A Rússia se torna mais agressiva à medida que os piratas da informática lançam mais ataques cibernéticos contra países democráticos, como Estados Unidos, Ucrânia e Reino Unido. No dia 14 de janeiro de 2022, a Ucrânia acusou as “tropas cibernéticas” russas de estarem por trás do ataque cibernético massivo contra várias de suas agências governamentais, relatou a Voz da América.
O ataque atingiu diversos ministérios ucranianos, incluindo o Conselho de Segurança e Defesa e o Gabinete de Ministros, mantendo-os fora do ar temporariamente durante várias horas, com mensagens ameaçadoras contra os leitores. “Tenham medo e esperem o pior”, afirmou a Voz da América.
O Serviço de Segurança da Ucrânia (SSU) declarou em um comunicado que mais de 70 sites estatais foram atacados, com interferência em 10 deles. “Há indícios da participação de grupos piratas de informática associados com os serviços especiais russos no incidente”, garantiu.
O programa maligno WhisperGate, lançado recentemente contra a Ucrânia, se alinha às táticas russas, relatou a revista norte-americana MIT Technology Review, no dia 21 de janeiro. “Essas ofensivas de hackers podem se expandir em nível mundial”, advertiu.
O ataque lembrou as muitas ferramentas utilizadas pelo presidente russo Vladimir Putin para enfraquecer a Ucrânia; a Rússia realiza seus esforços militares com táticas como ataques cibernéticos, desinformação e propaganda, com o objetivo de exacerbar as tensões políticas e abalar a fé dos ucranianos em seu governo e na própria democracia, informou a revista norte-americana Politico, no dia 16 de janeiro.
A SSU declarou que conseguiu conter mais de 2.000 ataques cibernéticos contra os recursos eletrônicos do governo e a infraestrutura estratégica essencial em 2021. Vários atacantes eram membros do grupo hacker Armageddon, controlado pelo Serviço Federal de Segurança da Rússia.
Força bruta
A Rússia tem um longo histórico de operações cibernéticas agressivas contra a Ucrânia, algumas delas dirigidas inicialmente a empresas privadas ucranianas, que causaram estragos em nível mundial, como o ataque cibernético NotPetya, de 2017, prossegue o relatório da MIT Technology Review. Em 2015 e 2016, os piratas de informática russos atacaram a rede elétrica ucraniana, acrescentou.
Os hackers russos também são responsáveis pela “intromissão nas eleições presidenciais norte-americanas e francesas e pela interferência de hackers na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, após a controvérsia sobre o doping de russos que excluiu o país dos jogos”, disse a revista.
Os Estados Unidos e o Reino Unido advertiram em junho de 2021 que a inteligência militar russa realiza uma campanha de “força bruta cibernética” desde 2019 contra organizações privadas e entidades governamentais, informou a Voz da América.
Outras nações, como a Colômbia, também estão enfrentando importantes ataques cibernéticos.
Em janeiro de 2021, o governo colombiano denunciou um ataque cibernético contra vários sites, supostamente realizados desde a Rússia, “para obter informações sobre infraestrutura, setor energético e setor petrolífero”, informou o jornal colombiano El Nacional. Moscou rechaçou as acusações da Colômbia em um comunicado.
Desestabilizar o sistema global
O relatório anual de Defesa Digital da Microsoft 2021 diz que “58 por cento de todos os ataques cibernéticos observados pela Microsoft a partir de estados-nações vieram da Rússia […]. Os três principais países contra os quais se dirigiram os atores do estado-nação russo foram os Estados Unidos, a Ucrânia e o Reino Unido”, acrescentou o documento.
A Rússia nega o uso de armas cibernéticas de maneira ofensiva, mas Putin já disse que “os piratas informáticos patrióticos” podem assumir a responsabilidade de defender online os interesses do país, disse o site de notícias da Bloomberg.