A crise na Venezuela, que já obrigou mais de 4,5 milhões de pessoas a abandonarem o país, afeta particularmente as mulheres.
De acordo com Tatiana Bertolucci, diretora regional da agência humanitária CARE, as “mulheres e meninas” são mais vulneráveis, tanto dentro da Venezuela, como quando migram para outros países da região.
“Essa crise é uma grande crise de gênero”, disse a especialista, no dia 10 de março, durante um evento organizado pelo Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais.
Da falta de acesso à saúde, durante a gravidez, a uma maior prevalência da violência sexual e doméstica, as mulheres venezuelanas estão expostas a uma série de fatores diferentes aos dos homens.
“Só as mulheres podem engravidar, e a falta de acesso aos contraceptivos e uma deficiência no cuidado materno as afetam em particular”, enfatizou Laura Aragón, subdiretora da Fundação Pan-Americana para o Desenvolvimento.
Entre 2015 e 2016, a taxa de mortalidade materna na Venezuela aumentou 65 por cento, segundo dados da Anistia Internacional.
Diante da precariedade do sistema de saúde em seu país, muitas venezuelanas decidem dar à luz em países vizinhos, como a Colômbia, onde já se refugiaram mais de um milhão de venezuelanos que fogem da situação em seu país.
No hospital Erasmo Meoz, na cidade fronteiriça de Cúcuta, 2.100 mulheres venezuelanas deram à luz em 2017.
“Enquanto vemos que essa crise se agrava, também aumenta a vulnerabilidade” das mulheres, concluiu Rebecca Alvarado, encarregada da resposta do Departamento de Estado dos EUA à migração venezuelana.