O presidente russo Vladimir Putin e seu homólogo cubano Miguel Díaz-Canel reuniram-se em 22 de novembro de 2022 em Moscou, para fortalecer suas relações políticas e comerciais, segundo o diário colombiano El Tiempo.
“Cuba é o principal operador da Rússia nas Américas”, disse à Diálogo Carlos Sánchez Berzaín, diretor do think tank Instituto Interamericano para a Democracia (IID), de Miami, em 9 de dezembro. “Representa sua principal plataforma em termos de propaganda, desinformação, inteligência e em seu apoio aberto tanto em reuniões regionais quanto na Organização das Nações Unidas (ONU).”
Putin, que enviou tropas para a Ucrânia em fevereiro de 2022, disse que “a Rússia e a União Soviética apoiaram Cuba em sua luta pela soberania” e que, “com base na amizade e nas condições contemporâneas”, devem fortalecer a cooperação que têm.
Mais de 140 países dos 193 membros da ONU condenaram a invasão russa da Ucrânia, relata o jornal mexicano Reforma. No entanto, Díaz-Canel também reiterou seu apoio a Putin pela anexação de territórios ucranianos e prometeu pagar as dívidas que o Kremlin suspendeu à ilha até 2027, informou o diário espanhol El País.
“A Ucrânia está sendo atacada por uma aliança de Estados associados à Rússia, que são contra a democracia liberal, o Estado de direito e a atração de sociedades abertas sobre as populações de seus respectivos países”, disse ao IID o cubano Juan Antonio Blanco, ex-diplomata da ONU e especialista em negociação e resolução de conflitos.
Projetos conjuntos
Na reunião, Putin declarou que eles têm um plano de cooperação mútua até 2030, um grande número de projetos conjuntos para realizar, bem como a oportunidade de analisar o que já foi feito e o que precisa ser feito nas condições complexas atuais, de acordo com a rede de notícias europeia Euronews.
De acordo com Sánchez, “a Rússia não tem como ajudar Cuba. A Rússia é um país em crise econômica […]. O que está acontecendo é que ambos têm saudade da época da União Soviética, que praticamente manteve a ditadura cubana até que a União Soviética implodiu”, disse.
“Cuba basicamente foi pedir [ao Kremlin] embarcações nas quais possa produzir energia elétrica, para tentar manter Havana abastecida com eletricidade, porque os povoados ou as cidades do interior têm uma crise total de falta de energia elétrica”, declarou.
Asfixia econômica
Os Estados Unidos sancionaram mais de uma dúzia das principais instituições financeiras russas, incluindo o Banco Central da Rússia e o Fundo Nacional de Investimento, em resposta à invasão russa da Ucrânia, informa na internet a plataforma dos EUA, Voz da América.
No entanto, “estas não deveriam ser apenas sanções aplicadas pelo governo dos EUA, mas pelo mundo inteiro, para pressionar as ditaduras em Cuba, Venezuela… a cessarem. Para que isso aconteça, eles devem ser economicamente sufocados e efetivamente retirados do mercado econômico mundial”, acrescentou Sánchez.
Impacto negativo
Sánchez comentou que a relação russo-cubana “tem um impacto muito negativo”, porque equipou a Venezuela com aeronaves, equipamentos de artilharia e armas de agressão.
Ele também destacou que, nesta relação, “a Rússia vem com o Irã”, fornecendo mísseis e armas para a guerra de invasão da Rússia contra a Ucrânia. Isto permite “a penetração [de Teerã] em […] toda a América, incluindo os Estados Unidos, atacando a liberdade e a democracia”, especificou.
Derrotadas
A curto prazo, “a ditadura de Cuba vai perecer e a ditadura de Putin tem graves problemas com a burguesia”, comentou Sánchez. Em todas as ditaduras, a resistência civil está em curso e o processo de revolução da comunicação do século 21, onde tudo é conhecido em tempo real, é contra a própria natureza das ditaduras, destacou.
“As ditaduras acabarão sendo derrotadas […], porque todas elas têm problemas. Todas têm um povo confrontado exigindo liberdade e um mundo que está observando e denunciando a violação dos direitos humanos”, concluiu Sánchez.