Michael Soto Rojas, ministro da Segurança Pública da Costa Rica, participou da Conferência de Segurança Centro-Americana (CENTSEC, em inglês) 2020, no dia 14 de julho, que pela primeira vez foi realizada de forma virtual. Diálogo conversou com o ministro Soto sobre a conferência e o papel da Costa Rica na luta contra o narcotráfico.
Diálogo: Qual é a importância da participação da Costa Rica na CENTSEC?
Michael Soto Rojas, ministro da Segurança Pública da Costa Rica: A CENTSEC nos permite ouvir os colegas e ministros encarregados da segurança sobre as estratégias que suas forças de segurança utilizam para enfrentar a pandemia do coronavírus. Isso é importante, porque ouvimos as boas práticas que eles executam, para que possamos utilizar o que for proveitoso para nós, de acordo com nossa realidade, e implementá-lo. Além disso, nossa participação é importante, porque temos um tema central em nossa relação com o Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM), que é a luta contra o narcotráfico.
Diálogo: O senhor acha que os narcotraficantes aproveitam a pandemia global para realizar operações de drogas ilícitas?
Ministro Soto: Os serviços de segurança de cada um dos países estão muito envolvidos na assistência durante a pandemia, especialmente em relação aos serviços de saúde, sem deixar de lado a segurança do território e a restrição de circulação de veículos, entre outras responsabilidades; mas isso pode ser aproveitado pelas organizações criminosas para gerar movimentações, sobretudo envolvendo drogas.
Reforçamos a fronteira terrestre da Costa Rica com a Nicarágua e o Panamá e nossas embarcações foram posicionadas na fronteira marítima com o Panamá. Estamos começando a ver mais alertas regularmente, como era o normal antes da pandemia; parece que as estruturas criminosas estão desesperadas para levar seus produtos para o norte. É aqui que a coordenação entre os países se torna importante, e temos operações onde estamos articulados com a Colômbia, os Estados Unidos e o Panamá, visando obter resultados positivos.
Diálogo: A Costa Rica conseguiu resultados históricos nas apreensões de drogas durante o primeiro trimestre. A que se devem esses resultados?
Ministro Soto: Os corpos de segurança da Costa Rica foram reforçados e há uma coordenação em equipe no âmbito regional. Os resultados são positivos devido a esse trabalho em equipe e à capacitação que nos foi proporcionada pelas diferentes forças de segurança dos Estados Unidos ao longo dos anos. Nós também compartilhamos capacitação com a Colômbia e o Panamá. Quando eu analiso os dados que o SOUTHCOM passa sobre o Triângulo Sul, eu os interpreto como um trabalho em equipe, pois muitas vezes, por exemplo, começamos uma perseguição no Panamá e então nós fazemos a interdição.
Nossas conquistas também se devem ao aperfeiçoamento do recurso aéreo e aquático, especialmente quanto à interceptação. Os resultados do ano passado, por exemplo, foram históricos em confiscos de cocaína e maconha, pois alcançaram quase 40 toneladas e, nesse momento, estamos perto de 25 toneladas.
Diálogo: Que tipos de operações combinadas a Costa Rica realiza com os países da região e com os Estados Unidos para derrotar as organizações criminosas transnacionais?
Ministro Soto: A Costa Rica participa de diferentes operações como a Orion, liderada pela Colômbia, e de outras lideradas pelos Estados Unidos, além de nossas próprias operações. Essas iniciativas são coordenadas através do Centro de Operações Conjuntas, que opera 24/7 com membros dos diferentes corpos de polícia do país, e onde se coordena o intercâmbio de informação com os demais países.
Diálogo: Qual o tipo de treinamento que a Polícia de Controle de Drogas (PCD) realiza para enfrentar as ações do narcotráfico?
Ministro Soto: A PCD é uma polícia de investigação criminal, que identifica a fundo uma estrutura criminosa transnacional com ramificações no país. Ela tem uma coordenação muito estreita com o Panamá, a Colômbia e outros países a nível internacional, inclusive com a Europa.
Diálogo: Quais as ações que a Costa Rica realiza para apoiar a população na crise da pandemia?
Ministro Soto: Na pandemia, as forças de segurança assumem um enfoque de apoio aos serviços de saúde, sociais, de segurança do cidadão e de assistência em geral. Por exemplo, distribuímos alimentos, ajudamos na assistência humanitária, em termos gerais, com nossas embarcações e aeronaves para transportar pacientes, e ajudamos a fechar algumas comunidades consideradas ‘cluster’ [grupo] de contágio.