O governo do Chile acelera seu programa espacial com um novo Sistema Nacional de Satélites. O projeto, anunciado em outubro pelo presidente do Chile Sebastián Piñera, incluirá o lançamento de três satélites e disponibilizará, ao mesmo tempo, três estações terrestres para a recepção de dados e informação.
A iniciativa, liderada pela Força Aérea do Chile (FACh), coordena e integra as atividades do Ministério da Defesa, da FACh e do Ministério de Ciências, para promover a pesquisa científica, o desenvolvimento de indústrias nacionais e também para apoiar os sistemas de busca e resgate, a vigilância marítima, a proteção dos recursos naturais, o monitoramento do clima e do meio-ambiente.
“Essa rede de três satélites nos permitirá observar a terra e nosso país com uma vasta gama espectral, não apenas visual, mas também com infravermelhos. Além disso, sua órbita estará sob o controle soberano de nosso país”, disse Piñera à imprensa.
“Com esses novos satélites, ‘poderemos atravessar as nuvens’ para analisar com diversos níveis de frequência as imagens capturadas, até mesmo detectar objetos que tenham uma dimensão maior do que um metro, como também saber se possuem emissões calóricas, ou se são matéria orgânica ou inorgânica, por exemplo”, disse à Diálogo o Coronel Claudio Alcázar, chefe de Comunicações da FACh.
O primeiro dos três satélites será lançado no espaço e estará operacional no prazo de um ano, e substituirá as funções do satélite Fasat-Charlie, que já encerrou sua vida útil, informou o jornal chileno La Tercera. Lançado em 2011, o Fasat-Charlie colocou o Chile na vanguarda da presença espacial na América Latina. Entretanto, o país logo ficou atrás, perdendo espaço para o Peru, a Bolívia e até a Venezuela, disse ao jornal Héctor Gutiérrez, presidente da Associação Chilena do Espaço.
O projeto também prevê a fabricação e o lançamento de dois novos satélites, um dos quais será construído no Chile. Os três satélites formarão a constelação nacional de satélites. A informação recebida por esses aparelhos também será complementada com o acesso a outras constelações de satélites, explicou o Brigadeiro de Força Aérea Francisco Torres, diretor de Assuntos Espaciais da FACh.
“É essencial que nosso país possua autonomia com a informação capturada através de satélites próprios […]. Ao mesmo tempo, é importante estabelecer convênios com outros países que têm seus satélites sobre o Chile, quando os nossos estão situados em outras partes do mundo”, disse à Diálogo o Brig Torres.
Para a recepção da informação desses satélites, haverá três estações terrestres localizadas em Antofagasta, Santiago e Punta Arenas, que fornecerão a informação e os dados a um centro de processamento avançado de dados geoespaciais. O centro de operações ficará na Base Aérea Cerrillos da FACh, em Santiago.
O novo sistema também permitirá a criação de sete microssatélites com a participação do setor de defesa, do mundo acadêmico e da indústria nacional, para contribuir para o desenvolvimento tecnológico do Chile.