O General de Exército Eduardo Enrique Zapateiro Altamiranda, comandante do Exército da Colômbia, está comprometido com sua luta contra os grupos armados organizados e residuais do país e com a cooperação internacional, para enfrentar as ameaças transnacionais do narcotráfico. Diálogo conversou com o Gen Ex Zapateiro sobre esses temas na sede do Comando do Exército em Bogotá.
Diálogo: Quais são as novas capacidades do Exército da Colômbia para combater os grupos armados ilegais como o Clã do Golfo, o Exército de Libertação Nacional, as dissidências armadas e o narcotráfico?
General de Exército Eduardo Enrique Zapateiro Altamiranda, comandante do Exército da Colômbia: Realizamos diferentes operações e com isso também criamos unidades especiais encarregadas de fazer o controle territorial para, posteriormente, torná-lo um controle institucional do território. Hoje o conceito estratégico é servir como ponte de ligação entre essas áreas remotas, onde é difícil o acesso das instituições com o governo local e estadual, o que colaborou para termos melhores vias e regiões e um país melhor. Operações como a Artemisa, para a proteção do meio-ambiente, e a Horus nos permitiram controlar os corredores de mobilidade da droga desses grupos marginais. Já realizamos muitas operações contra esses líderes, que continuam tentando levar adiante o flagelo do narcotráfico, que continua sendo o denominador comum de todas as ameaças e problemas que temos, não apenas no país, mas também na região, no continente e no mundo. E continuamos trabalhando nessa tarefa com nossos melhores parceiros e amigos, os Estados Unidos e seu Exército.
Diálogo: Quais são as novidades no treinamento sobre os direitos humanos e o direito internacional humanitário?
Gen Ex Zapateiro: Estamos nas escolas de formação, ensinando desde o início do processo desse futuro oficial, suboficial e soldado, para que se capacite e treine sobre direitos humanos e direito internacional humanitário. Além disso, a malha curricular contempla essas questões em cada curso de ascensão ao grau imediatamente superior. Contamos com a Escola de Direitos Humanos e Direito Internacional Humanitário e Assuntos Jurídicos, especializada nessas áreas de formação, que desenvolve cursos de capacitação e especialização, com a finalidade de fortalecer a educação institucional. Hoje, por exemplo, temos novos cenários de aprendizado nas pistas de treinamento, e um desses cenários é o de como devemos nos relacionar e interagir com nossos trabalhadores rurais nas zonas remotas; como deve ser nosso papel como comandantes de pelotão e de batalhão no relacionamento com as diversas comunidades, para proteger e salvaguardar as populações vulneráveis a todo momento.
Diálogo: Qual é o objetivo da criação da Comissão para a Excelência Militar do Exército?
Gen Ex Zapateiro: Essa comissão, que foi formada e integrada por ordem do presidente Iván Duque, foi composta por personagens respeitáveis do país, cuja função foi revisar, orientar e recomendar ao governo nacional os ajustes que considerassem adequados às diversas disposições normativas que, em termos de direitos humanos e direito internacional humanitário, tenham sido expedidas pelas Forças Militares e de Polícia da Colômbia. Eu participei perante a comissão com uma apresentação na qual deixei claro o que era ensinado aos nossos oficiais, suboficiais e soldados nas escolas, tanto de formação, como de capacitação de combate, conhecimentos e práticas a respeito de direitos humanos e direito internacional humanitário. Existem inúmeras histórias de todas as operações que realizamos em toda a extensão do país, onde se respeita essa condição humana do bandido e/ou combatente que se entrega às autoridades; se ele for ferido em combate, nossos enfermeiros o atenderão imediatamente. A Comissão analisou o planejamento de nosso Exército nesse tipo de operações. O relatório que recebemos no final foi muito positivo, pois ele evidencia a forma correta e profissional com que nossos soldados, oficiais, suboficiais, quadros de comando e tropas atuam: com retidão, transparência e cumprindo as normas nacionais e internacionais vigentes no campo de combate.
Diálogo: Que tipo de colaboração e cooperação realizam com o Exército Sul dos Estados Unidos?
Gen Ex Zapateiro: Estamos permanentemente em união e em comunicação com o comandante anterior do Exército Sul, o General de Brigada Daniel Walrath, que entregou o comando em junho de 2021. Eu compareci à cerimônia do novo comandante, o General de Brigada William L. Thigpen, e essa foi a primeira vez na história do Exército dos EUA em que um comandante de exército dos países amigos comparece à cerimônia. Creio que isso fortalece os laços de amizade e o compromisso que temos com os projetos de treinamento. O assessoramento que recebemos nesse momento em todo o território nacional, em cinco forças-tarefa, é muito importante para combater o flagelo do narcotráfico, junto com o grande apoio na criação do CONAT [Comando contra o Narcotráfico e as Ameaças Transnacionais].
Diálogo: A Colômbia pediu uma prorrogação frente à Convenção de Ottawa para limpar o país de minas antipessoais até 2025, sob o plano operacional de retirada humanitária de minas. Quais são os progressos até o momento?
Gen Ex Zapateiro: Já entregamos 29 municípios totalmente livres de qualquer contaminação de minas antipessoais e estamos acrescentando 11 mais. Temos a brigada de retirada humanitária de minas e vamos crescer. Temos uma equipe com as Nações Unidas e queremos fortalecer os esforços de retirada humanitária de minas para chegarmos a outras partes do mundo e colaborar com nosso conhecimento nesse tipo de guerra contra as minas antipessoais. Estamos cumprindo nossas obrigações com o país. Pudemos ver que o governo já entregou novamente as terras aos cidadãos que foram despojados dessas terras contaminadas.