada por mulheres, mas estamos tentando aumentar essa participação ainda mais com solicitações específicas, tais como o recrutamento de pilotos mulheres. Colocamos nossas solicitações e anúncios nos jornais, recrutando mulheres que estejam interessadas em unir-se a nós. Já tivemos mulheres destacadas no Haiti como engenheiras ou membros da infantaria, comandantes femininas de companhias. Na realidade, nosso mais recente comandante da unidade de pequenas embarcações era uma mulher, e continuamos a integrá-las em toda a força.