“A improvisação nunca é bem-sucedida”, é uma frase que poderia resumir a Cúpula de Vigilância Costeira e Segurança Marítima da Bacia do Caribe (CABSEC) e a Cúpula de Segurança Sul-Americana (SAMSEC) 2022. A declaração foi feita pelo Contra-Almirante Exón Ascencio, subcomandante do Comando Conjunto das Forças Armadas de El Salvador, durante sua apresentação no evento realizado nos dias 8 e 9 de novembro, em Doral, Flórida. O C Alte Ascencio se referia à luta contra o narcotráfico, um problema comum em todos os países participantes.
“Devemos sempre planejar. Com cada grama de cocaína que capturamos, estamos salvando vidas. Ao planejar sempre e intercambiar inteligência e informações de forma mais ampla, isto serve não apenas quando o assunto é combater o flagelo do narcotráfico, mas também para os outros problemas comuns à maioria dos países da América Latina e do Caribe”, acrescentou o C Alte Ascencio. “Em outras palavras, combater a migração em massa, o tráfico de armas, as gangues e quadrilhas, o tráfico de pessoas, a lavagem de dinheiro e a corrupção.”
O principal objetivo das conferências CABSEC/CAMSEC é servir como um fórum para análises de alto nível entre líderes seniores envolvidos com a segurança marítima na América Latina e no Caribe. Estes fóruns combinados proporcionaram este ano um valioso ponto de encontro para a comunidade de segurança marítima no hemisfério ocidental, reunindo ministros, chefes de defesa, comandantes de diferentes marinhas e guardas costeiras, forças de manutenção da ordem pública, diplomatas, especialistas em aquisições, diretores de estaleiros nacionais, assim como representantes de empresas fabricantes de equipamentos militares de várias partes do mundo.
Restrições da COVID
Este ano marca a primeira vez que o evento é realizado de forma presencial desde 2019, devido às restrições pandêmicas da COVID. “Desde a última vez que nos reunimos fisicamente neste fórum, vimos e experimentamos lembretes austeros das ameaças multifacetadas à defesa e à segurança no mundo. Estas variam desde fenômenos naturais, incluindo os climáticos e biológicos, até circunstâncias criadas pelo homem, incluindo a busca de benefícios ou a ideologia que promove indivíduos super poderosos e Estados que perseguem a hegemonia e são impacientes com o direito internacional”, disse o General de Divisão (R) Rocky Meade, ex-chefe do Estado-Maior da Defesa da Jamaica (2016-2022), e presidente da CABSEC/SAMSEC. “Sabemos, espero, que esta região não é imune nem mesmo à mais incomum ou atípica dessas ameaças. É incrível ter esta oportunidade de encontrar-me novamente frente a frente com os líderes regionais de defesa e segurança e com os principais protagonistas da indústria”, concluiu.
Também foram analisadas soluções para conciliar as questões técnicas com tarefas operacionais e restrições orçamentárias, de modo que as diversas marinhas possam cumprir melhor suas missões. “A construção de um único navio em meu país envolve mais de 80 empresas, gerando milhares de empregos”, disse o Contra-Almirante Enrique Arnáez, diretor de projetos navais da Marinha de Guerra do Peru.
Novas rotas para a Europa
O Comissário Martín Arias, vice-ministro de Segurança Pública da Costa Rica e diretor geral do Serviço Nacional de Guarda-Costas, explicou que houve um aumento do tráfico ilegal de drogas em seu país, devido à criação de novas rotas de transbordo para a Europa.
“O uso de tecnologia de ponta é importante, mas também tem que haver maior parceria e corresponsabilidade entre os países para combater as novas ameaças, porque os traficantes de drogas e os terroristas estão constantemente mudando suas táticas”, disse o Comissário Arias. “A Europa também tem que fazer mais, como nós estamos fazendo em nossa região.”
As apresentações multidisciplinares também foram uma boa fonte de conhecimento sobre novos projetos e desenvolvimentos na indústria de construção naval, incluindo plataformas, seus sensores e sistemas de armamento. Mas também serviram como uma oportunidade para os apresentadores mostrarem a atual situação de segurança, ou a falta dela, em suas nações.
O ex-primeiro-ministro do Haiti, Laurent Lamothe (2012-2014), disse que seu país está passando “pelo momento mais perigoso de sua história moderna”. Ele acrescentou: “Não precisamos de uma nova MINUSTAH – apesar de acreditar que eles acabarão enviando outra força de paz da ONU para o Haiti –, mas de um pequeno exército altamente especializado, com o apoio da comunidade internacional.”
A Contra-Almirante Antonette Wemyss Gorman, chefe da Força de Defesa da Jamaica, prefere concentrar-se na educação e no treinamento, principalmente entre os mais jovens. “O treinamento local terá um impacto global”, disse a C Alte Wemyss Gorman.
Ou, como resumiu o chefe do Estado-Maior da Defesa da Força de Defesa de Trinidad e Tobago, General de Brigada Darryl Daniel, “devemos sempre procurar fortalecer nossas relações, pois nenhum país está em condições de resolver esses problemas sozinho”.