O Exército Brasileiro (EB) promoveu em fevereiro de 2021 um treinamento de selva para uma subunidade do 15º Batalhão de Infantaria da África do Sul, tropa que integra a Brigada de Intervenção na Missão das Nações Unidas de Estabilização da República Democrática do Congo (MONUSCO, em francês). Criada em julho de 2010, a MONUSCO tem a missão de proteger civis e entidades, além de fortalecer as instituições, contribuir para o processo de estabilização e consolidar a paz no Congo, marcado historicamente por conflitos e guerras civis.
“Esta foi uma iniciativa pioneira da ONU e do Brasil. O Brasil possui uma equipe de 13 oficiais e sargentos destacados na República Democrática do Congo, fornecendo treinamento especializado em operações na selva para tropas da MONUSCO”, disse o EB por nota à Diálogo.
Os 13 instrutores, dos quais 11 são do EB, um da Marinha do Brasil (MB) e um da Força Aérea Brasileira (FAB), formam a Equipe Móvel Especializada em Operações na Selva. Os profissionais receberam orientação técnica no Centro de Instrução de Guerra na Selva, estabelecimento de ensino do EB em Manaus, Amazonas, referência internacional em operações na selva e cuja expertise é requisitada por outras forças armadas e nações amigas.
“Cabe destacar que os grupos armados neste país africano utilizam a floresta para desenvolver ações contra a população civil. Logo, os ensinamentos passados visam combater estes grupos armados”, acrescentou o EB.
Os treinamentos tiveram início em 2019. Foi a primeira vez na história das Nações Unidas que uma equipe com essa especialidade foi empregada para conduzir um treinamento nas tropas em área de conflito. Desde então, os treinamentos têm sido promovidos de forma contínua na modalidade “treinando os treinadores”, ou seja, quem passa pelo treinamento está preparado para treinar outros.
São quatro módulos de treinamento realizados em quatro semanas, sendo duas de técnica na selva, uma de planejamento e execução de patrulhas na selva e uma última com um treinamento de reforço de base no interior da selva. São ministrados ainda instruções de navegação, patrulhas, caixão de areia (utilização de areia para montar modelos topográficos para visualização da área e das sequências de ações da missão), reação ao contato com o inimigo e deslocamento tático no ambiente de selva.
O EB afirma que após a conclusão deste módulo com o 15º Batalhão de Infantaria da África do Sul, previsto para ser encerrado em abril, a equipe irá iniciar o treinamento para as tropas do Malawi e depois para as tropas da Tanzânia. A equipe brasileira fica três meses com cada tropa, tempo suficiente para levar o treinamento às subunidades dos batalhões de cada uma delas.
“A grande importância desta missão é que os conhecimentos brasileiros em operações na Selva estão atualmente a serviço da paz mundial. Além disso, ratifica o nível de excelência e eficácia da doutrina brasileira em operações na selva”, ressalta o EB.