A Colômbia permanece em estado de alerta diante da possibilidade de que as eleições presidenciais de 29 de maio possam ser manipuladas por interferência estrangeira. Os governos da Colômbia e dos EUA estão cooperando para evitar isso, indicou a Radio Cadena Nacional (RCN) da Colômbia, em 26 de abril.
“Estamos preocupados […] com a possível intervenção de outros países nas eleições. Estamos trabalhando com o governo, com todas as autoridades competentes, para evitar tal intromissão na campanha”, disse o embaixador dos EUA na Colômbia, Philip Goldberg, ao site BlueRadio, durante a assinatura, em 26 de abril, de um acordo de cooperação entre os dois países para beneficiar as crianças colombianas.
“Internacionalmente, está claro que a Rússia interveio ilicitamente nas eleições de 2016 nos EUA e na votação do BREXIT no Reino Unido”, disse à A24 News Agency Jairo Libreros, um acadêmico de Segurança e Política Pública da Universidade Externado de Bogotá. “O que se espera no caso colombiano é que tenhamos a oportunidade de detectar esse tipo de atos que, […] tecnologicamente, são muito difíceis de manejar.”
A Colômbia está em estado de alerta, desde o presidente com a cúpula militar, até a Polícia e a diretoria de inteligência, disse a vice-presidente e ministra das Relações Exteriores da Colômbia, Marta Lucía Ramírez. “Sabemos o que aconteceu em outros países e não queremos que isso se repita no nosso.”
O que está em jogo nas próximas eleições na Colômbia não só afeta aqueles que vivem no país, mas também se torna um motivo de interesse geopolítico para aqueles que querem controlar a região, publicou o diário colombiano El Tiempo.
Atores internacionais
Segundo a RNC, o Coronel Dmitry Vladimirovich Tarantsov, especialista em espionagem cibernética a serviço do Kremlin, que está na Colômbia como adido militar da Embaixada da Rússia desde 2019, foi um dos agentes russos que interferiram nas eleições presidenciais dos EUA de 2016, enquanto se encontrava em missão diplomática.
Além disso, a inteligência colombiana detectou um espião venezuelano que fingia ser um treinador de futebol para fotografar as instalações do Exército e da Polícia da Colômbia. Jeiker Valencia Sánchez, conhecido como El Gato, foi preso e deportado em 7 de abril, informou o Panam Post na Internet. Esse espião venezuelano entrou no país em 2018.
“Nós sabemos sobre a relação direta que existe entre a Rússia e a Venezuela […]. Estamos muito atentos, cuidando de todas as nossas fronteiras físicas e, em termos de tecnologia, da interferência e interceptação de nossos sistemas de comunicação”, disse a ministra Ramírez à revista colombiana Semana.
De acordo com Blu Radio, o Ministério da Defesa detectou contas falsas e enganadoras divulgando informações sobre as eleições na Colômbia, provenientes de Bangladesh, México e Venezuela. A Rússia rejeitou as alegações de uma suposta campanha para interferir nas eleições presidenciais de maio.
A organização de verificação de dados Colombiacheck indicou que o país está testemunhando uma “explosão de desinformação” relacionada ao aparecimento de centenas de sites de notícias falsas que visam influenciar as eleições presidenciais, informou o diário colombiano El Pulzo.
Em toda a América Latina, 70 por cento dos cidadãos não conseguem identificar corretamente se uma notícia é verdadeira ou falsa, acrescentou El Pulzo. A Colômbia e os Estados Unidos estão cooperando em segurança cibernética “porque a tecnologia mal utilizada, sem dúvida, é um fator de destruição da democracia”, ressaltou a ministra Ramírez ao site colombiano LAFM.
“Os colombianos têm que decidir quem será seu presidente.” É o processo democrático que nós e outros países democráticos apoiamos. Temos a intenção de continuar trabalhando com a Colômbia nas tarefas que nos unem como países democráticos”, concluiu o embaixador Goldberg ao canal de televisão Tele Antioquia Noticias, em 29 de abril.