A Promotoria-Geral da Colômbia apreendeu bens avaliados em US$ 9,8 milhões de Alex Saab, empresário colombiano e testa de ferro de Nicolás Maduro, publicou a CNN no dia 17 de outubro de 2020. As autoridades confiscaram dois imóveis em Barranquilla e Cartagena e três empresas utilizadas por Saab para lavar dinheiro, acrescenta o artigo.
“Ao que parece, [as empresas] eram utilizadas para lavagem de dinheiro de uma organização criminosa, pois ficou evidente que foram criadas como fachada por pessoas ligadas a Alex Saab, já que não teriam capacidade financeira nem patrimonial, e ainda assim aumentaram seus ativos desproporcionalmente”, informou a Promotoria colombiana por Twitter no dia 16 de outubro, declarando: “#Promotoria realiza investigações contra Alex Naim Saab Morán por suposta lavagem de dinheiro, enriquecimento ilícito, exportação ou importação fictícia e conspiração para cometer crime”.
A relação de Saab com Maduro é diretamente marcada pelas caixas de alimentos dos Comitês Locais de Abastecimento e Produção (CLAP). Os CLAP são bolsas de alimentos que são vendidas aos venezuelanos registrados nos comitês do chavismo. Os que recebem as bolsas não podem escolher os alimentos, pois elas são preparadas com antecedência; tampouco podem decidir os prazos para ter acesso às mesmas.
Como explicou dos Estados Unidos à Diálogo o venezuelano Mariano de Alba, advogado especialista em Direito e Relações Internacionais, o sistema de ajuda foi utilizado pelo chavismo para fazer negócios com preços superfaturados e lavar dinheiro. Saab foi um dos empresários mais importantes nessa estrutura de corrupção.
“Boa parte do sistema de importação de alimentos [para a Venezuela] se tornou um esquema mafioso. Tudo começa quando os contratos de importação de alimentos são adjudicados a pessoas próximas ao governo, as quais os vendem com preços superfaturados, obtendo um lucro econômico por sua lealdade”, disse De Alba. “Entretanto, as coisas não param ali. Quando os alimentos finalmente chegam à Venezuela, o esquema inclui determinar onde os alimentos serão distribuídos, de acordo com a afinidade política com o governo da região e seus habitantes, além de subornos a funcionários públicos e militares para transportar ou entregar os alimentos.
Outras apreensões
O jornal colombiano El Tiempo informou no dia 14 de setembro que autoridades dos EUA congelaram US$ 700 milhões de Saab, de contas localizadas no principado europeu de Liechtenstein. O Departamento do Tesouro dos EUA sancionou Saab em julho de 2019 e o Departamento de Justiça o investiga por lavagem de dinheiro desde aquele mesmo mês.
Saab está preso na república africana de Cabo Verde desde o dia 12 de junho. Ele foi detido devido a um alerta vermelho da Interpol. No final daquele mês, os Estados Unidos solicitaram a extradição do colombiano para processá-lo legalmente. No entanto, o processo se estendeu e Saab continua na pequena ilha.
De Alba explica que os vínculos de Saab com o chavismo não estão presentes apenas nos CLAP, pois o empresário se tornou uma figura muito importante para os negócios obscuros de Maduro.
“Há indícios de que Saab não seria apenas o principal operador financeiro do regime, mas também o testa de ferro pessoal de Maduro, que o utilizava como um veículo direto para o desvio de fundos, tendo Saab que repassar a Maduro uma parte do sobrepreço cobrado ao Estado venezuelano. A relação é tão íntima que quando Saab foi detido, o governo venezuelano, surpreendentemente e sem jamais haver dito nada a respeito, tentou argumentar [imunidade] porque ele seria um representante diplomático do Estado venezuelano”, concluiu.