O ministro da Defesa da Colômbia Diego Molano acusou a Venezuela, no dia 3 de abril [de 2021], de atuar como “cúmplice” de grupos de narcotraficantes colombianos nos fortes combates que levaram milhares de pessoas a cruzar a fronteira e refugiar-se na Colômbia.
“O que está acontecendo na Venezuela é que lentamente o narcotráfico está tomando conta do país […] em conivência com as forças bolivarianas e o regime de Nicolás Maduro”, disse Molano em uma entrevista ao jornal colombiano El Tiempo.
Na última semana, cerca de 5.000 pessoas cruzaram a fronteira para o município colombiano de Arauquita buscando refúgio dos fortes combates entre a força pública venezuelana e um grupo armado colombiano. Algumas dessas pessoas denunciam execuções extrajudiciais de civis pelos venezuelanos em uniforme.
Os combates deixaram nove “terroristas” mortos, 39 detidos e quatro militares falecidos, segundo o balanço oficial das autoridades venezuelanas. Maduro reconheceu a possibilidade de que dissidentes da guerrilha FARC [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia], que se dissolveu após a assinatura da paz em 2016, estejam envolvidos nos confrontos.
No entanto, de acordo com Molano, os militares venezuelanos atacaram “de forma cúmplice e seletiva apenas as dissidências” lideradas por um ex-combatente das FARC conhecido como Iván Mordisco, na tentativa de favorecer outro grupo liderado pelo ex-dirigente dessa guerrilha, Iván Márquez, que se afastou em agosto de 2019 do histórico acordo de paz que pôs fim a mais de meio século de conflito armado.
O titular da pasta da Defesa acusou o governo venezuelano de se aliar ao grupo de Márquez e à última guerrilha reconhecida da Colômbia, o Exército de Libertação Nacional, para ter “unidade de comando” nas rotas do narcotráfico através da fronteira de 2.200 quilômetros entre os dois países.
“O objetivo das operações naquele lugar não é a proteção da fronteira, é a proteção do negócio do narcotráfico”, acrescentou Molano.
O presidente da Colômbia, Iván Duque, acusa Maduro de proteger esses grupos armados em seu território. Caracas nega essas acusações e responsabiliza Bogotá pela violência por ter abandonado a fronteira.